Gazeta das Caldas lança suplemento sobre Zé Povinho com casa cheia no CCC

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O Centro Cultural das caldas acolheu no sábado, 26 de Junho, o lançamento do suplemento “135 anos de Zé Povinho”, uma  edição especial totalmente dedicada àquela personagem bordaliana e que contou com a colaboração  de mais de quatro dezenas de autores, numa iniciativa da Gazeta das Caldas e da Livraria 107. A imagem gráfica deste suplemento, para coleccionar, é da responsabilidade de um grupo de alunos  da ESAD que, sob coordenação do docente Miguel Macedo, deram a sua colaboração informal e surpreenderam tudo e todos com propostas que buscaram inspiração no design dos tempos bordalianos. Uma parceria a repetir era opinião generalizada.

Foi guiados pela mão de Maria Paciência que as dezenas de pessoas que encheram o café-concerto do CCC ficaram a conhecer ao pormenor o primeiro desenho onde surge Zé Povinho. Maria Paciência, melhor dizendo a livreira Isabel Castanheira, guiou os presentes por vários retratos do Zé Povinho, uma das figuras mais conhecidas criados por Rafael Bordalo Pinheiro, artista que a livreira tanto admira e que tudo faz para que melhor se conheça a sua obra.

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E foi por sua iniciativa que o desafio chegou à Gazeta das Caldas. Segundo aquela dinamizadora cultural, a resposta do jornal não poderia ter sido melhor. Foi-lhe respondido sem hesitações: Avancemos! E o resultado não poderia ter sido melhor, pois reúnem-se textos e desenhos de mais de 40 colaboradores em 24 páginas, aliadas a um trabalho de excepção na área gráfica conseguido por alunos finalistas do Curso de Design Gráfico da ESAD (ver texto ao lado).

O director da Gazeta sublinhou que em Portugal não é dado o devido valor às marcas e aos símbolos que temos e citou, como exemplo, um projecto que começou no Cencal e que tinha um âmbito apenas nacional e agora está a ter carácter mundial pela mão dos franceses. “Referia-se às Rotas da Cerâmica uma rede que alia as empresas e ateliers portugueses, museus, autarquias, palácios e galerias, e que por cá “ainda não se conseguiu que passe da fase de lançamento”. Esse projecto foi apresentada inicialmente num seminário europeu, realizado no ano passado em Aveiro. Logo nessa altura representantes europeus, nomeadamente do centro porcelânico de Limoges  adoraram a ideia e além de se proporem implementá-la na Europa, na reunião de há dias em Limoges concretizaram a sua extensao a nível mundial, abrangendo cidades doutros países como do Japão, da china e da Coreia do Sul. “É para vermos como uma ideia nossa, que não valorizamos devidamente é apadrinhada por outros e aplicada mundialmente por países com mais poder económico”.

José Luiz Almeida e Silva teme que a não valorização das marcas e símbolos das comunidades “possam fazer com que o Zé Povinho ou a cerâmica no seu todo sejam coisas de museu e que os produtos percam o seu valor”. Aquele responsável referiu-se ainda à imprensa, que está cada vez mais em crise em todo o mundo, achando que tal muito se deve ao seu afastamento dos leitores na hora da produção dos seus conteúdos. “Cada vez mais o jornal deve ser uma plataforma onde todos se devem exprimir”, disse. O director do jornal aproveitou para agradecer a todos os que colaboraram na produção desta edição especial cuja resultado “está na vossas mãos e é um documento para coleccionar e que demonstra como uma escola de arte pode participar na vida de uma comunidade”, rematou.

“Só o Bordalo para juntar os responsáveis da Gazeta e da Câmara”

“Este Zé Povinho no Pais das Maravilhas é um sonho concretizado”, disse Isabel Castanheira, salientando o papel  do docente da ESAD, Miguel Macedo, que tomou em mãos o projecto de design gráfico, tendo propondo a um conjunto de alunos para a execução da imagem gráfica.

