Os ateliers de cerâmica para estrangeiros começaram a funcionar no Linhas da Terra há dois anos. Quem os coordena é o ceramista Vítor Mota – um dos autores da colecção de cerâmica da Gazeta da Caldas – que tem ajudado na formação deste futuros ceramistas, que têm idades entre os 60 e os 84 anos, quase todos estrangeiros reformados e residentes nos concelhos de Alcobaça e Nazaré.
“Tentamos que percebam que é preciso regularidade para aperfeiçoar a técnica e obter melhores resultados”, explicou o coordenador, acrescentando que nem sempre é fácil, dado que os formandos têm alguma dificuldade em manter o ritmo pois às vezes têm de ir ver os familiares aos seus países de origem ou recebem cá as visitas de amigos e não é fácil fugir aos compromissos. Ainda assim, o número de formandos está a crescer pois tem funcionado o passa a palavra e alguns vão trazendo os amigos e familiares para experimentar como se trabalha o barro.
Vítor Mota gostou do empenho dos seus alunos na produção das peças para a exposição e explica que a marca Linhas da Terra está de vento em popa, dando resposta à loja, às encomendas e aos pedidos de formação no atelier. “É uma marca, ligada à cerâmica, que aos poucos está a ganhar o seu espaço e a cumprir os objectivos para que foi criada”, disse o ceramista.
Este ano os formandos tiveram um desafio: fazer uma obra inspirada nas Caldas. O resultado está patente na exposição e destaca-se das restantes peças. Alguns preferiram inspirar-se em Bordalo Pinheiro ao passo que outros preferiram caracterizar a própria localidade, criando peças onde surgem os seus lugares simbólicos, desde a Praça da Fruta, ao Hospital Termal até ao Jardim d’ Água de Ferreira da Silva.
Além das peças dos seus alunos e das do formador, desta exposição também fazem parte obras de outro ceramista caldense, Jorge Lindinho. Este formou-se em olaria em 1987 e apresentou uma série de animais coloridos.
A inauguração da mostra contou com as presenças de Ana Leal, responsável pelo Conselho da Cidade (que iniciou um conjunto de visitas a espaços como o Linhas da Terra nas Caldas) e Vítor Marques, presidente da Junta da União de Freguesias de N. Sra. Pópulo, Coto e S. Gregório.
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“O Vítor Mota é realmente um bom professor”
“Sou uma das primeiras alunas e comecei há dois anos. Aproveito para fazer peças em cerâmica para oferecer aos amigos. Sim, tivemos que fazer algo sobre as Caldas e eu escolhi fazer um prato figurativo com os edifícios simbólicos da cidade. Inclui a igreja, o tribunal, a Praça da Fruta, a obra Jardim d’Águas de Ferreira da Silva e a chaminé da Hospital Termal.
O Vítor Mota é realmente um bom professor e ajuda-nos a concretizar o tipo de peças que queremos.
Estou reformada e eu e o meu marido viemos viver para aqui, depois de termos vendido tudo na Holanda. Gostámos do clima do Oeste pois não é tão quente como o Algarve e eu queria viver junto à costa. Não há mais nada que se possa desejar”.
Annika Woude (Holanda)
Zambujeiro – Serra do Bouro
“Adoro viver no Oeste”
“Adorei trabalhar desde o momento em que experimentei. As três horas no atelier de cerâmica voam! Pediram-nos uma peça sobre as Caldas e eu decidi representar alguns edifícios emblemáticos como o prédio Korrodi (Largo Dr. José Barbosa), o Café Baía, a chaminé do Hospital Termal e o edifício da Junta de Freguesia.
Adoro viver no Oeste. É calmo e seguro e gosto muito do céu azul das Caldas. Viver perto da Lagoa de Óbidos é muito agradável para nós vivermos nesta altura da nossa vida”.
Rhona Heslegrave (Inglaterra)
Nadadouro
“A minha homenagem ao vinho”
“Escolhi esta região por causa do “sun, sea and sand” (Sol, mar e areia). Há um ano que aprendo no atelier do Vítor Mota e adoro trabalhar em cerâmica.
A minha peça inspirada nas Caldas é uma caixa, decorada com um cacho de uvas, pois gosto da forma e da cor das mesmas. Decidi fazer este tipo de peça depois de visitar o Museu de Cerâmica e ter visto as peças inspiradas no naturalismo. Nesta região também se produz vinho e daí a minha homenagem”.
Gary Ballard (EUA)
Serra da Pescaria – Nazaré
“Inspirei-me em Bordalo Pinheiro”
“Gosto muito de fazer cerâmica pois sempre apreciei fazer trabalhos manuais. Viemos muitas vezes a Portugal de férias e decidimos vir viver para aqui, após termos analisado a possibilidade de morar no Algarve e no Alentejo.
Vítor Mota é um bom professor, um bom homem e há uma boa atmosfera de trabalho.
Inspirei-me em Bordalo Pinheiro para fazer esta rã, que é tão comum no seu trabalho. Gostei muito de participar nesta mostra e sim, vou continuar a trabalhar com o Vítor Mota”.
Thomas Hanson (Holanda)
Serra do Bouro