“Imagens da cidade. A cidade vista e revista pela fotografia” foi a primeira conferência do ciclo Tertúlias PH que se realizou a 23 de Janeiro, no CCC, com os convidados João Martins Pereira e Vasco Trancoso, que dissertaram sobre a fotografia que hoje é acessível a qualquer pessoa

A fotografia de cidade está a tornar-se no maior movimento nos 170 anos da história da fotografia. E o facto de cada vez mais pessoas viverem nos grandes centros urbanos exponencia as possibilidades daquele género.
“Cerca de 60% da população mundial vive em cidades e, dentro de 20 anos, chegará aos 70%”, diz foi o fotógrafo Vasco Trancoso, acrescentando que hoje os smartphones permitem fazer fotografia com qualidade em qualquer lado. A era digital democratizou o acesso ao acto de fotografar e hoje nas redes sociais partilham-se milhares de imagens. “Todos os dias no Instagram são descarregadas 2 biliões de fotografias”, comentou o convidado que lançou na semana passada o livro 99, no CCC, que se dedica aos registos de rua. “A imagem leva-nos a descobrir novas cidades dentro da nossa cidade”, acrescentou.
Martins Pereira, por seu lado, defendeu que o debate sobre este tipo de fotografia “é infindável”, pois a cidade “é um organismo vivo que se vai alterando a todo o momento”. O fotógrafo – que tem trabalhado com o PH em obras sobre a cidade e a obra de Ferreira da Silva – recordou que o digital se tornou “portátil e acessível” a todos. “Hoje há telemóveis com câmaras com qualidade superior às máquinas fotográficas”. O autor considera que há fotografias “espantosas” feitas com telemóvel, o que o leva a afirmar que “uma imagem é boa se passar uma emoção, não me interessa como é que ela foi obtida”.
O fotógrafo caldense considera que a acessibilidade à imagem também se corre o risco de se cair na banalização da fotografia e, por outro, está a tornar a fotografia analógica num nicho de mercado. “Não há muitos jovens com vontade de viajar com mochila às costas com quilos de equipamento, entre máquinas e lentes como fazíamos”, disse Martins Pereira, que viaja por todo o mundo captando gentes e cidades em vários continentes.
João Martins Pereira acrescentou que conhecemos cidades onde nunca estivemos, através de fotografias dos seus ícones, tal como acontece com Nova Iorque e Paris. Para o autor, a importância excessiva que é dada hoje à imagem, “faz-nos perder alguns hábitos relacionados com a nossa capacidade de comunicação”.
Cada um dos convidados mostrou uma série de imagens que captou em cidades e que foram comentadas por autores e elementos do público. Ao todo, participaram neste evento inaugural do ciclo do PH, 30 pessoas. A próxima sessão do PH, vai realizar-se a 20 de Fevereiro e vai contar com a presença de escritores locais.

- publicidade -