Ao CCC os responsáveis da Gazeta e da Livraria também deixaram palavras de agradecimento tendo a livreira ainda destacado o papel do edil na realização da exposição sobre o aniversário de Zé Povinho que se encontra no foyer do centro cultural. Aquela mostra possui cerca de 120 exemplares de vários coleccionadores caldenses e é a primeira mostra integralmente dedicada a Zé Povinho.

A livreira, uma verdadeira divulgadora da obra bordaliana, aproveitou a ocasião para desafiar Fernando Costa para que seja feito nas Caldas um grande evento que una a cerâmica, Bordalo, as suas personagens, a banda desenhada, a ilustração, o cartoon com a caricatura.   “Tudo farei para que o Zé Povinho e Bordalo não sejam lembrados apenas em datas redondas. Os aniversários celebram-se anualmente”, disse.

A co-promotora da iniciativa ainda fez a sala rebentar numa gargalhada quando afirmou que “só o Bordalo é que conseguia juntar o director da Gazeta e o presidente da Câmara numa mesma iniciativa!”. Fernando Costa referiu-se à primeira aparição de Zé Povinho na Lanterna Mágica comentando que o original se encontra na exposição do CCC e salientou o papel principal de Isabel Castanheira nas actividades do aniversário da personagem bordaliana.

O edil ainda se referiu a alguns textos do suplemento, detendo-se no de Artur Carrilho que desafia as Caldas a concretizar uma obra de homenagem a Zé Povinho. Referiu também a presença de colaboradores e de coleccionadores e salientou a iniciativa da Gazeta ao editar este suplemento. Fernando Costa voltou a aludir que na comemoração dos 140 anos de Zé Povinho (quando já não estará no executivo) se organize na cidade “uma comemoração tão ou mais significativa do que esta”.

Entre os colaboradores presentes na sessão falou Reis Torgal, da Universidade de Coimbra, e o especialistas em imagem. Alexandre Ramires, que se confessaram também apaixonados por Bordalo. Torgal considerou também o Zé Povinho “eterno” o que suscitou alguma controvérsia com Isabel Xavier que considerou a personagem datada e pouco representativa do povo na actualidade. Narana Coissoró relembrou que Zé Povinho existe ainda hoje e semanalmente na Gazeta das Caldas, com a apreciação dos actos da politica local e nacional, umas vezes positiva outras negativamente.

Portas abertas para futuras colaborações

O caldense Miguel Macedo, 35 anos, é designer gráfico e lecciona na ESAD há três. O coordenador gráfico desta iniciativa, que teve a responsabilidade de trabalhar a imagem com um grupo de alunos, quis também com esta participação desmistificar a questão de que a cidade e a escola de artes não trabalham em parceria.

Com a Livraria 107 este já é o segundo projecto que concretiza e há outras entidades públicas que contam com a identidade gráfica desenvolvida pelos seus estudantes. Como responsável pela cadeira de Projecto Gráfico é o trabalho prático que o move e que o levou a seleccionar grupos de alunos que sabe que têm o gosto em trabalhar na área da paginação e do Design Editorial.

Foi muito bom participar neste evento”, disse o docente que, por outro lado, não quer que se crie o facilitismo de toda a gente poder vir ter com este professor para a realização de todo o tipo de projecto. Na sua opinião é importante que os estudantes comecem a ser recompensados não só com ofertas como livros mas também com prémios monetários (mesmo que simbólicos) para que os alunos “sintam o seu trabalho  como válido e de que vale a pena lutar pelo design gráfico”, rematou.

