Figuras, figurinhas e figurões: uma exposição a que é impossível ficar indiferente

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Gazeta das Caldas

antonioAlguns causam o sorriso, outros provocam a curiosidade. Uns promovem a reflexão, outros o debate, mas nenhum deixa quem os vê indiferente. São as figuras, figurinhas e figurões que o António criou ao longo de 40 anos de carreira e que estão expostas no Museu do Ciclismo, numa mostra integrada nos 90 anos da Gazeta das Caldas.

A exposição tem atraído às Caldas visitantes de várias idades e de todo o país (e até do estrangeiro).  Os que vêm de fora, embora não identifiquem algumas das críticas nacionais presentes nos cartoons, reconhecem as figuras de Mário Soares, Eusébio e o retrato de Fernando Pessoa.
De olhar atento e critica aguçada, à medida que passam pelos cartoons os visitantes vão reagindo. É assim que nos cruzamos com o casal Lucas Mota e Inês Soares, que ali, em frente aos desenhos do António, conversam sobre o que vêem. Lucas estuda na ESAD e soube da exposição através dos seus professores, Inês tomou conhecimento através do jornal. Num passeio, ao passarem em frente ao museu, decidiram entrar e apreciar as obras expostas.
“É muito importante continuar a haver quem faça sátira com o estado lastimável do mundo”, afirmou o jovem, que já conhecia as caricaturas do cartoonista. Por sua vez, Inês reconhece que se nota que António é “uma pessoa que conhece o meio que está a retratar”, considerando ainda que a mostra é “um bocado pesada, mas com humor”. A ele chamam-lhe mais a atenção os retratos, a ela os cartoons com o Zé Povinho.
Francisco Mano, assinante da Gazeta das Caldas há 40 anos, acompanha o trabalho de António no jornal Expresso e elogia o facto das Caldas das Rainha acolher uma exposição que “habitualmente só pode ser vista nas grandes cidades”. Na hora de escolher um cartoon favorito, o professor reformado destaca os que se referem à actualidade, como aquele que ilustra Portugal a ser esquartejado num talho – uma crítica ao período de austeridade vivido no país. “Por vezes um cartoon vale mais que muitas palavras”, acrescenta o visitante, que se confessa fã deste tipo de arte (também costuma estar atento aos cartoons da Gazeta das Caldas, da autoria de Bruno Prates). Francisco Mano deixa igualmente o seu agradecimento ao jornal por se ter juntado à exposição “e continuar assim a presentear os seus leitores com boas iniciativas”.

 “Ficámos apenas com a fama de vender falos”

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Fitando as caricaturas do António está o caldense Pedro Lino, um estudante de 21 anos, acompanhado pelo pai. “Gostei da exposição, mas particularmente do cartoon em que a economia está a mamar o mundo”, diz o jovem, revelando também que “gostava de perguntar ao autor se fez estes trabalhos por gosto ou porque queria vender”.
Na sua opinião, são de destacar as sinergias criadas entre a fábrica Bordallo Pinheiro e o cartoonista António, que possibilitaram a criação dos figurões, uma vez que “a cerâmica tem perdido significado e ficámos apenas com a fama de vender falos”.  O jovem referiu ainda que “é muito importante continuar a haver um incentivo à expressão artística, especialmente numa cidade como as Caldas, que tem a ESAD”.
Apreciador de arte interventiva, chega Pedro Oliveira com mais dois amigos. Depois de dar uma primeira volta pela mostra, descreve-a como “completa, porque abrange a critica nacional e internacional”. Recordando Rafael Bordalo Pinheiro como cartoonista e crítico da sociedade da sua época, Pedro Oliveira sublinha que “é importante lembrar às Caldas com esta exposição que ainda existem livres pensantes”.
A exposição “Figuras, Figurinhas e Figurões” está patente até 8 de Novembro, no Museu do Ciclismo.

 

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