“Heranças e Individualidades” dá título à exposição de Elsa Rebelo que se encontra patente no Museu da Cerâmica até 30 de Agosto. Ao todo podem ser apreciadas 135 peças onde a autora, que é também directora artística e criativa na Fábrica Bordallo Pinheiro, mistura várias matérias e técnicas criando um original trabalho cerâmico contemporâneo.
“À votre santé”. Foi com um brinde em redor das peças cerâmicas com o mesmo nome que terminou a visita guiada pela exposição de Elsa Rebelo no Museu da Cerâmica. Durante a inauguração, que teve lugar no dia 25 de Julho, os presentes tiveram ainda a oportunidade de conhecer mais de uma centena de peças feitas pela artista.
“Foi obra!”, brincou a autora durante o evento, lembrando que este é o resultado de largos meses de trabalho e que se foi, “apaixonando cada vez mais pelos diálogos com as matérias primas”.
Conjuntos de trabalhos com os títulos “Conexões”, Cumplicidades”, “Forma de Expressão”, “Aflorar I e II”, “Eterno Retorno”, “Maré Baixa”, “Orla de Gamelas” ou “Jardim Privado”, “Paisagem da matéria I e II” e “Rio”, são os propostos nesta exposição onde a artista utiliza técnicas centenárias, mistura pigmentos, trabalha as texturas e conjuga as matérias de uma forma livre. Não faltam também as “Jóias da Coroa” que são um conjunto de peças onde Elsa Rebelo aplica ouro em barro vermelho e combina outros metais preciosos com a cerâmica.
“Agrada-me ir buscar reminiscências da memória para fazer peças contemporâneas”, disse, revelando que os seus trabalhos têm por trás uma grande história, encontrando exemplos nos mestres Manuel Mafra e Rafael Bordallo Pinheiro. Com os oleiros Armindo Reis e João Reis, aprendeu as formas da olaria caldense e teve também como referências os ceramistas Herculano Elias, Armando Correia e Ferreira da Silva. Na fábrica dos pais, começou ainda em criança, e juntamente com a irmã, a fazer as primeiras peças, que depois eram vendidas numa loja junto ao Termal e o dinheiro usado para comprar as guloseimas do Verão.
Esta foi a primeira exposição da autora num museu, depois de já ter mostrado os seus trabalhos em galerias e ter participado em projectos conjuntos com outros artistas.
Carlos Coutinho, director do Museu da Cerâmica, disse que Elsa Rebelo “traz uma herança cultural muito grande” e que esta “arrisca e inova tanto nos vidrados e formas, como na maneira como nos são apresentados os objectos, que deixam se ser apenas utilitários para serem obras de arte”.
Também presente na inauguração, a vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira, falou da importância das exposições de autor, destacando que estas mostram o interesse que os artistas continuam a ter pela cerâmica. A autarca acredita que a “nuvem negra” que se abateu sobre o sector, com o encerramento de fábricas e até um menor interesse pelo curso que é leccionado na ESAD, está a desaparecer. Já começam a aparecer mais alunos interessados no curso de Design de Produto (Cerâmica e Vidro) e cada vez mais jovens, “como é o caso da Elsa [Rebelo], estão a afirmar-se como ceramistas de autor”.
Maria da Conceição Pereira defende que as Caldas tem que acompanhar “essa onda”, estando já a preparar a Festa da Cerâmica, que é coordenada pelo historiador João Serra. Por outro lado, pretende que seja criado um espaço onde os ceramistas possam trabalhar e mostrar aos visitantes aquilo que produzem.
Continuar a identificar as Caldas com os melhores neste sector é o objectivo, segundo a autarca que vê em Elsa Rebelo um “nome que está a par dos grandes artistas portugueses na cerâmica”.
Elsa Rebelo – a artista que pega nas reminiscências da memória para fazer peças contemporâneas
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