Há um grupo de teatro nas Caldas, designado Dentada Macaca, que ensaia nos Silos. Integra 10 elementos que estudam Teatro na ESAD e contam com encenação de Cláudio Teixeira.
Em Dezembro, o grupo apresentou uma ópera pop, num remake de uma peça que deram a conhecer no Festival Panos, que decorreu na Culturgest .
O nome Dentada Macaca surgiu por causa de um texto do escritor Gonçalo M. Tavares que o grupo estreou no Festival Panos que se realizou na Culturgest. “Hotel”, assim se designou o texto original que levou à realização desta peça, então produzida nos Silos e dada a conhecer em Lisboa. Posteriormente, “Hotel” foi apresentado no Porto.
Ao todo são dez elementos, com idades entre os 19 e os 21 anos, estudantes do curso de Teatro da ESAD. Para alem do elenco, ainda há três elementos (dois alunos de Design Gráfico e uma aluna de Som e Imagem) que colaboram com a Dentada.
Do grupo fazem parte jovens de norte a sul do país, desde Melgaço até ao Algarve. Um dos objectivos do grupo “era conseguir reunir gente de locais distantes”, contou o encenador Cláudio Teixeira, contente por terem conseguido esse objectivo. O responsável explicou ainda que o grupo conta com apoio dos Silos pois é naquele edifício que a Dentada ensaia, mas para já não têm mais apoios externos.
Em Dezembro, os Dentada resolveram dar uma nova roupagem à peça inicial tornando-a numa ópera pop. Em primeiro lugar, os espectadores “ficam na dúvida se estão a assistir a um ensaio aberto, ou se é mesmo um espectáculo pois nós mostramos as duas realidades”, disse o encenador. O remake contou com partes encenadas, acções espontâneas e momentos musicais dos anos 80, aos quais foram retiradas as letras originais e substituídas por textos de Gonçalo M. Tavares.
Toda esta recriação teve uma particularidade: muitas vezes os ensaios eram seguidos pelo encenador a partir de casa, comunicando através da internet para o estúdio onde estava o grupo a ensaiar.
A ópera pop teve duas apresentações em meados de Dezembro.
“Temos pernas para continuar o caminho”, disse o encenador, explicando que o grande teste à união do grupo foi a ida ao Porto para apresentar “Hotel”. Depois veio o Verão e cada um seguiu para casa, tendo ficado no ar a grande questão se valeria a pena continuar com os ensaios. “Achamos que sim, pelo grupo, pela cidade e pelo desejo de comunicar pela arte no país inteiro”, disse o responsável.
O grupo e o encenador encaram a possibilidade de voltar a repor a peça nas Caldas e acham que o pequeno auditório do CCC “faria todo o sentido” para dar a conhecer esta peça performance.
A peça vai ser representada em Melgaço, a pedido do presidente daquele município, que assistiu ao espectáculo em Lisboa. Na verdade “temos levado o nome das Caldas a outras zonas do país”, contou o encenador, explicando que a recriação de “Hotel” cabe em qualquer sala de espectáculos por ser uma proposta “diferente e abrangente”, rematou.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt
O que significa pertencer à Dentada Macaca?
Gabriel Lapas, 19 anos, Fátima
“Fazer parte deste grupo acaba por ser uma tentativa de chegar a uma identificação própria. Representar é para todos importante e somos quase todos da mesma turma.
A ESAD e as Caldas oferecem-nos um ambiente acolhedor, propício ao estudo. No grupo há espaço para a experimentação”.
Belisa Sequeira, 20 anos, Baião
“Venho de uma comunidade fechada, de uma aldeia do concelho de Baião. Vir para as Caldas foi um salto de pára-quedas e está tudo a correr bem.
As Caldas, a ESAD e em especial a Dentada Macaca abriram-me horizontes e levaram-me a conhecer pessoas muito diferentes com quem me dou muito bem. No grupo somos todos muito diferentes e eu aprecio isso”.
Ivo Marçal, 20 anos, Almada
“Aqui no grupo somos todos diferentes, mas lutamos por um objectivo comum. Na ESAD temos o ambiente de academia, ao passo que na Dentada temos espaço para experimentar e para errar. As residências artísticas que nós fazemos na Dentada, fora do ambiente de ensaio e de espectáculo, permitem que nos tornemos mais unidos”.
Filipa Sequeira, 19 anos, Silves
Está a ser uma experiência muito boa, que me ajudou a desenvolver e a conhecer novas pessoas.
Somos como uma família e na adaptação às Caldas fomos bem acolhidos.
Mariana Justino, 19 anos, S. Bartolomeu de Messines
“Integrar a Dentada foi libertador, ajudou-me a crescer e veio complementar o que eu estava a aprender. Vir para os ensaios é sempre algo que se deseja pois além de interpretar também cantamos e dançamos. É sempre divertido e energético. Foi muito fácil adaptar-me às Caldas e à ESAD”.
Catarina Barros, 19 anos, Braga
“Pertencer à Dentada significou um renovar pois permitiu-me crescer como artista e como pessoa. No grupo aceitam-nos tal e qual como somos e, como nos dedicamos às Artes, não há mal em ser diferente”.
Mariana Marques, 20 anos, Porto
“Juntámo-nos com a finalidade de apresentar a peça à Culturgest e o grupo acabou por se tornar numa família, uma comunidade. Agora queremos tentar levar a Dentada a outros sítios. Ter o grupo ajudou-nos muito. E bom ter algo fora da escola. Aqui temos a liberdade de criar algo que é nosso e que temos muito orgulho”.
Nuno Rodrigues, 21 anos, S. Martinho do Porto
“Para mim ser da Dentada funciona como um escape. É óptimo para conseguir desanuviar. Era mesmo o que eu estava a precisar.
Está a ser uma óptima experiência, fez-me abrir os olhos. È também algo que começa do zero e é bom para nós, jovens que achamos que tudo nos corre mal e que nada nos vai acontecer”.
Salomé Marques, 19 anos, Évora
“Vim para as Caldas para continuar a estudar teatro e para me afastar do Alentejo. Consegui ambientar-me e fui o primeiro contacto para chegar aos restantes alunos do grupo.
É sempre bom vir para os ensaios. É sempre um momento importante e reconfortante para nós.
Vir para as Caldas e para a Dentada foi muito bom, não me arrependo e voltava a fazê-lo. Nós somos mais do que uma companhia, já somos uma família”.
João Esteves, 21 anos, Melgaço
“Decidi vir estudar para as Caldas, depois de ter passado pelo ESMAE no Porto. Só a ESAD não me bastava e como sempre fui agitador e senti que me faltava algo que me realizasse mais, integrei a Dentada. Depois de termos participado no Festival Panos temos vontade de continuar juntos. Temos tudo para continuar este projecto”.






























