Caldense Tomás Oliveira sagrou-se vencedor numa das categorias do Campeonato Mundial de DJ. Vinte anos depois do início da carreira e de já ter ganho em dupla, voltou a pôr-se a prova e a vencer
DJ Ride (Tomás Oliveira) venceu, na categoria Party Rocking, o Campeonato Mundial de DJ, promovido pela Associação Internacional de DJ. O caldense irá receber o prémio, em dezembro, na Carcóvia, na Polónia.
“Sempre tive o sonho de tentar a minha sorte a nível individual e agora proporcionou-se”, disse o produtor à Gazeta das Caldas. Ride recordou também que neste mesmo concurso, promovido pela AID, conquistou o primeiro título a solo, numa nova categoria, criada nesta edição, após já ter conquistado os primeiros lugares na categoria Show com o seu grande amigo e também DJ e produtor caldense, Stereossauro, em 2011 e depois em 2016. Ainda assim os dois caldenses foram a concurso cinco ou seis vezes, tendo obtido também segundos lugares.
De qualquer modo, Ride quis tentar a sua sorte e começou por concorrer a um campeonato de DJ, organizado pela Red Bull, o que levou a concorrer no Japão, em 2015, e a ter ficado entre os seis finalistas, mas não se sagrou vencedor. Em 2019, antes da pandemia, voltou a concorrer em Tawain, onde também chegou à final.
A nível nacional, Ride obteve vários títulos e o produtor lamenta que já não haja concursos como antigamente.
As regras mudaram um pouco, antes para se aceder ao campeonato mundial era necessário passar pelo crivo nacional. Com as redes sociais, as regras mudaram um pouco e qualquer DJ pode colocar-se à prova com outros profissionais, gravando um vídeo em casa pois “está aberto a toda a gente”.
Quando soube que tinha sido escolhido “fiquei muito feliz!”. No meio da música, que é competitivo, o DJ acaba por ser um músico e produtor e tem que se provar que o trabalho continua relevante e por isso a distinção foi “a cereja no topo do bolo”, pois ajuda que o nome do caldense consiga chegar mais longe no meio internacional.
“Toda a gente fica sempre muito contente com o facto de eu ter ganho um prémio lá fora. Foi uma sensação semelhante à que senti com Beatbombers em 2011 e que acabou por nos mudar a vida”, acrescentou. Agora já não há o efeito novidade “mas tenho tido muito retorno positivo, o que me deixa muito feliz”.
O set que o caldense criou – e que o sagrou vencedor – teve sonoridades de hip hop, jazz, rock, drum and bass e tudo conta desde as transições suaves entre os trechos e o scratch é igualmente importante. “Fiz uma mistura que incluiu Prodigy, Blur e até terminei com uma música brasileira”, detalhou o DJ, de 38 anos, que agora vive em Lisboa.
Motivo para recordar alguns momentos da carreira deste artista, um dos mais respeitados produtores e DJ do panorama nacional. Ganhar um campeonato mundial não é para todos e exige uma preparação e treino “do tipo que se exige para os Jogos Olímpicos”. Até chegar ao vídeo final com o set vencedor, Ride esteve durante um mês e meio a deitar-se às sete a manhã. “Devo ter feito pelo menos 30 takes diferentes”, referiu.
Comprou o seu primeiro gira-discos em 2003 e dois anos depois já era o DJ residente do Office, espaço de bar e clube que existiu em frente ao Parque. Teve aulas de música na Sinfonia, de teclado e de formação musical, o que o ajudou para saber o básico. Recorda que chegou a ter aulas com o maestro Adelino Mota, o que o leva a saber ler uma pauta musical.
Hoje já é DJ Ride quem dá formação, em cursos para DJs, se bem que o caldense defende que deverá ser a pessoa a procurar e a apostar no “faça por si próprio” pois “está tudo disponível on-line”. Segundo o produtor, depois da pandemia, alguns espaços fecharam e houve pessoas que mudaram de área. Mas, apesar de haver menos trabalho, pessoas como Ride e Stereossauro não param pois diversificam o leque de atuação. Não só têm os seus projetos individuais e em dupla como também são produtores, tendo colaborado com no último single de Carlão.
“Há meses excelentes, outros com menos trabalho, mas dá para ir equilibrando”, disse o caldense que continua a fazer algumas masterclasses nos cursos de DJ, em escolas em Lisboa. O verão “correu bem”, com atuações nos festivais lusos, no continente e ilhas, e idas à Holanda e Lituânia para passar o seu som.
O produtor caldense tem, pelo menos, seis álbuns – a solo e em dupla – e alguns com labels estrangeiras. O primeiro foi lançado em 2007.
Na sua opinião, para se viver nesta área é preciso ser resiliente e também ter alguma sorte e não se importar de se voltar a colocar à prova num concurso, 20 anos depois de ter iniciado a sua carreira.
A última colaboração é com o DJ japonês Kentaro, que o vai levar ao país do sol nascente, para atuações conjuntas, já no final do mês de novembro. “Participarei num evento ao ar livre em Miyazaki”, contou o caldense, referindo que neste novo tema, com Kentaro, usaram na sua música eletrónica, sons tradicionais japoneses. Antes da pandemia, o caldense já tinha atuado em Macau e na China.
DJ Ride escolheu este nome pois também se interessa por bicicletas. É uma segunda paixão e quando era mais novo até participou em concursos de downhill, uma modalidade do mountain bike. ■































