Escritor brasileiro escreve livro durante residência artística em Óbidos

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Gazeta das Caldas

CuencaO escritor brasileiro João Paulo Cuenca encontra-se em Óbidos para participar numa residência artística integrada no Fólio – Festival Internacional Literário de Óbidos, que decorre entre 15 e 25 de Outubro. Durante este período, fica alojado na habitação criativa Josefa d’Óbidos, cujo mobiliário foi criado especialmente para o efeito por alunos do curso de Design de Ambientes, da ESAD.

Autor de obras como “O dia Mastroianni” ou “A última madrugada”, João Paulo Cuenca está em Óbidos a fazer uma residência literária, da qual resultará um novo livro tendo por referência esta vila. Será também em Óbidos que irá lançar, durante o Folio, o seu novo romance “Descobri que estava morto”, e que cuja temática se centra no Rio de Janeiro nos anos pré-olímpicos.
João Paulo Cuenca chegou a Óbidos no passado dia 2 de Setembro e tem gostado do que viu. “É uma terra encantadora”, disse o escritor brasileiro que gosta particularmente de andar pelas ruas à noite, “longe do barulho dos turistas”. Mas o seu destaque vai para as livrarias do Mercado e de Santiago. “São duas das livrarias mais incríveis que já vi na vida, é uma loucura chegar e deparar-me com livrarias tão incomuns”, disse, realçando também o estado de preservação da vila.
A convite do festival literário está a fazer uma residência artística até 29 de Novembro e, durante esse período, irá escrever uma obra. Ainda não tem tema, mas já anda a pesquisar sobre casas fantasmas. “Existe um fórum na internet chamado “Portugal Fantasma” e existem várias casas assombradas em Óbidos”, contou o autor, que se diz “super empolgado e animado com esta etapa”.
O autor brasileiro é também colunista na Folha de S. Paulo e pretende relatar também nesse jornal a sua experiência por terras lusas.
Durante o tempo em que está em Óbidos, João Paulo Cuenca fica instalado na habitação criativa Josefa d’Óbidos, uma casa antiga recuperada pela autarquia em 2014 e cujo mobiliário foi criado por alunos do segundo ano de Design de Ambientes, da ESAD.
De acordo com Filipe Alarcão, coordenador do curso de Design de Ambientes, o desafio colocado aos alunos foi o de desenvolver um projecto que fosse reversível, permitindo depois que a casa voltasse a ter outra ocupação. “Por outro lado, interessava-nos que o escritor se sentisse confortável”, disse, destacando que as peças de mobiliário criadas foram depois desenvolvidas nas oficinas da escola de arte e design caldense.
O espaço agradou a João Paulo Cuenca que depois de conhecer todos os recantos, confessou que irá escrever sobretudo no jardim.

Meia centena de escritores confirmados

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Luis Fernando Veríssimo, Raquel Kushner, Ungalari ba ka Kossa, Reinaldo Moraes, Gonçalo M. Tavares, Mia Couto, Carola Saavedra, Ricardo Araújo Pereira e Pedro Mexia são alguns dos 50 escritores já confirmados para esta primeira edição do festival. Haverá 16 mesas em que os participantes irão discutir temas da actualidade, assim como “conversas de bolso”, ou seja, encontros improváveis que juntam pessoas com estilos e posições diversas.
O presidente da Câmara, Humberto Marques, espera que esta primeira edição do festival seja a afirmação da estratégia iniciada com a rede de livrarias do programa Óbidos Vila Literária e o ponto de encontro dos “melhores escritores”.
O programa incluirá ainda música, teatro, cinema, exposições, aulas, maratonas de leitura, iniciativas através das quais, segundo a organização, os artistas celebrarão “o triângulo Portugal – África – Brasil”, sob o mote da “folia”.
O festival tem como curadores José Eduardo Agualusa, na área dos Autores, Anabela Mota Ribeiro, na área da Folia, Teresa Calçada e Maria José Vitorino, na área da Educação, e Mafalda Milhões, na área da Ilustração. O orçamento é de cerca de meio milhão de euros, comparticipados por fundos comunitários, e nesta primeira edição o enfoque é dado aos autores que compõem o universo lusófono.

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