

“Hoje Como Ontem Diferente de Amanhã”. Assim se designou a iniciativa que decorreu a 11 de Março no Espaço Concas e que incluiu a inauguração de uma exposição colectiva e uma maratona para adicionar nomes de artistas portuguesas na Wikipédia. O evento foi complementado com a apresentação “Faz sentido falar de feminismo no século XXI?”. A jurista Anabela Cravinho acha que sim, que ainda há um longo caminho a percorrer na conquista dos direitos da Mulher.
Em 2013, quatro amigas norte-americanas resolveram colmatar uma falha de informação que há na internet. Arregaçaram as mangas e colocaram na Wikipédia biografias sobre artistas mulheres de várias nacionalidades. Entretanto, “a iniciativa migrou e hoje é feita à escala global”, disse Cristina Cravinho, a organizadora deste evento nas Caldas e que também teve lugar nos Maus Hábitos, no Porto.
A artista plástica formou-se na ESAD e encontra-se em residência artística no Centro de Artes caldense. “Neste momento há sessões similares a esta em Nova Iorque, Buenos Aires, Cidade do México, Londres, Berlim, Paris e Florença”, referiu. E os participantes estão todos a trabalhar ao computador, introduzindo biografias de mulheres artistas, seleccionando informação em catálogos e livros.
Nas Caldas, nesta “4ª edição do Art + Feminism” foram trabalhados os percursos de artistas como Margarida Kendall, Isabel Pavão, Leonor Antunes, Júlia Ventura, Madalena Cabral, Maria Beatriz, Matilde Marçal, Catarina Baleiras e Dorita Castel-Branco.
No mesmo dia foi inaugurada a exposição colectiva “Hoje como Ontem diferente de amanhã” que vai ficar patente até 8 de Abril. Desta fazem parte obras de 10 mulheres artistas ligadas às Caldas e à ESAD.
José Antunes, director do Centro de Artes, apreciou a ideia de abrir o Espaço Concas a esta iniciativa. “Mais do que proclamações dos direitos das mulheres, é preciso fazer-se algo”, disse o responsável que, por questões profissionais, também sente que falta na internet muita informação sobre autoras portuguesas. “Só no ano passado é que colocámos na Wikipedia a biografia da Concas”, exemplificou. No entanto, José Antunes sublinhou que há três autoras – Paula Rego, Vieira da Silva e Joana Vasconcelos – que estão “na Primeira Liga do mundo das artes”, rematou.
Leonardo Quintaneiro estuda Artes Plásticas e foi um dos participantes da maratona da Wikipédia. Veio ao evento após ter constatado num documentário a baixa percentagem de obras de mulheres artistas nos museus. “Estive a fazer a biografia de Margarida Kendall e gostei de conhecer o seu percurso artístico”, disse o participante, acrescentando que, se houver mais datas, “quero continuar a fazer este trabalho, dando a conhecer ao mundo quem foram estas autoras”, rematou.
A docente na ESAD Catarina Leitão também participou, tanto na exposição como na maratona, pois acha necessário fazer esta sensibilização. O processo não é automático e é sujeito a aprovações da própria Wikipedia.
O evento foi complementado com a apresentação “Faz sentido falar de feminismo no século XXI?”. A jurista Anabela Cravinho, que está a realizar o seu doutoramento em Sociologia e trabalha com mulheres vítimas de violência doméstica, foi a oradora desta sessão e considera que faz sentido continuar a falar-se de feminismo pois “há muito caminho a fazer, num mundo muito desigual nas áreas sociais e laborais”. Na sua intervenção deu vários exemplos, fundamentados com percentagens e estatísticas. “Há 62% de doutoradas no país e só tivemos três reitoras”, rematou.






























