Filarmónica de Santa Catarina prepara 128º aniversário

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A Banda Filarmónica de Santa Catarina pretende, em breve, assinalar o 128º aniversário. Neste momento, possui 30 elementos e tem vários concertos e iniciativas previstas, sob a batuta de Gonçalo Sousa. Uma delas é a desafiante participação da Filarmónica no Caldas Nice Jazz, no Centro Cultural e de Congressos.

A Banda Filarmónica de Santa Catarina é a mais antiga concelho das Caldas da Rainha e também está no top dos agrupamentos mais antigos em actividade no distrito de Leiria, o que diz bem da importância histórica que tem no mundo da música. Porém, a renovação é um desafio constante.
“Sofremos um pouco com a saída dos nossos jovens que, depois da universidade, acabam por ficar a viver nas grandes cidades”, reconhece à Gazeta das Caldas, o actual presidente da direcção, Luís Almeida.
Actualmente a banda possui 30 elementos, com idades entre os 11 e os 77 anos, mas até ao ano de 2010 os músicos eram 42.
Jovens que terminam as formações superiores nas áreas da Saúde, Hotelaria ou do Marketing, “dificilmente regressam para fazer a sua vida em Santa Catarina…”, observa o responsável, que é também músico no agrupamento.
O trompetista explicou que, por agora, os iniciantes na banda começam por frequentar, de forma gratuita, a escola de música, cujos ensaios têm lugar às terças
e às sextas-feiras.
Em 2019 a banda actuou em 12 ocasiões, animando as festas de localidades como Salir de Matos, Carvalhal Benfeito, Benedita e Campo. Também participa nos eventos Caldas Anima – no Bandas na Praça – nas Caldas e no Música na Cidade, que teve lugar em Outubro, em Leiria. Para celebrar o 127º aniversário, a filarmónica caldense convidou para uma actuação conjunta, a Banda Filarmónica de Ferreira do Zêzere.

Actuações nos concelhos vizinhos

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“Demos dois concertos de Natal, um deles no Vimeiro que teve uma grande aceitação”, contou Luís Almeida, acrescentando que aquele concerto decorreu na igreja paroquial da localidade alcobacense, que abriu portas pela primeira vez a uma actuação natalícia com banda filarmónica. E a população encheu o templo para assistir ao concerto.
O repertório do grupo voltou a fazer-se ouvir na igreja de Santa Catarina, numa actuação que já faz parte do calendário daquela vila.
Luís Almeida, 44 anos, e dirigente daquele agrupamento dá continuidade à tradição de pertencer à banda. “Os meus bisavôs, José Faustino e José Penas, pertenceram ao grupo fundador da banda”, contou o responsável, acrescentando que, além de o seu pai e tio terem pertencido àquela filarmónica, também os seus filhos passaram pelo colectivo musical, já centenário.
O trompetista esteve emigrado durante 15 anos na Suíça, onde integrou a Banda Filarmónica de Arlesheim, uma vila próxima de Basileia. Hoje é membro honorário daquela banda, que já veio actuar a Santa Catarina em 2010, tendo proporcionado um interessante intercâmbio musical entre as duas filarmónicas europeias.
Para o presidente da direcção, a continuidade da filarmónica é muito importante de modo a assegurar que haja ambiente musical nas localidades. “Hoje em dia não é fácil manter estes grupos mas nós vamos lutando para que estas se mantenham!”, assegurou Luís Almeida, frisando que a filarmónica tem contado com o apoio da Junta de freguesia e também da Câmara, que apoiam o grupo musical financeiramente e também na logística que é necessária ao agrupamento.

Novos arranjos

Actualmente, a filarmónica é dirigida pelo maestro Gonçalo Sousa, que é também saxofonista na Banda da Força Aérea. Dirige o grupo desde 2018 e trouxe uma forte aposta na música portuguesa. “Temos um repertório muito eclético que pretende chegar a todos os públicos”, disse o maestro caldense, que é também o responsável por vários arranjos dos temas. E estes variam entre os as clássicas marchas e paso dobles mas há também temas mais inesperados para filarmónica como de “Vira Vira” dos brasileiros Mamonas Assassinas até outros temas dos Abba, dos Deep Purple ou ainda dos AC/DC.
Entre os vários projectos para este ano, o maestro salientou o convite à banda para participar no Caldas Nice Jazz, prevista para Outubro. “Vai implicar um reportório de temas de jazz, funk e blues”, referiu Gonçalo Sousa, acrescentando que este será “um bom desafio”.
Entre as actuações que esta banda caldense está a prever para este ano conta-se um concerto que visa assinalar o 128º aniversário do grupo e para o qual foi convidada a Filarmónica da Ericeira. Está igualmente prevista a participação do colectivo na iniciativa Bandas na Praça e em Agosto também farão parte de um evento em Arruda dos Vinhos que visa assinalar os 400 anos da viagem de Fernão Magalhães.

Fundada em 1892

A fundação desta Banda deve-se ao padre Agnelo Monteiro Dinis que, em 1892, era pároco da freguesia. Em Maio desse ano, surgia a primeira Banda da localidade, tendo sido então consagrada ao Sagrado Coração de Jesus. Durante a Guerra do Ultramar foi obrigada a parar, pois os seus elementos foram prestar serviço militar e outros emigraram. O grupo chegou a ter um grupo coral. A filarmónica renasceu em 1972 com a acção de Silvino Heliodoro, que implementou a escola de música, que ainda hoje mantém a sua frequência gratuita. Em 1992, quando a Banda Filarmónica celebrou o 100º aniversário, foi galardoada com a Medalha de Mérito Grau Ouro do concelho das Caldas da Rainha. É ainda associada da Federação de Filarmónicas do distrito de Leiria.

 

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