Sabia que durante os 90 anos em que vigorou o escudo (1911 a 2001) foram emitidos 13 tipos de notas que tinham valores entre 50 centavos e 10 mil escudos, perfazendo um total de 3.735.237.288 notas que, juntas, têm uma área superior a 42 quilómetros quadrados, maior que a cidade do Porto?
Esta é uma das curiosidades que podem ser satisfeitas com uma passagem pela exposição “As notas da República”, da autoria de Luís Tudella, que se encontra patente no Vivaci até ao início da próxima semana.
A mostra é composta por seis painéis onde estão representadas as 79 chapas correspondentes a 13 tipos de valores nota (frente e verso). Também se pode ver uma acção da Companhia de Grão Pará, no valor de 400 mil réis, que serviu de papel moeda e um documento de entrega de determinada importância em notas, da administração do Banco de Lisboa, o primeiro banco constituído em Portugal Continental, em 1821.
Há ainda uma cópia de um documento da entrega de dinheiro, feita pela administração do Banco de Lisboa, ao seu tesoureiro para ser posto em circulação, assim como algumas cédulas, que serviram de papel moeda durante a primeira Guerra Mundial, devido à falta de metal, que era utilizado para material bélico. Nessa altura, o Banco de Portugal autorizou que a Casa da Moeda e outras entidades, como câmaras e misericórdias, emitissem cédulas para registo de trocos. “Este novo conceito de papel moeda era por ser por seis meses e acabou por se manter durante seis anos”, explicou Luís Tudella à Gazeta das Caldas.
De acordo com o coleccionador, a nota que circulou durante mais tempo foi a de 20 escudos com a esfinge de D. António Luís de Menezes, um fidalgo que se notabilizou nas guerras da Restauração. Algumas das notas ficaram conhecidas por motivos diversos devido à sua cor ou a acontecimentos que protagonizaram. A de 500 escudos, com a esfinge de Vasco da Gama ficou conhecida como a nota-camarão, devido à cor obtida, resultado da solução de ácido cítrico em que era mergulhada para cortar o cheiro da tinta que possuía.
Esta foi também a nota que deu origem ao célebre caso de Alves dos Reis, um burlão que conseguiu mandar fazer uma nova emissão desta nota.
A nota de 20 escudos com a esfinge de D. António Luís de Menezes ficou conhecida como “folha de alface”, pois o verde ganhava uma vivacidade grande quando a nota era molhada.
Algumas notas foram retiradas de circulação, como é o caso das notas de 500 escudos com a esfinge do primeiro vice-rei da Índia, D. Francisco de Almeida e a nota de mil escudos com a esfinge do rei D. Dinis, depois de ter sido assaltada a agência do Banco de Portugal, na Figueira da Foz, levada a cabo pela LUAR – Liga da Unidade e Acção Revolucionária, movimento armado que combatia o antigo regime.
Também houve uma nota com a esfinge da rainha D. Leonor, feita no ano de 1943 e com o valor de cinco contos, mas que nunca circulou e que acabou por ser destruída em Fevereiro de 1974.
Entre todas as notas emitidas durante a Republica, Luís Tudella tem um carinho especial pela nota de 20 escudos com a esfinge de Santo António que, destaca, “foi muito bem acolhida pelo povo”. O coleccionador sublinha que as notas são um meio especial de divulgação da cultura de um povo, uma vez que representam “os nossos mais emblemáticos monumentos e gravuras sobre motivos e espelham e projectam o sentimento nacional”.
A mostra, que é sequência de um livro publicado aquando do centenário da República, já esteve patente em Bragança e no Arquivo Distrital de Leiria. Actualmente está a ser equacionada a possibilidade de ir para a Guarda.
Para a administração do Vivaci ,esta “magnífica exposição do coleccionador Luís Tudella é verdadeiramente uma acção de serviço público pois permite mostrar aos mais jovens a história do nosso escudo português e recordar aos menos jovens as notas de outros tempos”.






























