No ano do V Centenário da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (1998), pelas mãos de Maria de Lurdes Amorim, a Editora Ésquilo deu à estampa um livro intitulado “D. Leonor de Lencastre Grande Senhora do Renascimento”.
Livro de teor muito abrangente foca as principais missões a que se dedicaram, tanto a Rainha D. Leonor, como o seu marido D. João II.
Dos diferentes capítulos escolhi o intitulado “Proteção à Imprensa”, pelo interesse que este assunto sempre me despertou.
Passo a transcrever: “[…] Dona Leonor viveu entre a dor e riso. Mas à Rainha mecenas também a Imprensa ficou a dever inestimáveis serviço.
Portugal foi um dos primeiros países a introduzir a tipografia. Essa grande invenção do alemão Gutemberg, encontrou uma desvelada protetora. Foi ela que animou – como diz Ramalho Ortigão – “os primeiros ensaios de tipografia em Portugal, fazendo imprimir sob os seus auspícios, a Vita Christi, ainda no séc. XV e, pouco depois o Boosco Deleitoso, os Autos dos Apóstolos e o Espelho de Cristina, nos primeiros anos do séc. XVI”, como primeiro livro de educação feminina, escrita por Cristina Pisano, mãe de Mateus Pisano, latinista e perceptor de D. Afonso V.
É uma obra de educação moral, concebida como reação à época, e que exerceu larga influência na dignificação da Mulher, estudando o que deve ser o comportamento desde as princesas até às mulheres dos lavradores e dos pobres.
Enquanto a Inquisição pedia a Francisco I de França para fechar e destruir todas as tipografias, queimar os livros publicados e punir os seus autores, Dona Leonor ao contrário, fomentou as oficinas tipográficas de Valentim Fernandes, seu escudeiro; de Nicolau da Saxónia e Hermão de Campos, difundindo obras excelentes e sugestivas.
A influência que exerceu sobre a Cultura Portuguesa é absolutamente assombrosa. Raras figuras se lhe igualam ou avantajam. Como afirma Sousa e Costa, Dona Leonor, desdobra-se em afagos, multiplica-se em benefícios, de norte a sul semeia pão e flores. É uma sacerdotisa da Bondade e da Beleza. É o seu desmedido amor pelo semelhante que a leva a incitar todas as iniciativas honestas, a favorecer todos os empreendimentos no termo prático das realidades.”
Este breve texto dá-nos uma pálida ideia da importante da acção da Rainha D. Leonor no campo da divulgação da palavra impressa, nos tempos em que os livros eram raros e preciosos.

- publicidade -