Vencedores querem prosseguir estudos no estrangeiro

A nossa proposta oferecia um design que misturava o que se aplica a um jornal e a uma revista também. Creio que foi por isso que a nossa proposta acabou por ser a escolhida”. Palavras de Vera Gomes e Pedro Moreira, ambos de 21 anos e autores da proposta gráfica utilizada. Ela é natural da Batalha e ele de Vila Nova de Gaia e consideram que deveria haver “uma maior proximidade entre a ESAD e a cidade noutras iniciativas como esta, pois há potencial dos dois lados que poderiam partilhar”. Na opinião de Vera e Pedro é preciso começar a abrir brechas e a estabelecer um relacionamento mais forte entre as duas entidades. “Nós agarrámos estas oportunidade e correu-nos muito bem”, disseram acrescentando que pesquisaram sobre a linguagem que Bordalo usava em publicações como a Paródia e a Lanterna Mágica e inspiraram-se nela para criar o seu trabalho.

Vera Gomes vai agora fazer Erasmus para a Noruega e pensa acabar o curso naquele pais nórdico enquanto que Pedro Moreira pretende estagiar numa empresa na Alemanha.

“Uma oportunidade para valorizar o porfólio”

João Pedro Ferreira trabalhou com Rui Lourenço numa outra proposta para este suplemento. O primeiro é das Caldas e o segundo de Paços de Ferreira. Ambos, de 21 anos, frequentam o 2º ano do curso de Design Gráfico e foram convidados a participar neste projecto editorial. “Inspirámo-nos nas coisas mais antigas de Rafael Bordalo Pinheiro como “A Paródia” usando aquelas linhas e aproveitando uma linguagem mais “retro” para criar o nosso jornal”, disse um dos jovens jovem. Esta parcerias são para o estudante “muito interessantes” pois desta forma as entidades locais “contribuem para dar a conhecer o trabalho que é feito por quem ainda não acabou a sua formação”.

João Pedro Ferreira considera que estas são óptimas oportunidades “pois possibilita-nos também valorizar o nosso portfólio e permite às pessoas conhecer o que fazemos”. O estudante, assim como Rui Lourenço, gosta de design editorial e de ilustração e é nestas áreas que gostaria de desenvolver o seu trabalho. João Ferreira concorre a outros projectos extra-curriculares e para já gostaria de tentar desenvolver o seu trabalho futuro em Portugal. “Só se não for possível então sim vou tentar o estrangeiro”, rematou.

“Agarrámos o desafio como se não houvesse amanhã”

Agarrámos este desafio como se não houvesse amanhã”, disseram João Filipe Ferreira e Milene Francisco, que têm 21 anos e frequentam o 3º ano do curso de Design Gráfico, sobre a participação neste projecto. O seu projecto de suplemento ainda teve a participação de Carina Pereira, 22 anos, que é da Benedita. Deixaram para trás exames, testes, melhorias  e trabalhos de final de semestre, que tiveram que ficar em segundo plano já que em primeiro esteve a edição dedicada ao Zé Povinho. “Ficámos gratos de poder participar nesta iniciativa pois o Zé Povinho é uma marca nacional”, acrescentaram os jovens.

Para o suplemento quiseram fazê-lo à moda antiga inspirando-se no design da Lanterna Mágica e noutras publicações onde Bordalo desenhou. “Escolhemos até tipos de letra usados na época”, disseram. Os três elementos deste grupo também são os responsáveis pela imagem gráfica do jornal que este ano passou a circular na ESAD. Para ambos este tipo de iniciativa deveria acontecer mais vezes dado que é uma oportunidade “de dar a conhecer os nossos trabalhos”. Milene Francisco que agora termina a sua formação acha que a ligação entre a escola e as Caldas  deveria ser maior pois “durante os três anos que aqui passei não me apercebi de eventos que ligassem a  escola de artes à cidade”. João Filipe Ferreira, assim como Carina Pereira querem prosseguir estudos no mestrado de Design de Tipografia que vai abrir no próximo ano lectivo na ESAD.

 

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2 COMENTÁRIOS

  1. it was very interesting to read www.gazetadascaldas.pt
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    And you et an account on Twitter?