O caldense Daniel Eime, além de ser o autor do retrato de um homem que “nasceu” nos últimos dias no centro da cidade, é também o curador do Festival Artístico de Linguagens Urbanas. Este autor, que se dedica há quase uma década à arte urbana, conta as razões que o levaram a escolher, em parceria com a associação Riscas Vadias, os cinco autores que integram a edição de estreia deste festival
A terceira intervenção do FALU (Festival Artístico de Linguagens Urbanas) é de um autor local. Pertence a Daniel Eime que, além de se dedicar há quase uma década à arte na rua é também o curador desta iniciativa.
Nesta edição de estreia do certame, colaborou com o retrato de um sénior que pode, agora, ser apreciado num prédio da Rua Coronel Soeiro Brito, na Rua da Estação dos autocarros, e que também alberga uma barbearia.
Depois de ter pintado uma mulher e uma criança, nos Silos e no Centro da Juventude, respectivamente, chegou agora a vez de pintar um rosto de homem de idade e, dessa forma, evocar a memória do avô paterno que teve um espaço de barbearia que funcionou dentro da Rodoviária.
“O retrato da idosa nos Silos foi feita em 2013 e a criança do Centro da Juventude foi pintada no ano a seguir”, recordou o artista, formado em Design de Cenografia e que se dedica à arte urbana há quase uma década.
”Nesta edição de estreia optámos por mostrar uma diversidade de estilos”, explicou Daniel Eime, dando como exemplo que os dois autores que já fizeram os seus trabalhos têm estilos completamente diferentes.
De forma a poder agradar ao maior número de pessoas, as primeiras cinco intervenções têm um pouco de tudo: primeiro apostou-se no hiperealismo de Nuno Viegas, na Praça 5 de Outubro e em seguida na ilustração de Corleone no seu agradecimento aos profissionais de saúde.
Depois do retrato de Eime, segue-se Add Fuel que vai ter uma trabalho intrinsecamente relacionado com a tradição e com o azulejo. “Finalizaremos o festival em Outubro com o trabalho escultórico de Bordalo II”, referiu o curador muito satisfeito com a receptividade que o público caldense tem demonstrado para com o FALU e que prova que a arte também pode ser vista nas paredes das cidades e não apenas nos museus. “São todos nomes relevantes da arte urbana nacional, além de termos apostado na open call, destinada a dar oportunidade aos autores locais para concorrer”, afirmou o artista.
Eime acrescentou que a pandemia fez com que tivesse sido reduzido o número de intervenções previstas. “Quisémos jogar pelo seguro, sem esquecer que em Portugal temos muita qualidade na arte urbana”, disse o curador, explicando que se aproxima o único momento do festival em que vão estar a ser feitas duas intervenções em simultâneo: a de Add Fuel e dos vencedores da open call, C’Marie & Egrito.
Arte urbana “é para toda a gente”
Espera-se que FALU se torne num evento anual e o facto de as paredes se localizarem no centro da cidade vai permitir aliar a arte urbana com o roteiro bordaliano. De resto, Eime nota que há um novo tipo de turismo que se movimenta de propósito para ver trabalhos de arte urbana, a nível nacional e internacional.
A maioria das novas intervenções estão a ser feitas nas proximidades do CCC, do Mercado do Peixe e do Montepio, criando um novo pólo dedicado a este tipo de arte.
“Estamos a trabalhar na rua, para todas as pessoas”, referiu Daniel Eime, acrescentando que não há um público-alvo para estes trabalhos onde a localização e a escala se revestem de grande importância.
“A arte urbana é para toda a gente, para aqueles que vivem na cidade”, rematou o artista caldense, que vive e trabalha na cidade do Porto.































