Muito mais do que uma Oficina de Escultura

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Noticias das Caldas
Os alunos com o escultor Renato Silva Silva vão continuar a esculpir em Alvorninha | N.N.

“Oficina de Escultura” é como se designa a exposição que abriu portas no sábado, 18 de Março, no Museu do Ciclismo. O espaço encheu-se de familiares e amigos de um grupo de aprendizes de escultura que têm aulas, há vários anos, com o escultor Renato Franco, no Casal da Granja, em Alvorninha. Presentes estão obras daqueles autores feitas em vários materiais e que resultam de muitas horas de  trabalho e de convívio.

Ana Costa Leal, Arlanda Tolentino, Carlos Mingote, Fernando Paula e Paula Tolentino há vários anos que aprendem a esculpir com Renato Franco. O autor formou-se na ESAD e tem a sua casa-atelier em Alvorninha onde este grupo vai uma vez por semana durante três horas aprender como se esculpe a madeira, as rochas ornamentais e as resinas.
Alguns dos aprendizes já vêm desde os ateliers livres que decorreram no Centro de Artes, desde 2002. “A escultura dá imenso trabalho, logo há sempre uma selecção natural”, explicou o coordenador da oficina. O tempo e o jeito fez com que os 40 estreantes passassem a  11 e agora são cinco os resistentes.
 “Hoje somos mais um grupo de amigos que se reúne para trabalhar”, diz, sorrindo,  Renato Franco, acrescentando que tentam usar pouca maquinaria e materiais menos lesivos para o ambiente, como é o caso das resinas. “Cada um tem a sua linha e eu vou apoiando tecnicamente. Todos os trabalhos têm um pouco de mim e eu deles”, resumiu o responsável que neste momento está a desenvolver a segunda obra de arte pública, para Linda a Pastora (Oeiras).
Fernando Paula, 76 anos, é um dos elementos mais recentes do grupo. Está  reformado e o que mais gosta “é de poder experimentar várias formas de modelar”. Gosta de trabalhar o metal, mas também quer experimentar a pedra e a madeira. “O Renato como professor tem muitos conhecimentos, além de uma paciência e disponibilidade fabulosas”, disse  o aluno que encontrou no seu atelier “uma segunda família”.  Fernando Paula é também o fotógrafo de serviço, responsável pelas imagens de aprendizagem que decoram a sala de exposições estão as obras do grupo.
Há quase 12 anos que Paula Tolentino faz parte deste grupo onde salienta a amizade e o convívio que existe entre todos. Prefere trabalhar a pedra e a madeira e é com um sorriso que conta como ficou um dia inteiro a tremer, depois de ter trabalhado com a rebarbadora. “Dá muito gozo ver o evoluir da peça”, afirmou a reformada. Esta dedicou a vida ao ensino e agora dá largas à imaginação na escultura.
Carlos Mingote está neste colectivo desde 2005, após se ter dedicado à pintura. Agora mudou-se para a escultura por ter problemas de visão e é nos trabalhos em resina acrílica que se identifica.
Arlanda Tolentino só em 2006 é que veio para as Caldas e integrou o grupo, dado que  sempre gostou de trabalhos manuais. “O Renato é um bom escultor e dá-nos a liberdade de escolher o que queremos fazer”, disse a aprendiz que quer continuar esta actividade que a permite estar entretida e espairecer.Formandos e formador aproveitaram a ocasião para homenagear Carla Tuizenga, aluna que faleceu e que fazia parte deste colectivo tendo levado muito a sério esta sua paixão pela escultura.

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Fixar jovens à região

Para Ana Leal, esta oficina não é só um sítio onde se apreendem técnicas e informação sobre os materiais. “Somos uma espécie de irmandade e na oficina partilhamos afectos, dores e alegrias…”, disse a aprendiz. E é visível a cumplicidade entre os elementos do grupo, a forma como explicam as obras uns dos outros e como se reúnem, sorrindo, para a fotografia de família. “Quisemos dar um aspecto de oficina à exposição”, explicou a aluna, mostrando as vitrinas com vários instrumentos de trabalho. Renato Silva é ainda pouco conhecido aqui, mas lá fora “toda a gente conhece e aprecia o seu trabalho”, disse Ana Leal, para quem é um privilégio poder assistir à chegada do bloco de pedra e ao evoluir das várias obras de arte pública da autoria do escultor. Algumas das suas obras podem ser apreciadas em Alcobaça no Jardim do Amor.
“Era importante criar as condições para que estes artistas se fixem na região”, disse Ana Leal, acrescentando que cabe ao poder local dar incentivos para que se possam fixar pois “não é fácil viver das artes”.
“Oficina de Gravura” está patente no Museu de Ciclismo até ao dia 2 de Abril.

 

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