A iniciativa contou com participantes do Kuwait, de Espanha, do Canadá e de Portugal. Ao todo perto de 20 estudantes, de áreas tão diversas como arquitectura, ensino cerâmico, artes plásticas e artes e media, reuniram-se nas Caldas para realizar visitas guiadas, conferências e aulas práticas com docentes, artesãos e artistas caldenses.
“Portuguese Ceramics Now Workshop”, assim se designou a iniciativa que levou 16 estudantes a dar vida às oficinas de cerâmica da escola de artes caldense. Foram feitas visitas ao Museu Nacional do Azulejo e ao Palácio Fronteira, ambos em Lisboa. Nas Caldas, foi visitada a fábrica, a loja e a área museológica da Fábrica Bordallo Pinheiro, assim como alguns ateliers de designers locais. “Foi uma óptima iniciativa para dinamizar os nossos recursos”, disse o sub-director João Mateus que fez algumas experiências relacionadas com a impressão 3D com o grupo.
Segundo o docente, no início da experiência esteve a ligação a um grupo de dez alunos de uma faculdade de arquitectura do Kuwait que revelaram interesse em participar no evento. “Abrimos mais vagas e conseguimos estudantes para realizar o workshop de Verão”, acrescentou o responsável afirmando à Gazeta que a experiência terá continuidade pois “contribui para a internacionalização da escola e do IPL”.
Da iniciativa fizeram parte workshops sobre a técnica da verguinha com a artesã Adélia Martins e também de cerâmica contemporânea com Vítor Reis, escultor e ceramista formado na ESAD, que propôs ao grupo exercícios feitos a partir de lastra, assim como alguns trabalhos onde usaram texturas naturais, oriundas do pinhal da escola.
Verguinha “é difícil de aprender”
Letícia Munoz, de 42 anos, veio de Maiorca (Espanha) para participar nesta iniciativa. Explica que a faculdade onde lecciona cerâmica tem um protocolo de Erasmus com a escola caldense e por isso não quis perder a oportunidade de aprender técnicas tradicionais da cerâmica portuguesa. “Gostei do grupo, da qualidade profissional, do trato, dos companheiros e dos professores”, referiu a docente.
Sobre a técnica da verguinha diz que esta parece fácil mas na verdade “é muito difícil de aprender”. Letícia Munoz gostaria de regressar à ESAD e trazer os seus alunos pois considera que as condições da escola caldense “são óptimas”.
Stanley Fevrier, 42 anos, veio da Universidade de Montreal, no Québec (Canadá), onde estuda Artes e Media. Foi através de amigos espanhóis que soube da realização desta iniciativa e quis vir aprender um pouco mais sobre técnicas tradicionais pois pretende combiná-las com as novas tecnologias. “Quero regressar e vir cá estudar durante alguns meses”, disse o estudante, satisfeito com a realização na ESAD.
A artista plástica Ana Cruz, de 34 anos, também não quis perder a oportunidade de integrar este grupo. A ceramista que desenvolve o seu trabalho artístico numa oficina nas Caldas afirmou que aproveitou o workshop para conhecer a faculdade, os professores e as oficinas. “A escola tem muitas condições de trabalho e gostei desta oferta ligada à cerâmica tradicional que nos dá boas bases para fazer algo mais contemporâneo”, disse a autora, que viu o seu trabalho, em parceria com a ceramista Maria Betânia, obter uma menção honrosa num concurso em Saragoça. As duas artistas portuguesas são representadas por uma galeria especializada em cerâmica naquela localidade espanhola.
Maria Brito, 21 anos, de Arruda dos Vinhos e André Sancho, 25, de Faro são dois alunos que finalizaram o seu curso de Design de Produto de Cerâmica e Vidro na ESAD e vieram participar neste workshop internacional. Ambos gostaram do grupo e de aprender técnicas tradicionais como a verguinha que requer “muita paciência e tempo”.




































