Abriu portas no sábado, 1 de Fevereiro, na galeria do CCC, a exposição “A Casinha dos Prazeres”, que integra desenhos do arquitecto Siza Vieira. Esta é uma oportunidade de conhecer obras do espólio do arquitecto português contemporâneo mais premiado e que ilustram um clássico da literatura erótica, editado em 1753 e que agora foi traduzido pela primeira vez em Portugal.
São 20 os desenhos eróticos do arquitecto Siza Vieira que podem ser vistos até ao final do mês e que fazem parte de “A Casinha dos Prazeres”, título homónimo da obra de Jean-François de Bastide, um clássico da literatura francesa, que foi agora traduzido pela primeira vez em português pela editora Abysmo.
Trata-se do primeiro livro de uma colecção designada Espécie de Espaços, que é dirigida por Susana Oliveira. A ideia desta colectânea “é revisitar vários textos clássicos da literatura universal onde a arquitectura tem um papel de personagem”, explicou o editor da Abysmo, João Paulo Cotrim, que acrescentou que as obras vão ser ilustradas por arquitectos já que “a maioria tem um pé nas artes e em geral são grandes leitores e por isso relacionam-se facilmente com este tipo de objecto”. E daí que a escolha do arquitecto Siza Vieira fosse óbvia para começar a colecção.
O problema foi que o arquitecto quando se comprometeu a ilustrar o texto de Jean-François de Bastide (de quem até já conhecia o texto original) partiu o braço direito (com que desenha).
Foi necessário, por isso, encontrar uma outra solução que passou por seleccionar desenhos seus a partir do seu espólio e assim procurar um discurso paralelo à obra literária. Siza Vieira explica num texto introdutório da obra que os desenhos não ilustram directamente a narrativa, mas aproveitam o tema genérico.
Podem ser vistos desenhos de um só traço que retratam momentos entre amantes de forma elegante e com um recorte greco-romano. Merecem, pois, “uma visita atenta”, sugeriu o editor.
“A Casinha dos Prazeres” tem três capas de veludo e de cores diferentes.
A escolha das cores e o tecido dizem respeito à época do próprio autor Jean-François de Bastide (1724-1798) que está entre os cultores da literatura libertina.
Para João Paulo Cotrim esta “Casinha dos Prazeres” até é “algo muito bem comportado, tendo em conta o tempo em que vivemos”. Quando o livro foi editado, em 1753, teve direito a algum escândalo em volta já que a libertinagem e a libertação dos sentidos “estava então em debate”, disse João Paulo Cotrim, que ainda quer publicar o segundo volume desta colecção este ano. Da lista de arquitectos que vão participar nestas obras estão Sotomoura e Manuel Graça Dias.
Presente na mostra esteve o presidente da Câmara das Caldas, Tinta Ferreira que considerou a exposição de desenhos “magnífica” tendo salientado ainda a atitude de Siza Vieira em aceitar contribuir para o livro. A vinda desta mostra às Caldas “enquadra-se bem na tradição erótica local”, rematou.






























