Electricidade Estética dedica 13 exposições de 17 artistas ao escultor António Duarte

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2016-04-22 Primeira.inddO ciclo de exposições António Duarte tem levado dezenas de pessoas a sair de casa nas noites de terça-feira de Abril para apreciar exposições de arte contemporânea em quatro espaços caldenses – Museu António Duarte, Atelier 6 e Espaço Concas no Centro de Artes e no antigo Hotel Madrid. Esta é uma iniciativa da Electricidade Estética que pretende destacar o papel do escultor no panorama artístico local e o seu legado.

Isaque Vicente

ivicente@gazetadascaldas.pt
É terça-feira, dia 12 de Abril. Pouco passa das 22h00 quando chegamos ao Centro de Artes. Ainda não se vê muita gente, mas já é possível visitar as exposições. Vamos entrando aqui e ali, apreciando instalações, pinturas, desenhos… Quando nos apercebemos, há dezenas de pessoas a passear pelo Centro de Artes. Grupos de amigos, na sua maioria jovens, exploram os espaços museológicos em ambiente nocturno. Ora entram no Espaço Concas, onde vêem “What is Watt?” de Silvestre Pestana, Celeste Cerqueira, Pedro Ruiz e António Dantas (inaugurada na primeira terça-feira), ora seguem pelo Atelier 6 para perceber o que acontece em “Depois do ressoar de um búzio”, por Pedro Pedrosa da Fonseca. Entramos no Museu António Duarte. Numa sala escura, num dos cantos há uma mesa com um mapa do Porto (mais contemporâneo) desenhado a preto e branco. Noutra parede é projectado um vídeo. Mais e mais pessoas vão entrando e Susana Gaudêncio, artista que há cerca de seis anos lecciona Artes Plásticas na ESAD, começa uma leitura que acompanha o vídeo e dá a conhecer as “Ilhas Afortunadas”. “São aforismos que constroem a narrativa do filme e ajudam a compreender a narrativa da instalação”, explicou a artista. Há críticas à sociedade actual no retrato cru que lê. As tecnologias, os políticos ou a exploração animal são alguns dos exemplos, mas, como trata de ilhas, não podia deixar de abordar a questão dos refugiados. “Parte de uma série de passeios que fiz na cidade do Porto e que depois, para além de uma viagem exterior e motora, passou a ser também uma viagem interior, um pensamento sobre a utopia”, esclareceu. Daí descemos para o Atelier 6, onde Pedro Pedrosa da Fonseca, leiriense que estudou na ESAD e que actualmente integra um núcleo caldense em Lisboa (Casa da Praia), apresentou uma instalação onde usou vários materiais e técnicas. Um destes materiais foi o óleo de mecânica, que tem despertado um fascínio junto do criativo. “É denso, viscoso e altamente reflexivo, pelo que não dá para perceber a profundidade”, notou. Quando entramos na sala do Atelier 6 onde está “Depois do ressoar de um búzio”, vemos um projector ligado para uma tela branca onde se encontra uma circunferência com um ponto no centro feita a óleo. Alguma da luz do projector passa pela tela e alcança, depois, um plástico que é agitado pelo vento de uma ventoinha (alterando a projecção da luz). Ainda mais à frente um holofote aponta para uma lupa pendurada no tecto que vai rodando e alterando a imagem projectada numa parede no fim da sala. “O óleo está em constante mutação”, diz Pedro Pedrosa da Fonseca. “Hoje vemos isto assim, mas daqui a um mês, ou um ano, está diferente, porque o óleo se vai expandindo no algodão”. O caldense Fausto Vicente costuma seguir as iniciativas da Electricidade Estética. O que o trouxe ao Ciclo António Duarte foi “o ambiente, o estar com amigos no meio da arte”. Achou que a mostra estava “agradável, tal como na semana anterior”, e garante que vai voltar às próximas exposições. Patrícia Faustino e Gonçalo Belo, da Electricidade Estética, explicaram que organizar este evento no Centro de Artes “permitiu alargar o conceito das nossas exposições, que regularmente são de apenas uma noite (duas horas)”. “Além de os espaços serem fantásticos e estarem muito bem arranjados, de termos os técnicos que nos ajudam na montagem, há a possibilidade de usarmos o horário de funcionamento dos museus”, notou, exemplificando com as exposições no Espaço Concas, que ficam em exibição durante três semanas. “Permite trazer artistas mais consagrados que não têm ligação às Caldas”, disse Patrícia Faustino, antes de Gonçalo Belo completar: “é um palco que permite possibilidades diferentes”. A Electricidade Estética começou por organizar eventos pontuais, “mas dada a afluência de público e de artistas a querer expôr e a quantidade de espaços que as Caldas tem, decidimos alargar os eventos”. Começaram nos Silos com o Gato Vermelho dedicado às performances. Actualmente está a decorrer o Ciclo António Duarte e, às quintas-feiras – de 15 em 15 dias –, há o Ciclo AEGIS nos Silos, que em Maio terá uma segunda fase por outros espaços. Em Julho haverá o ciclo Noites da Lua Azul, pela zona histórica da cidade – Hotel Madrid, Museu do Hospital e das Caldas, capelas, etc. José Antunes, director do Centro de Artes, disse que este “é um registo muito bem conseguido e ajustado, que tem dado frutos”. Realçou o facto de estarem expostos trabalhos de um ex-aluno da ESAD, de uma professora da mesma escola e de autores consagrados como é o caso de Silvestre Pestana que em 1977 participou nos grandes encontros de arte das Caldas. No dia 26 de Abril estará em exposição “Viagem a Port Actif” de Catarina Leitão no Museu António Duarte, “Para Sempre” de Miguel Branco no Espaço Concas, “There will be no shelter from the storm”, de André Catarino, no Atelier 6 e “Telhados de casas maiores que a minha”, de Bárbara Bulhão, no Hotel Madrid. Enquanto apreciam as mostras temporárias da Electricidade Estética os visitantes estão também a tomar conhecimento da exposição permanente do museu. Para além disso, durante as terças-feiras de Abril, à noite, a cafetaria do Centro de Artes está aberta, proporcionando momentos de convívio e de discussão acerca das propostas artísticas com que se tomou contacto.

 

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