Considerada o principal nome do cartaz do Caldas Nice Jazz deste ano, a Glenn Miller Orchestra do Reino Unido veio às Caldas no dia 28 de Outubro e conquistou os 600 espectadores que encheram quase por completo o grande auditório do CCC. O concerto, que incluiu mais de 20 temas, teve como ponto alto a música “My Way”, um clássico de Frank Sinatra. [/showhide]
Dezasseis músicos de casaco vermelho e um maestro de casaco azul. Eles são a Glenn Miller Orchestra do Reino Unido, dirigida por Ray McVay.
Esta big band surgiu há 28 anos, quando Ray McVay chegou a acordo com a Glenn Miller americana (fundada em 1938 pelo próprio Glenn Miller, trombonista desaparecido em 1944) apresentando-se em palco exactamente com a mesma formação: cinco saxofones, quatro trompetes, quatro trombones, um pianista, um contrabaixista e um baterista. Juntam-se aos instrumentistas dois vocalistas, neste caso Mark Porter e Catherine Sykes, a dixie band Uptown Hall Gang e o grupo vocal Moonlight Serenaders.
Com um repertório que inclui mais de 200 temas, a orquestra mantém-se fiel à sonoridade de Glenn Miller, mas tem vindo a acrescentar novas músicas que, diz Ray McVay, se enquadram no estilo e certamente o trombonista aprovaria se estivesse vivo.
Em alguns concertos a big band faz-se acompanhar de um grupo de dançarinos especializado nos estilos dos anos 20 aos 60 – os The Swing Time Jivers – e do trio The Polka Dot Dolls, que canta em homenagem ao grupo Andrews Sisters.
Com uma média de 15 concertos por mês, a Glenn Miller Orchestra já tocou por todo o mundo, do Japão à Argentina. Em Portugal, encheu sempre as salas por onde actuou e Caldas da Rainha não foi excepção. Mesmo com os bilhetes a custarem 40 euros.
O auditório com mais de 600 pessoas aplaudiu temas como “A String of Pearls”, “Everybody Loves My Baby”, “American Patrol”, “Get Happy” ou “Sing Sing Sing”. O entusiasmo foi ainda maior com os êxitos “My Way”, “Chattanooga Choo Choo”, “Moonlight Serenade” e “In the mood”. Nesta última música, que foi também a última do concerto, muitos dos espectadores levantaram-se da cadeira e dançaram ao som da orquestra.
Não há dúvida que, até ao momento, este foi o maior espectáculo do Caldas Nice Jazz e aquele que teve mais público.
O JAZZ DE PIZZARELLI NAS MÚSICAS DE McCARTNEY

“Midnight McCartney” (2015) é o mais recente álbum de John Pizzarelli. E surgiu exactamente por convite de Paul McCartney, que enviou uma carta ao guitarrista sugerindo que este gravasse um disco com algumas das suas músicas pós-Beatles numa versão jazzística. Além de propor as faixas, McCartney escolheu o nome para o álbum e indicou na carta que gostaria que a capa deste fosse uma fotografia de Pizzarelli a caminhar pelas ruas de Nova Iorque. O norte-americano seguiu todas as indicações.
Esta não foi a primeira vez que Pizzarelli e McCartney trabalharam juntos: o guitarrista já tinha sido convidado pelo ex-Beatle em 2012 para gravar “Kisses On The Bottom”, um álbum de standards americanos. Curiosamente, em 1998, Pizzarelli lançou um disco só com temas dos Beatles que, contou ao público caldense, não foi muito bem recebido pela crítica. O norte-americano actuou no Caldas Nice Jazz um dia antes da Glenn Miller Orchestra.
“Silly love songs”, “Let’ Em In” e “Maybe I’m Amazed” foram alguns dos temas de “Midnight McCartney” que John Pizzarelli apresentou nas Caldas da Rainha, além de músicas do letrista Johnny Mercer (do álbum “John Pizzarelli Salutes Johnny Mercer”) e algumas canções dos Beatles, como “And I Love Her”, “Honey Pie” e “Here Comes The Sun”.
“Midnight McCartney” foi gravado com o pai de John Pizzarelli – o também guitarrista Bucky Pizzarelli – com o seu irmão, esposa e filha. “Por isso é um disco especial, além de também ter sido uma produção mais barata, porque não tive que lhes pagar”, disse em brincadeira o guitarrista, que se apresentou em palco com Mike Karn no baixo e Konrad Paszkudzki no piano.
Para John Pizzarelli o álbum representa apenas uma pequena amostra das músicas que foram compostas por Paul McCartney após a sua carreira nos Beatles. “Há 46 anos que a banda acabou e entretanto muitas canções foram escritas”, acrescentou.
O ano passado o também vocalista esteve em Portugal para interpretar Frank Sinatra. Voltou agora para cantar Paul McCartney. “Sei que é uma enorme responsabilidade, são dois músicos que respeito desde criança e todo o mundo conhece. Mas estou muito satisfeito por ser capaz de interpretar as suas músicas com o meu próprio estilo”, realçou.
Em português, Pizzarelli sabe apenas dizer “muito obrigado”, “sem problema” e… “frango grelhado”.
Sofia Ribeiro, Hailey Tuck e Daniel Bernardes encerram o Caldas Nice Jazz
Hoje, às 21h30, Sofia Ribeiro sobe ao palco do CCC. A portuguesa com mais de uma década de carreira é uma das cantoras de jazz europeias com maior projecção internacional, tendo actuado em alguns dos mais importantes palcos na Europa, Estados Unidos e América do Sul. O seu mais recente álbum, “Mar Sonoro” resulta de uma colaboração com o pianista colombiano Juan Andrés Ospina e inclui adaptações de poemas de autores portugueses como Sophia de Mello Breyner e Fernando Pessoa. Nas Caldas da Rainha, a artista far-se-á acompanhar por um piano, um contrabaixo e percussão. Os bilhetes custam 10 euros.
Sábado, 5 de Novembro, também às 21h30, é a vez de Hailey Tuck apresentar o seu álbum de estreia “Delancey Street”. A cantora nascida em Austin (Texas) e educada com influências do jazz dos anos 30, vestidos vintage e filmes a preto e branco é apaixonada por tudo o que é “old school”. No Caldas Nice Jazz actuará com um piano, um baixo e uma bateria. As entradas para este espectáculo custam entre 15 e 17,50 euros.
O Caldas Nice Jazz termina no dia 6 de Novembro (18h30) com a apresentação do projecto do alcobacense Daniel Bernardes – Crossfade Enssemble – em que o pianista convida os músicos Hugo Assunção (trombone), João Barradas (acordeão), Sérgio Carolino (tuba), Jeff Davis (vibrafone), Mário Marques (saxofones) e Ricardo Toscano (clarinente e saxofone). Daniel Bernardes propõe-se a estabelecer uma ligação entre a música clássica e o jazz, influenciado pelo repertório de piano erudito que estudou em Paris.
Antes do concerto será apresentado o resultado final do atelier de música improvisada que Daniel Bernardes desenvolveu de 8 de Outubro a 5 de Novembro e que tem por base a música escrita para o Auto de S. Martinho (Gil Vicente, 1504). Este projecto também envolve um teatro, coordenado por Ana Cláudio.
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