Sweet Amelia, assim se designa a curta-metragem que foi escrita e produzida pela caldense Ana Araújo e que foi visionada no CCC, a 7 de Agosto. Para conhecer o filme de 15 minutos, o pequeno auditório encheu-se de amigos, equipa técnica e familiares que quiseram conhecer o filme que ganhou o prémio para a melhor curta-metragem dos estudantes do 2º ano do curso de Cinema da Universidade de Middlesex, em Londres.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt
O filme passa-se num mundo apocalíptico em que houve uma contaminação geral que deixou muitos poucos sobreviventes. Amélia (Custódia Gallego), uma idosa, que era médica antes da catástrofe, é uma dessas sobreviventes e conta ainda com alguns recursos para sobreviver, como galinhas e um coelho.
De repente, Tom (Lourenço Mimoso), de 16 anos, bate-lhe à porta. Está ferido numa perna e pede ajuda a Amélia, que lhe abre a porta, não por altruísmo (o mundo, recorde-se, é pós apocalíptico) porque o miúdo anuncia que tem comida.
O filme baseia-se na relação entre ambos, num mundo onde todos desconfiam de todos e onde a palavra de ordem é a sobrevivência individual.
A história foi filmada durante três dias na região Oeste e nesta curta aparecem imagens de uma casa na Serra do Bouro, na Mata, no Parque e nos Pavilhões do Parque.
A ideia de filmar esta história partiu da caldense Ana Araújo, de 19 anos, que estuda Cinema na Universidade de Midlesex em Londres.
A caldense, que estudou no Colégio Rainha D. Leonor e na Raul Proença, conta que o seu curso é muito prático e resolveu propor aos seu grupo de colegas que viessem a Portugal para filmar o seu projecto final do 2º ano.
A jovem, além de ser a autora do guião, também foi a responsável pela produção desta obra Sweet Amelia. A curta-metragem já está a concorrer em vários festivais nacionais e internacionais.
Em Londres, Ana Araújo estuda e tem um part-time num restaurante. Adaptou-se bem à vida londrina e gosta do ambiente multicultural que vive na sua faculdade.
Sweet Amelia teve na realização o seu colega Vasco Durão, um outro aluno português que faz parte do seu grupo de trabalho. Nesta universidade, que tem alunos de todo o mundo, há uma forte presença de estudantes portugueses.
A casa na Serra do Bouro, onde se passa grande parte da trama, pertence a Maria Adília Santos, que foi ama de Ana Araújo. “Virámos-lhe a casa do avesso”, contou a guionista, explicando que a Adília é como se fosse da sua família e teve todo o gosto em emprestar o seu lar para o filme da sua Ana. A própria Maria Adília não poderia faltar ao visionamento do filme e veio acompanhada de mais dez pessoas da Serra do Bouro.
A equipa técnica que filmou em Portugal integrou vários estrangeiros que gostaram de trabalhar nas Caldas. O interior dos Pavilhões do Parques constituiu-se como o cenário ideal para um mundo pós-apocalíptico pois a equipa tirou partido do lixo e da degradação que impera no seu interior.
Equipa técnica no CCC
Já na sessão de visionamento do CCC, esteve presente Custódia Gallego, a actriz principal da curta-metragem, além de outros elementos da equipa técnica. Com uma longa carreira em teatro, televisão e cinema, a convidada dispôs-se a colaborar graciosamente neste projecto. “Não é necessário agradecer pois eu gosto de trabalhar com os futuros autores do cinema europeu”, disse a actriz, que sabe bem que o cinema que se faz em Portugal é sempre feito com muitas ajudas e muito boa vontade. “E agora já dispomos de melhores condições técnicas pois quando era com película era uma desgraça autêntica!”, comentou a intérprete que deu vida a Amélia.
A convidada sublinhou ainda a importância da troca de experiências entre diferentes gerações de autores ligados ao cinema.
Custódia Gallego louvou ainda o trabalho de pré-produção e de filmagens, classificou de “impecável”.
Gonçalo Pereira, o director de fotografia que é de Lisboa e pertence à mesma turma de Ana Araújo, também veio à apresentação do filme no CCC, o qual já foi apresentado em Londres e em Setúbal.
O jovem contou que após feitas as filmagens, trabalharam intensamente na sua pós-produção. “Creio que todos aprendemos muito com esta experiência”, disse.
Ana Araújo ainda contou que o seu grupo de trabalho decidiu deixar o filme com 15 minutos, mesmo contra o conselho dos seus professores que sabem que as curtas-metragens devem ter menos tempo. A caldense não podia estar mais satisfeita com este projecto onde teve a oportunidade de reunir os seus novos amigos e colegas da escola londrina com os caldenses.































