Graffitis na cidade das Caldas da Rainha

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Desde há imensos anos, especialmente na sequência da Revolução de Abril, as paredes serviram como meio de expressão artística e de mensagem política e social, sendo célebres alguns dos quadros que cobriam as paredes de algumas cidades portuguesas.

Paralelamente com os graffities de alguma qualidade, proliferaram desenhos e frases escritas sem qualquer qualidade estética ou de bom gosto, muitas vezes constituindo lixo ou meras mensagens fortuitas de agit-prop (agitação e propaganda).

Quanto mais as entidades responsáveis se desleixam e quando abundam ruínas nos meios urbanos, mais se multiplicam estas intervenções, muitas vezes pseudo-artísticas, cujo bom gosto deixa muito a desejar.

Numa cidade onde existe uma escola de artes poderá acontecer uma de duas coisas: uma proliferação indiscriminadas de graffities com e sem qualidade juntamente com mensagens de agitação e provocação, ou a utilização organizada das paredes e muros, bem como de edifícios abandonados, para fazer animação cultural e artística nos meio urbano.

Caldas da Rainha está no primeiro caso, mais por desleixo e desinteresse de quem devia zelar pela boa imagem da cidade, sendo que a tendência crescente é para piorar.

Há exemplos de cidades onde estas coisas aconteceram, mas por um trabalho coerente, persistente e inteligente, se transformou aquilo que era quase lixo urbano, numa forma de expressão artística que capta visitantes e turistas.

É o caso de Philadelphia, nos Estados Unidos da América, com o seu Mural Arts Program, lançado em 1984 pelo mayor da cidade Wilson Goode e pela artista Jane Golden, que já antes tinha ensaiado uma intervenção idêntica em Los Angeles.

Tratou-se, em concreto, do lançamento de um programa anti-graffiti que se transformou num aproveitamento organizado de certas paredes da cidade para que fossem realizados graffitis de qualidade, que posteriormente passaram a ser financiados por entidades públicas e privadas a fim de aproveitar o trabalho e inspiração de grupos de jovens provenientes das várias comunidades da cidade.

Esta iniciativa foi responsável, por exemplo, pela execução do maior mural realizado em Philadelphia com cerca de 180 metros com o título “História da Imigração”.

Desde o lançamento deste programa nesta cidade norte-americana, foram realizados mais de 2500 murais e foram limpas mais de 40 mil paredes de graffities inconvenientes. Em 1991 este projecto foi reconhecido com um prémio pelo governo dos Estados Unidos.

A cidade organiza periodicamente visitas aos murais mais interessantes e edita calendários e postais com fotografias desses murais, o que constitui uma fonte de receita. Na internet podem visitar-se muitos desses trabalhos artísticos em explorer.muralarts.org.

Um bom exemplo que podia ser inspirador de uma acção consequente nas Caldas da Rainha, onde apenas num ou dois casos recentes há alguma qualidade nestas pinturas murais. O resto é pura balbúrdia e desorganização, aliada ao desleixo e à incapacidade dos proprietários desses espaços se defenderem dos abusos alheios.

JLAS

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