Domingo, 21 de Fevereiro, cerca de 20 autores juntaram-se na antiga fábrica de moagem Ceres para expor as suas obras numa feira que, ao final da tarde, contou com as leituras dos poetas José Ricardo Nunes e Nuno Moura. Caída a noite, o evento teve a animação em palco de cinco bandas, que actuaram na sala Stronghold. Esta foi uma iniciativa organizada pelo Grémio Caldense Instrução e Recreio e pela Associação Terapêutica do Ruído e que vai já na segunda edição.
Prints, posters, livros, ilustrações, serigrafias, gravuras, pinturas em tela, cerâmica, banda desenhada, CD’s, t-shirts e bijuteria. A variedade que se encontra em cada banca é de encher os olhos.
“Estamos a crescer, temos mais artistas a expor e mais bandas a actuar do que na primeira edição, realizada em Novembro do ano passado”, conta Francisca Vênancio, estudante do mestrado de Design Produto da ESAD e um dos elementos do Grémio Caldense. Também para este colectivo informal, actualmente composto por dez “grémios”, a feira se torna uma oportunidade para exibir o trabalho que desenvolvem ao longo do ano. Em particular, aquilo que é feito na residência artística que têm no Parqe Club, às terças-feiras, e de onde os desenhos da actividade “Desbunda Desenhada” serviram para ilustrar um calendário Erótico-Popular, depois impresso pela Animal Sentimental, uma editora independente das Caldas.
Segundo nos conta José Torres, outros dos grémios, “a feira serve o objectivo de aproximar a comunidade caldense às artes e à faculdade, mas também de trazer à cidade artistas que são de fora”. Um exemplo é Bárbara Lopes, que vem do Seixal e tomou conhecimento da feira via Facebook.
Licenciada em pintura, trouxe consigo ilustrações, prints e banda de desenhada. Curiosamente, quanto às histórias em quadradinhos, Bárbara conta que “são inspiradas em episódios reais”, que ela mesma experienciou quando trabalhava num cinema. “Assim que o movimento abrandava aproveitava para desenhar e apontar umas ideias”.
Na banca de Carina Sousa, que também vem de Lisboa, encontramos o Timóteo e a Gertrudes, duas personagens que Carina criou numa disciplina de Banda Desenhada e a quem resolveu dar vida fora do papel. “Faço estes peluches à mão, com o apoio da máquina de costura de pedal, e cada um sai diferente. Digamos que me dedico a fazer várias edições e modelos das mesmas personagens”, conta a jovem.
Gabriel, de nome artístico Le Funky, estudou em Évora, mas vive actualmente nas Caldas da Rainha. Representa exactamente a arte com que se autonomeou, o funky, e fá-lo através de telas, t-shirts, prints e tábuas de skate serigrafadas. Entre as suas criações encontramos a versão funky do bacalhau espiritual ou do Zé Ninja, uma figura típica alentejana.
Poesia à tarde, concertos à noite
A Douda Correria e a Mia Soave, editoras independentes de Nuno Mora, poeta alfacinha, trouxeram à feira a poesia que lhe faltava. “Na Douda Correria editamos dois títulos por mês, já a Mia Soave, embora seja mais antiga, tem menos publicações porque aposta no lançamento de um livro acompanhado de CD, o que implica mais investimento e tempo de preparação”, explica o autor, que leu ao público poemas dos seus livros “Carimbos & Tatuagens, LDA” e “Canto Nono”, o primeiro exemplar editado pela Douda Correria. Para Nuno Moura, “é nas leituras que os textos ganham vida” e, nalguns casos – como o seu, em que inventa palavras – “se acrescenta sentido à obra”.
José Ricardo Nunes também participou na sessão de leitura com uma selecção do livro “Poemas e Prosas” de Konstatinos Kaváfis (“Antes de o tempo os mudar”, “Ítaca”, “À espera dos bárbaros” e “As janelas”). Para o final, guardou “O Navio de Espelhos” de Mário Cesariny.
A seguir à poesia seguiu-se a música com os grupos dUAsSEMIcOLCHEIASiNVERTIDAS, Monte Isola, Joana Guerra, Half Asleep e Desflorestação.































