Festa do Cinema Francês passou pelas Caldas da Rainha

0
593

Spartacus-DR copy copyOrganizado pela Embaixada de França em Portugal, o Institut Français du Portugal, a Unifrance Films e a Alliance Française (em parceria com os munícipios das cidades aderentes), a 16ª Festa do Cinema Francês acolheu 41 ante-estreias, sete das quais mundiais, e 40 sessões escolares.
Nas Caldas da Rainha, no primeiro dia do festival foram exibidos dois filmes dirigidos ao público escolar: o documentário “Il Était Une Forêt” (Luc Jacquet) e “Le Dernier Loup”, uma história de aventura com assinatura de Jean-Jacques Annaud, o realizador que apadrinhou esta edição.
Contudo, conta Maria do Carmo Brandão, directora da Alliance Française das Caldas, “a adesão ficou abaixo das expectativas”. A participação das escolas do concelho ficou aquém de outros tempos, sendo mesmo superada por escolas de Peniche, que trouxeram cerca de 60 alunos ao pequeno auditório do CCC.
“Os jovens pensam que os filmes franceses são muito parados, sem acção, mas a verdade é que a programação das Caldas é a prova do contrário”, acrescentou Maria do Carmo Brandão, referindo-se ao primeiro filme apresentado na sessão nocturna, “La Prochaine Fois Je Viserai le Coeur” (“Na Próxima Aponto ao Coração”, de Cédric Anger).
Cerca de 50 pessoas – a maioria falantes da língua francesa – juntaram-se para assistir ao drama policial (baseado num caso criminal verdadeiro) que conta a história de Franck Neuhart, um maníaco assassino que tem nas mulheres o seu alvo preferido. Geralmente, os crimes ocorrem a sangue frio nos carros que Franck aluga de semana a semana, depois das jovens inocentes aceitarem a sua boleia. Contudo, Franck é também um respeitado polícia que, ainda mais, faz parte do grupo de profissionais que investiga este caso na região de Oise, em França, onde o terror acontece (entre 1978 e 1979).
Quem esteve em falta na sessão de abertura foi Jean-François Blarel, embaixador de França em Portugal, uma vez que a embaixada francesa se encontra de luto, devido aos recentes massacres em Paris.
Documentário sobre duas crianças ciganas

No segundo dia, o documentário “Spartacus et Cassandra” (Ionais Nuguet) deu a conhecer a história (verídica) de duas crianças romenas.
Aos quatro anos, Spartacus mendigava na rua, aos sete trocou a Roménia por França, aos oito já sabia como roubar rádios de carros e aos 10 fugia de um centro de reabilitação. É aos 13 anos que o encontramos, juntamente com a irmã, Cassandra, de 10 anos, num acampamento localizado nos arredores de Paris. Retirados ao pai, um bêbedo que vive nas ruas, e à mãe, que sofre de abusos sexuais constantes, as duas crianças ficam ao cargo de Camille, uma jovem trapezista que tenta mostrar-lhes o caminho para a escola e a possibilidade de uma nova esperança.
Apesar do ambiente de pobreza ser evidente – não existe água quente para tomar banho e o acampamento está apinhado com lixo – estes dois irmãos são também a prova de como a felicidade pode chegar com pequenas coisas. Como seja, a troca da caravana onde dormiam por uma casa no campo em ruínas (que Spartacus, Cassandra e Camille vão reconstruindo aos poucos).
Contudo, “Spartacus et Cassandra” é igualmente uma amostra de como a integração dos jovens de etnia cigana na comunidade francesa ainda não é uma realidade. Continua a existir discriminação.

Maria Beatriz Raposo
mbraposo@gazetadascaldas.pt

- publicidade -