As Salas Cinzentas, no Céu de Vidro, transformaram-se na sede do Dreamatorium, evento que leva iniciativas artísticas ao público através do on-line

O Céu de Vidro recebeu residências artísticas. Ao todo, 12 artistas, sob coordenação da Eletricidade Estéticas, criaram propostas que vão ser dadas a conhecer ao público com recurso ao on-line. Apesar do confinamento ter cancelado os eventos presenciais, esta iniciativa, designada Dreamatorium, prova que é possível “continuar a fazer a arte acontecer”.

Dreamatorium é como se designa o primeiro evento artístico on-line da Electricidade Estética, uma ideia que segundo Patrícia Faustino, uma das responsáveis daquele colectivo, surgiu da necessidade de “se fazer algo on-line face à situação que estamos todos a viver”.
A organizadora explicou à Gazeta das Caldas que o facto de terem cancelado os seus eventos, “não fez desaparecer a vontade de fazer a arte acontecer, pois o público continua a existir e os artistas a produzir”.
A ideia de fazer algo com recurso ao digital obteve o apoio do presidente da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório, Vítor Marques, que sugeriu ao colectivo que usasse o espaço desocupado das Salas Cinzentas, espaço interior ao Céu de Vidro “como base de algo que pudesse acontecer on-line a partir dali”. E desde o dia 25 de Maio que o espaço está a ser ocupado, de forma intercalada, por vários autores que vão desenvolvendo os vários projectos artísticos recorrendo à internet, até à passada terça-feira, 30 de Junho.
Os autores trabalharam em várias vertentes desde as exposições de pintura, gravura e de cerâmica. Outros participantes trabalharam a instalação, enquanto outros preferiram apresentar performances, uma delas que faz a interligação entre o corpo e o barro.

Uma dúzia de artistas a participar

No Dreamatorium, projecto artístico caldense que usa os meios digitais para chegar ao público – estão a participar 12 artistas: Bartolomeu Gusmão e Sebastião Gusmão, Fernando Travassos e Rudi Brito, Ana Lúcia Marcelino e Miguel Sousa, Miguel Júnior e Cláudia Tomás, A.Isa Araújo & Cláudio Sousa, Axelle Gonçalves e Carlos Alexandre Rodrigues.
O lançamento e a apresentação pública de Dreamatorium será feita on-line, no decorrer do mês de Julho, ainda em data a confirmar, referiu a mentora desta iniciativa.
Questionada sobre uma eventual segunda edição desta iniciativa, Patrícia Faustino não excluiu aquela possibilidade, apesar de notar que, neste momento, a Electricidade Estética não tem nada ainda pensado sobre a continuação deste programa de eventos on-line.
Esta iniciativa, coordenada pelo colectivo Electricidade Estética, além da União de Freguesias de Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório, também contou com o apoio do Centro da Juventude.

Gato Vermelho e Cornea Attack até ao final do ano

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Possivelmente, as iniciativas Gato Vermelho e Cornea Attack, que a Electricidade Estética organiza há vários anos e que se dedicam, respectivamente, à performance e ao vídeo “estão a ser repensadas, por causa das actuais condições provocadas pela pandemia, mas gostaríamos de as apresentar até ao final deste ano”, disse Patrícia Faustino, que equaciona a possibilidade de apostar na apresentação dos trabalhos com recurso ao digital, tal como está a acontecer com Dreamatorium. A artista plástica é caldense, mas antes de ter vindo estudar para a ESAD para se formar em Artes Plásticas, viveu durante vários anos no Funchal.
A Electricidade Estética promove iniciativas de cariz artístico há vários anos nas Caldas da Rainha e, apesar das restrições que a pandemia trouxe, proibindo os ajuntamentos, os dois artistas plásticos – e que são os mentores deste projecto – Patrícia Faustino e Gonçalo Belo recusam-se a baixar os braços e estão a procurar alternativas para poder dar continuidade aos eventos anuais que realizam e que já fazem parte da programação cultural anual da própria cidade.

Mais de 600 exposições numa década de actividade

A Electricidade Estética foi formalmente constituída em 2011 mas, na verdade, o casal caldense Patrícia Faustino e Gonçalo Belo já faziam exposições desde 2003/04. Na altura ainda eram alunos de Artes Plásticas da ESAD e sentiam a necessidade de realizar eventos artísticos, fora do âmbito da escola de artes. “Começámos por organizar exposições em nossa casa e nas dos nossos amigos”, recordou a artista que, a partir de 2006, deram o nome de Activarte à iniciativa que faziam.
Usando as suas economias, o casal arrendou uma casa no centro da cidade onde realizavam mostras uma a duas vezes por semana, durante um ou dois meses. Fizeram-se igualmente debates, conferências, fanzines… num sem fim de actividades que só cessou quando deixaram “de ter dinheiro para assegurar a renda”. Nos últimos anos, a Electricidade Estética assegura várias iniciativas artísticas em parceria com várias entidades locais e que atraem centenas de visitantes, muitos até de fora das Caldas. Nestes 11 anos de actividade dedicadas às vários sectores artísticos vão “a caminho das 600 exposições individuais”. 

Vários artistas trabalharam, até à passada terça-feira e em alternância, no Céu de Vidro
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