O Grupo de Cantares da Universidade Sénior das Caldas da Rainha existe há três anos. Dele fazem parte 17 elementos que tocam viola, cavaquinho, acordeão e flauta. O grupo dedica-se à música tradicional portuguesa e só integra elementos com mais de 60 anos. A música, dizem, ajuda-os a manterem-se activos.
A sua última actuação teve lugar no passado domingo, 17 de Fevereiro, no salão paroquial. Participaram numa tarde cultural que teve como objectivo angariar fundos por causa da recuperação dos sinos daquela igreja.
A sala de ensaios está sempre cheia da gente. Uns afinam violas, outros cavaquinhos e outros estudam as pautas musicais. A coordenação do grupo cabe a Mário Afonso, que toca viola há vários anos. O músico, de 72 anos, é de Santarém e veio para as Caldas em 1974. Na sua terra natal já tinha pertencido a grupos de música rock e ainda à Orquestra Típica de Santarém. Nas Caldas integrou Os Cavaquinhos, de João Arroja. Reformado, Mário Afonso tinha a ambição de criar um grupo que entoasse cantares tradicionais de todo país, dando ainda a oportunidade a quem quisesse para aprender um instrumento de corda, através da Universidade Senior.
“Quando começámos éramos meia dúzia que tinha interesse em aprender a tocar viola e cavaquinho”, disse o coordenador, que não quis enveredar por um esquema muito teórico, apostando sobretudo na prática. Depressa começaram a cantarolar de modo a encaixar melhor os acordes e, aos poucos, o grupo foi crescendo. De seis passaram a oito e hoje já são 17 elementos que tocam viola, cavaquinho, acordeão, flauta e adufe.
Do repertório fazem parte cerca de 20 canções, na sua larga maioria do cancioneiro de música popular portuguesa. “Agora já começámos a incluir alguns temas estrangeiros”, disse Mário Afonso, explicando que a ideia não é cantar músicas contemporâneas, mas sim recordar a juventude com temas espanhóis e italianos de antigamente.
“Todas as músicas são cantadas”, disse o coordenador que gostaria de vir a juntar ao repertório do grupo um ou dois instrumentais.
A média de idades dos elementos do Grupo de Cantares da Universidade Sénior situa-se entre os 68 e os 70 anos, mas há vários octogenários. Segundo Mário Afonso, até seria uma experiência interessante se um dia o grupo pudesse gravar alguns temas.
O caldense Manuel Correia, 77 anos, é um dos elementos que também se dedica a ensinar os restantes colegas. “É um grupo animado e divertido”, disse o músico, que é o responsável pelas aulas de introdução à viola e ao cavaquinho.
Integração através da música

Para Eduarda Oliveira, 67 anos, estas aulas “são musicoterapia e o convívio é fundamental”. A participante canta e toca cavaquinho no grupo e adora continuar a estudar música “pois é algo que me dá uma enorme alegria interior e mantém-nos o cérebro activo”.
Joaquim Calado, 89 anos, é o mais velho do grupo. É o acordeonista e é também líder de outras grupos musicais. Na sua opinião, destaca-se não só o convívio musical como o facto de “aprendermos uns com os outros”.
Estela Pujadas, 67 anos, é da Argentina e veio viver com o marido há dois anos e meio para Salir do Porto. É professora de guitarra e assim que chegou a Portugal procurou logo integrar-se em grupos musicais. “Queremos aprender música portuguesa”, disse a guitarrista, interessada também em criar raízes na região. O seu marido, Jacques Genet, de 68 anos, é francês e está a adorar viver na região. “Também cantamos no Coral Alma Nova”, disse o músico que tem, com a mulher, um grupo de música irlandesa. “O nosso filho está a pensar em vir morar para cá”, contou o casal que aprende a língua de Camões na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro. Os estrangeiros querem integrar-se através da música e estão contentes pois têm feito muitas amizades entre portugueses. “Sentimo-nos muito bem acolhidos, andamos sempre em festas, nós e as nossas guitarras!”, rematou o casal































