Abriu a 2 de Dezembro, no Espaço Turismo, uma exposição de presépios do Atelier de S. Miguel (Salir de Matos), feitos por Fernando e por Milena Miguel. A autarquia caldense está apostada em criar um roteiro dos ateliers do concelho das Caldas. “São mais de 40”, referiu o vice-presidente Hugo Oliveira na inauguração, tendo ainda afirmado que prevê a aquisição de um espaço no centro da cidade onde vão estar ceramistas a trabalhar, no qual se poderá adquirir as suas obras.
A sala de exposições do Turismo está agora povoada de vários presépios. Todos diferentes entre si. Têm, porém, uma característica em comum: todos requerem um trabalho de grande minúcia. Não falta a Sagrada Família, os Reis Magos e os animais, anjos e estrelas que completam as diferentes propostas. Há exemplares de vários andares e outros que decoram grandes peças de cerâmica tradicional. Apesar de serem marido e mulher, no trabalho, Fernando e Milena têm linguagens diferenciadas.
“A nossa oficina está aqui representada pelas peças sacras, tal como pede a quadra natalícia”, explicou Fernando Miguel, filho e neto do ceramista Alberto Miguel e do oleiro Artur Caldeira. Na sua casa, no Formigal (Salir de Matos), há uma sala museu de família onde se expõem peças do espólio daqueles dois autores que fizeram nome na cerâmica local.
Fernando Miguel referiu também que a autarquia local quer recuperar a imagem de Terra de Cerâmica e que já sente a repercussão dessa aposta. Tem recebido um acréscimo de visitantes no seu espaço e há mais gente a visitar as Caldas “com a ideia de vir contactar com a cerâmica”.
A oficina de Fernando e Milena Miguel trabalha todo o ano e o casal representa as Caldas em vários certames de artesanato, que se realizam de Norte a Sul do país.
O Atelier já foi distinguido várias vezes com prémios nacionais, entre eles o 1º prémio de Artesanato Tradicional, da Feira Internacional do Artesanato, há três anos. Fernando Miguel aproveitou para sugerir uma presença mais forte do município das Caldas neste certame, que atrai milhares de visitantes.
O autor fez um balanço positivo sobre 2016 pois já se nota alguma retoma. “Voltou o interesse pelas artes do nosso povo, pela cerâmica antiga”, disse o artista, que se dedica à arte popular. Em muitos dos seus trabalhos, Zé Povinho é uma das principais personagens.
O ceramista gostaria que os jovens se voltassem a interessar por esta forma de arte. Os filhos do casal não têm intenção de prosseguir na cerâmica. No entanto, Fernando Miguel não perde a esperança de os ver “entrar na nossa oficina e sujar as mãos no barro”.
Na exposição há alguns exemplares para venda e outros de colecção. Os ceramistas recebem também encomendas das suas peças.
A partir do dia 8 de Dezembro, Fernando e Milena Miguel também vão estar representados na exposição de presépios das Gaeiras.
Um roteiro de ateliers
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O vice-presidente da Câmara, Hugo Oliveira, aproveitou a ocasião para dar a conhecer que a autarquia quer criar a Rota dos Ateliers de Cerâmica e que, ao todo, em todo o concelho das Caldas há 40 ateliers de cerâmica activos. Estes irão constar de uma rota turística destinada a dar a conhecer como é feita a cerâmica dos dias de hoje.
Todos os ateliers foram visitados e foi feito o levantamento fotográfico de modo a fazer um folheto identificativo. Os responsáveis foram questionados para saber se há condições para virem a receber visitas e realizar workshops naqueles locais.
No âmbito do Plano Estratégico de Desenvolvimento Urbano (PEDU), está ainda identificado um espaço no centro da cidade onde a cerâmica vai estar em destaque. Pretende-se que seja um local com ceramistas a trabalhar e um ponto de venda permanente. Em negociação já está a aquisição de um espaço que poderá ter um papel importante no que diz respeito a fazer chegar a cerâmica mais próximo do público. O PEDU será implementado até 2020.
A exposição de presépios do Atelier S. Miguel vai estar patente no Espaço Turismo, ao cimo da Praça da Fruta, até dia 31 de Dezembro, entre as 10h00 e as 13h00 e das 14h00 às 18h00.