Estela Costa assinala 25 anos de gravura no CCC

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A caldense está a celebrar o primeiro quarto de século dedicado à gravura, arte que a autora gosta pois aprecia trabalhar todo o processo

Galeria acolhe gravuras de artista formada na ESAD.CR e que trabalha em projetos em Benavente. “Originários” é uma retrospetiva da obra da artista plástica.

A exposição “Originários”, de Estela Baptista Costa, abriu portas no sábado, 24 de setembro, na galeria do CCC. Foi com a presença de muitos familiares e amigos, que foi inaugurada a mostra que reúne a obra gráfica da artista plástica nos últimos 25 anos.
As primeiras obras foram feitas quando a autora frequentava os primeiros anos do curso de Artes Plásticas na ESAD, em 1996 quando Estela Costa descobriu a técnica da gravura com o professor, o pintor Mário Tropa.
“Até então nunca tinha ouvido falar da técnica”, disse a autora enquanto fazia uma visita guiada à exposição com Gazeta das Caldas. Desse primeiro período de trabalhos está presente a gravura “Rómulo”, quando a autora trabalhava o tema da mitologia. Também experimentou gravar em novos materiais para as matrizes como o alumínio e, por isso, trouxe “A gata Mia” e a obra “As banhistas”, referentes a este primeiro período de trabalho e de descoberta desta técnica ancestral.
Em 1998, foi convidada a ser assistente do gravador português, Bartolomeu Cid dos Santos, sediado em Londres há décadas. “Correu tudo muito bem”, disse a caldense acrescentando que o gravador acabou por ser seu mestre, tendo trabalhado com ele em vários projetos.
Em 2000 terminou o curso de Artes Plásticas e com o apoio do professor de Artes Plásticas, Pedro Campos Rosado, conseguiu desenvolver vários projetos, entre eles a coleção “As regras do jogo” e a “Mala de Jogo”, tendo a gravura Plateau sido selecionada para representar Portugal na exposição internacional de ilustração de Montreuil, em Paris, no final de 2000.
No ano seguinte, findo o curso de Artes Plásticas, foi convidada a realizar obras sobre o tema da violência doméstica, a convite da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima – APAVD. Estão presentes em “Originários” trabalhos sobre este drama, transversal a todos aos géneros e faixas etárias, mas “com consequências mais dramáticas para as mulheres”, referiu a gravadora caldense.
Dois anos depois, Estela Costa já se encontrava a trabalhar no Museu Malhoa quando participou na exposição coletiva das comemorações dos 75 anos de elevação das Caldas a cidade. E concebeu a coleção “Casting para rainha”, uma série que mantém atualidade e que pode ser apreciado nesta retrospetiva.
Em 2004, a autora casou e mudou-se para o concelho de Vila Franca de Xira, onde reside atualmente. Até 2011, e já sem o apoio e o acesso à oficina de gravura da ESAD.CR, foi gravando em vários locais: na histórica Cooperativa de Gravura, no Bairro Alto, no Centro Português de Serigrafia e no Atelier Arte e Expressão nas Caldas e ainda num atelier improvisado na casa da família, em Salir de Matos.
Apesar das dificuldades, nunca recusou um convite por falta de sítio para trabalhar, excepto quando foi mãe, em 2011 e deixou de gravar durante cinco anos, por opção.
Em 2005 começou a trabalhar na Companhia do Eu, a escola de escrita criativa do poeta e escritor Pedro Sena-Lino. Nesse ano, ele lançou-lhe o desafio de fazer uma gravura a partir do verso “tão nu de ti como as árvores das estrelas”. Foi a partir desta gravura que Estela Baptista Costa descobriu o seu amor pelas árvores. “Estas transformaram-se numa espécie de meu alter ego…”, contou a autora que as representa como se fossem pessoas. Até à atualidade, são inúmeras as gravuras em que surgem árvores, assim como homenagens a vários poetas e também à poesia.
Numa parceria com o Museu de Benavente, a caldense está atualmente a desenvolver uma residência artística no Espaço Gravurar, situado no Núcleo Museológico de Benavente.
É neste espaço que a caldense tem aprofundado o seu lado de educadora pela arte. Em parceria com o município local, explora novas técnicas de fazer gravura, numa vertente mais ecológica e alternativa, trabalhando com alunos de várias escolas daquela região.
Em 2019, uns meses antes da pandemia, esta mesma mostra abriu em Bruxelas, numa altura em que autora assinalou os 20 anos do seu trabalho gráfico.
“Originários” é uma exposição a não perder, e vai estar patente na galeria do CCC até ao próximo dia 6 de novembro.

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