
“Os bons samaritanos de Markowa” intitula a exposição que se encontra patente até ao próximo dia 16 de Agosto na Galeria Osíris, nas Caldas da Rainha. A mostra, que relata a história de uma família polaca morta pelos alemães por ter ajudado os judeus durante a II Guerra Mundial, foi inaugurada pelo embaixador da República da Polónia em Portugal, Bronislaw Misztal. A cerimónia decorreu a 1 de Agosto, data em que se assinala o Dia da Insurreição de Varsóvia à ocupação alemã, ocorrido em 1944.
A perseguição alemã aos judeus deixou marcas profundas na localidade de Markowa, situada a sudeste da Polônia, a cerca de 400 quilómetros a sul de Varsóvia. Na vila, que antes da segunda guerra tinha 4500 habitantes, entre eles 120 judeus, vivia-se essencialmente da agricultura, utilizando modernas técnicas agrícolas e uma grande abertura ao mundo. Josef Ulma era um desses casos. Além de cultivar o campo, tinha como passatempos a fotografia, jardinagem, criação de bichos da seda e a construção de máquinas.
Casado com Wiktória Niemczak e pai de seis filhos, Josef Ulma viu a sua vida mudar em 1942 com a ocupação da localidade polaca por parte dos alemães e o assassinato da maioria dos cidadãos judeus que ali viviam. Os Ulma foram uma das nove famílias que, perante a carnificina, ajudaram a esconder os vizinhos judeus.
No entanto, na Primavera de 1944 foram denunciados, muito possivelmente pela polícia polaca da aldeia vizinha de Lancut (que trabalhava para os alemães), e a 24 de Março toda a família foi morta em praça pública, assim como os judeus que acolhiam.
Dos 120 judeus que vivam em Markowa, apenas 21 sobreviveram à ocupação alemã, escondidos nas casas dos agricultores.
É esta “história triste mas emblemática dos destinos de judeus e polacos” que a Embaixada da República da Polônia em Portugal quer mostrar com a exposição “Os bons samaritanos de Markowa”, agora patente nas Caldas da Rainha.
Composta por vários painéis, a mostra inclui aspectos da vida quotidiana da aldeia e dos seus habitantes, particularmente da família Ulma, antes e durante a ocupação alemã. É possível encontrar diplomas dos agricultores e imagens do seu trabalho no campo e jardins, aspectos da vida espiritual (existiam duas sinagogas na localidade) e das actividades sociais, cívicas e artísticas dos seus habitantes.
Esta é a primeira vez que a exposição sai de Lisboa, depois de ter estado na Universidade Católica. A escolha das Caldas prende-se com o facto desta cidade também ter uma forte ligação aos refugiados judeus durante a II Guerra Mundial, tendo acolhido muitas famílias. “O objectivo foi mostrar um outro capítulo do mesmo livro”, disse o embaixador Bronislaw Misztal.
“Os judeus que passaram pelas Caldas eram mais ricos, mais educados e com famílias no estrangeiro. Os que ficaram na Polónia eram mais pobres, sem educação e com um destino muito mais triste”, realçou.






























