Documentos inéditos assinados por Malhoa foram oferecidos ao museu caldense

0
659

documentoineditoForam oferecidos, ao Museu de José Malhoa, três documentos assinados pelo próprio pintor caldense, quando este viveu em Figueiró dos Vinhos. A doação foi feita pelo investigador Miguel Portela, no âmbito da sessão que assinalou os 160 anos do nascimento do patrono e ainda da evocação dos 75 anos da instalação definitiva do museu em edifício próprio.
Trata-se de três documentos publicados pela Pro Arte, em 1913, com notas bibliográficas sobre o pintor caldense, mandadas fazer pelo poeta Cruz Magalhães. Este chegou a visitar Figueiró dos Vinhos e privou com o artista caldense. O doador, Miguel Portela, é um investigador que trabalha sobre a história da região Norte do distrito de Leiria, deu a conhecer quando as duas personalidades se encontraram.
O facto do poeta ter visitado José Malhoa – já na época um dos mais reconhecidos pintores portugueses – foi notícia, a 9 de Outubro de 1913, no jornal União Figueiroense, contou o investigador. Artur Cruz Magalhães ficou hospedado no Hotel Comercial daquela vila, foi cumprimentado pelo administrador do concelho, por comissões políticas locais, assim como pela filarmónica União Democrática Nesse dia houve festa e foram queimados “bastantes foguetes que o ilustre democrata Cruz Magalhães gentilmente comprou para esse efeito”, contou o orador lendo o que foi reproduzido naquele jornal local.
Era por motivos de saúde que Cruz Magalhães regressava das termas de Pedras Salgadas e trazia com ele a prova tipográfica de um opúsculo da colecção Pro Arte e tinha como propósito apresentá-lo a Malhoa já que “pretendia alcançar a sua anuência para a edição do mesmo”, contou Miguel Portela. O pintor acedeu e poucos dias depois, noticiava o jornal A Capital, de 14/10/1913, a existência do opúsculo que homenageava o mestre caldense.
“Sabemos que Malhoa estimou e prezou esta homenagem, tendo até ofertado alguns exemplares autografados aos seus mais chegados amigos figueiroenses”, rematou Miguel Portela . E são estes exemplares que foram oferecidos a Cruz Magalhães e a um seu irmão e ao industrial António Vasconcellos, assinados por Malhoa, e que agora fazem parte da colecção do museu caldense.
A investigadora Ana Maria Farinha trouxe à sessão – através de vídeo-conferência – a possibilidade de um quadro com a Rainha que se encontra na pequena sacristia da Misericórdia da Sertã ser um estudo para o famoso quadro da Rainha D. Leonor que o pintor caldense ofereceu às Caldas em 1926. A obra é descuidada, “sem grande preocupação quanto ao apuro do desenho e da pincelada”, mas revela muitas semelhanças com a obra final que hoje pode ser admirada no museu caldense e que foi oferecida pelo pintor ao povo das Caldas.
Nesta iniciativa participaram também a técnica superior do museu, Conceição Colaço, a professora do ensino secundário Margarida Lucas e o investigador Rui Calisto. A primeira dedicou-se ao tema “Rainha D. Leonor, 1926 – Uma oferta do pintor José Malhoa ao “Povo das Caldas” enquanto que a segunda abordou o tema “Um Jovem pintor moderno: José Malhoa”.
Rui Calisto (que teve uma livraria nas Caldas e foi dirigente local do BE) é agora investigador do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e abordou o tema “Malhoa inédito: Genealogia. Centro de Documentação e Documentação Inédita e Esparsa”. Na sua alocução, o orador apresentou a ideia de se constituir um Centro de Estudos ligado ao artista e que na sua opinião deveria situar-se nas dependências do Museu de José Malhoa.

 

- publicidade -