
A técnica da filigrana aliada à criatividade do ourives José Germano deram origem a peças únicas e de grandes dimensões, que podem ser apreciadas no Museu do Ciclismo até ao próximo domingo (13 de Outubro). Para além das obras em metal, pode também ser conhecido através de imagens o trabalho escultórico feito em pedras retiradas do mar.
José Germano nasceu São Cosme (Gondomar) em 1936 e viria a falecer em 2015 no Porto. Desde jovem ajudou o pai na oficina de ourivesaria, onde começou a ganhar o gosto por esta arte. Mais tarde, a sua criatividade levou-o a aventurar-se no uso de outros materiais, como o cobre e latão, para a concretização das suas peças. Também esculpiu granito com pedras retiradas ao mar.
Clara Santos, nora de José Germano, recordou à Gazeta das Caldas que a morte da esposa do artista, há cerca de 20 anos, levou a que o ourives se isolasse e fosse morar para uma casa junto ao mar, onde começou a esculpir as pedras que encontrava e transformava em obras de arte. “Algumas de grande dimensão deram origem a bancos, todos trabalhados”, recorda, acrescentando que José Germano era muito reservado no que respeita ao seu trabalho criativo. Numa fase posterior regressou às origens, à manipulação dos metais, como o cobre, latão e metais precioso, para produzir peças singulares.
A sua primeira exposição foi feita em 2011 quando tinha 74 anos. Caldas da Rainha é o segundo local que recebe parte do espólio do ourives. Pelas paredes do rés-do-chão do Museu do Ciclismo podem ser apreciadas diversas peças, algumas delas de grandes dimensões, que aliam a técnica artesanal da filigrana ao uso de outros metais e aplicações, como a Cruz de Cristo ou imagem da Imaculada Conceição, de quem o autor era devoto.
Há também fotografias de trabalhos, alguns deles de moda, com joias concebidas por José Germano. “Não era um ourives tradicional, fazia uma peça e não a gostava de as repetir, gostava era de criar”, explicou a nora.
Em exposição está ainda a banca de trabalho e as ferramentas utilizadas pelo ourives. Algumas deles já eram do seu pai e outras foram criadas pelo próprio artista para construir as peças de maiores dimensões.
“Não temos bem a noção de todo o espólio que existe, pois o meu sogro oferecia-as”, explica Clara Santos, acrescentando que, quando faleceu, José Germano encontrava-se a trabalhar na peça “Esplendor”. “Está montada e só falta soldá-la, mas não sabemos se temos coragem para o fazer ou se faz sentido ficar como está”, conclui a familiar do autor.
A família está a divulgar o trabalho de José Germano e considera que faz todo o sentido a mostra estar patente nas Caldas – terra da afilhada do autor – porque existe uma afinidade entre a cerâmica e a ourivesaria. “Nestas revela-se a beleza do que é feito com as mãos e o coração”, referem no catálogo de apresentação da mostra.






























