A CERÂMICA NO XXV ANIVERSÁIO DO MUSEU MALHOA
Em 1959 a “Gazeta das Caldas” publica um número especial dedicado às bodas de prata do Museu José Malhoa. São vários os artigos contemplados nesta publicação, mas desperta a nossa atenção o artigo publicado na página 24 e intitulado “A Cerâmica Regional”, da autoria de António Montês, que passamos a transcrever:
“A história da cerâmica regional está ainda por fazer. A “Loiça das Caldas” tornou-se tão conhecida que ajudou a celebrizar a antiga vila.
As primitivas peças foram atribuídas pelo Dr. Joaquim de Vasconcelos à época da Rainha D. Leonor.
Desde a fundação da vila que nela houve oleiros e desde sempre procuraram aliar à utilidade um pouco de arte. A primeira ceramista foi “Maria dos Cacos”, que espalhou pelas feiras de todo o país, de 1820 a 1853, inúmeras peças vidradas – paliteiros característicos que muita gente julgava ser o único género nas Caldas da Rainha.
De facto, foi “Maria dos Cacos” a primeira ceramista, seguindo Manuel Mafra (1853-1887), António de Sousa (1855), José Francisco de Sousa (1860) e Francisco Gomes de Avelar (1875-1897), que introduziram apreciáveis aperfeiçoamentos na faiança caldense.
Foi no fabrico de Francisco Gomes de Avelar, em 1884, que Rafael Bordalo Pinheiro ensaiou os primeiros barros que havia de imortalizar, o esforço artístico da arte cerâmica.
Depois de Bordalo Pinheiro, José Fuller, Visconde de Sacavém (José), Costa Mota (Sobrinho) e Manuel Gustavo imprimiram à faiança uma feição nova, criando modelos perfeitíssimos com vidrados e cores desusadas.
A obra de cerâmica é notável. A colaboração de Francisco Elias, Avelino Belo, José Carlos dos Santos, Acelino Carvalho, Eduardo Elias, em trabalhos de merecimento, colocam a faiança caldense num lugar de destaque.
Ultimamente a fábrica “Secla”, tão conhecida, não só em Portugal mas no estrangeiro, tem realizado uma obra extraordinária. Trata-se de uma verdadeira revolução da fábrica “Secla”, em trabalhos notáveis, com cerca de duzentos oleiros.
Desde a Rainha D. Leonor, que a cerâmica vai melhorando, e assim, Caldas da Rainha é um dos centros mais notáveis da cerâmica portuguesa.”
Acerca de meio século era esta a visão sobre a cerâmica caldense. Não considerando a parte história, tanta coisa mudou na arte da cerâmica caldense.































