Filha de ciclista faz exposição de pintura no Museu do Ciclismo

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notícias das CaldasMaria Claudino, filha do antigo ciclista do Sporting Clube de Portugal, Firmino Claudino, e irmã do mecânico de ciclismo do Benfica, Albano Leal, é autora da exposição de pintura “Regresso ao Passado”, patente no Museu do Ciclismo, até 31 de Agosto.

A mostra, composta por 30 quadros, tem em comum a temática natureza morta. No terreno que possui no Carvalhal (Bombarral) tem, para além do atelier, um espaço onde cultiva frutos e flores, que depois são os objectos da sua pintura.
“Sou hiper realista e só pinto o que vejo”, auto-caracteriza-se Maria Claudino, acrescentando que a sua criatividade reside na criação da composição.
“Não sou paisagista, pinto só naturezas mortas, que para mim estão vivas e podem-se ver em alguns quadros onde as frutas “comem-se” e as flores “cheiram-se””, refere à Gazeta das Caldas.
A autora inspira-se nos pintores do século XVII holandeses e flamengos e utiliza objectos actuais. Costuma frequentar a feira de velharias das Caldas, onde compra vários objectos, que depois aparecem nos seus quadros.
Para o espaço do Museu do Ciclismo, Maria Claudino trouxe também a sua bicicleta, com 45 anos, que se encontra exposta com um conjunto de cebolas e alhos e faz pendant com o quadro “Da horta e do jardim”. Da horta são as cebolas e seria também óbvio que os alhos o fossem, mas não o são porque, ao fazer uma pesquisa sobre as roseiras, Maria Claudino leu que os gregos tinham o hábito de plantar os alhos no meio das roseiras para combater as pragas e que as rosas ficavam muito mais aromáticas. Pôde comprovar que é verdade e, por isso, o quadro chama-se “Da horta e do jardim”.
A artista diz que “sofre” para fazer a composição dos seus trabalhos que, normalmente demoram entre quatro meses e um ano a ficar completos.
O hiper realismo é o seu género de eleição e acredita que ainda tem muito para trabalhar ao nível da natureza morta. Refere que a sua pintura por vezes, poderá ser “um pouco agressiva”, pois os fundos são sempre escuros e depois usa cores muito de contrastes, como os grenás com verdes, ou laranjas com azuis.
Se um dia se dedicar a outro género, será o retrato, “mas de pessoas que tenham uma alma que me transmita algo”, conta a autodidacta, que apenas começou a pintar em 2005.
Maria Claudina fez a sua primeira exposição individual há seis anos, no Bombarral, e refere que “tão cedo não volta a expor na zona”, apesar de ter gostado particularmente do espaço museológico caldense.

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“O meu mundo era o das bicicletas”

A artista aprendeu a andar de bicicleta aos três anos, ensinada por um ciclista. “O meu mundo era o das bicicletas, cresci rodeada com os termos ciclísticos”, conta a artista, que continua a adorar este desporto. Lembra-se também de, em pequena, acompanhar a mãe no carro de apoio do Comércio do Porto durante a Volta a Portugal.
Filha de Firmino Claudino, o ciclista que participou em várias voltas a Portugal em bicicleta, apresenta algum espólio sobre o seu pai na exposição. São poucos documentos pois perderam a sua maioria aquando das cheias de 1979, que afectaram a região de Lisboa.
Maria Claudino pretende agora fazer um levantamento no jornal Comércio do Porto para recolher informações sobre a actividade ciclística do pai (que correu pelo Salgueiros e depois pelo Sporting) para depois fazer chegar ao Museu do Ciclismo.
Mário Lino, responsável por aquele espaço museológico, destaca a figura desportiva, que conheceu pessoalmente, assim como o seu filho, Albano Leal, que “foi um dos melhores mecânicos de ciclismo a nível europeu”.
O responsável adianta ainda que Maria Claudino já está incluída noutros projectos do Museu do Ciclismo, em associação com a Cultartis, nomeadamente numa homenagem que pretendem fazer a José Malhoa, ainda durante este ano.

 

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