
Terminou no sábado, 23 de Julho, mais um Festival de Música das Caldas com a actuação dos jovens que participaram no Curso de Verão. Segundo Aurelien Lino, organizador e director do Conservatório de Música das Caldas, esta edição “correu bem” apesar da adesão do público ter ficado “um pouco aquém das expectativas”.
Em média os concertos foram assistidos por 150 a 200 pessoas, números que deixam o organizador a desejar ter mais gente nalguns dos concertos. Entre o público contaram-se melómanos de vários pontos do pais que “reconhecem a raridade de algumas das propostas”, disse o organizador, dando como exemplos a proposta de Ana Ester Neves e da Orquestra Clássica do Centro com a estreia de “Gershwin em Portugal”, ou do concerto do Coro da Casa da Música que trouxe um espectáculo mais invulgar com os solistas do Remix Ensemble.
Com plateias mais compostas estiveram as actuações do pianista de jazz italiano, Stefano Bollani e da Companhia Nacional de Bailado que foi acompanhada ao vivo pelo pianista Bernardo Sasseti.
Este ano o festival tentou abrir-se mais à cidade, com actuações e iniciativas no Parque e no Centro da Juventude. Estas parcerias “correram muito bem e são para continuar”, disse Aurelien Lino. Houve aulas abertas para crianças e para bebés que tiveram grande sucesso e que serão parra continuar fora do âmbito do festival.
O Musicaldas terá apoio do governo em 2012.
Testemunhos de estudantes e professores do Musicaldas
Cerca de 20 professores e 117 alunos estiveram juntos durante os cursos de Verão da edição deste ano do Festival Musicaldas, que decorreu no CCC, Centro de Juventude, ESAD e Parque D. Carlos I.
“Este ano houve menos 40 a 50 alunos do que no ano passado, mas apesar de tudo o balanço é bastante positivo”, disse Aurelien Lino, responsável pela organização do festival.
Gazeta das Caldas foi conhecer o percurso de alguns professores e alunos, bem como a sua perspectiva acerca dos cursos e da organização deste evento que teve lugar nas instalações da EBI de Sto. Onofre.
“No curso há um bocadinho menos de alunos este ano, e embora não seja bom para o curso e para a organização, dá mais espaço para cada um trabalhar individualmente. Em relação à experiência, acho-a óptima. Dentro da minha área toda a formação teve que ser feita fora porque em Portugal não há. Quem me dera a mim ter tido a oportunidade de fazer uma coisa destas! Tenho formação em guitarra clássica e por não haver baixo eléctrico, fui fazer outro instrumento. Fiz o conservatório e a licenciatura cá em Portugal, mas ao longo do tempo fiz workshops e masterclasses noutros países. Foram formações maioritariamente de baixo, mas tive aulas privadas com músicos de outros instrumentos. O último com quem tive foi com o Trilok Gurtu, um percussionista indiano e aí a ideia era aplicar as técnicas dele ao baixo porque eu gosto de tentar inovar.”
Eddy Slap, professor de Baixo Eléctrico, 33 anos, Évora
“Eu e os meus colegas de sopro tentamos fomentar a continuidade dos alunos. Este curso de verão é muito direccionado para alunos que sejam da região, bem como para outros. As pessoas estão cá uma semana num convívio muito pedagógico para que haja interacção entre duas pessoas que tocam o mesmo instrumento e não se conhecem. É uma semana intensa de trabalho, diferente de um ano lectivo normal, em que há aulas semanais e não há a possibilidade do convívio intensivo que há aqui.
A nível de desempenho, os alunos estão a corresponder aquilo que nós propomos. Por outro lado este ano notámos uma baixa a nível de alunos. Tentamos sempre incutir-lhes a responsabilidade de trabalho individual e desenvolver-lhes a autonomia. Esta escola não tem um número de salas suficientes para que cada aluno estivesse numa sala de estudo, o que resulta em alguns irem praticar para o exterior para não incomodar os outros”
José Cedoura, professor de Trompete, 35 anos, Caldas da Rainha
“Todas as experiências no Musicaldas são boas, mas estou a notar menos pessoas este ano. É possível que seja eu que estou a tocar melhor, mas noto um menor grau de exigência, pelo menos para mim, mas notei que o nível dos músicos é maior. Acho que as instalações podiam melhorar. Ouço muito os instrumentos que estão noutros sítios, não há muitas salas de estudo. Mas em princípio penso voltar nos próximos anos. O meu pai toca numa banda filarmónica e desde pequeno que o acompanho aos ensaios, e foi aí que começou. Tinha um amigo da banda que me estava sempre a pressionar com o trompete e quando foi hora de escolher o instrumento já o tinha na cabeça”.
Luís Mercês, aluno de Trompete, 15 anos, Caldas da Rainha
“A organização está boa, mas como há menos gente, por causa da crise talvez, deixa de haver alguns eventos. Hoje era para haver um concurso, mas só estavam três alunos para tocar e desistiu-se da ideia. Estava à espera de bons músicos e os que vêm para aqui são normalmente os que tocam há mais tempo.
A minha mãe andava no rancho e o acordeonista disse-me para começar a tocar e ofereceu-me um acordeão, e eu comecei a tocar. O professor, um dos melhores a nível nacional, ajuda a melhorar as músicas, coisas que andámos a trabalhar durante o ano. Depois também trabalhamos juntos, porque vêm acordeonistas de todo o país, e o tocar em conjunto é sempre uma experiência muito boa.”
Ruben Tavares, aluno de Acordeão, 14 anos, Caldas da Rainha
Óscar Morgado






























