Durante anos e anos todas as semanas o jornal o “Século”, publicou uma revista intitulada “Ilustração Portuguesa”, um magazine “onde ficarão arquivadas, pela fotografia, pelo desenho, pelo intervieu, e pela descrição e reportagens literárias, todos os aspetos da vida portuguesa contemporânea.”
No seu número 184, de 30 de Agosto de 1909, incluiu uma reportagem de três páginas, complementadas com fotografias de Benoliel, onde nos é dado um quadro muito vivo da “Feira das Caldas”.
Joshua Benoliel [1873-1932], considerado, entre nós, o criador da reportagem fotográfica, captou a verdadeira essência do bulício da feira de “uma das mais pitorescas localidades do país.”
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“A feira das Caldas é uma das mais interessantes do país, pelo grande número de pessoas que ali concorrem idas de Lisboa, e de outros pontos próximos, principalmente porque ela se faz a 15 e 16 de Agosto, e sendo o primeiro destes dias, de festa tradicional muita gente se dirige à feira da localidade.
A fisionomia dessa feira é curiosa. Grande número de excursionistas pelos arruados onde as vendedeiras apresentam os seus tabuleiros de bolos e das saborosas cavacas que são produtos da vila: há também lugares de louças baratas e de bugigangas do tipo antigo que tornaram célebre a povoação onde Rafael Bordalo Pinheiro devia realizar uma renovação artística; montões de fruta expõem-se naquele tumultuar do mercado no qual fotógrafos ambulantes, pelotiqueiros e vendedores dos mais extravagantes objetos fazem o seu negócio. E nota dominante da feira são os varapaus ferrados, os marmeleiros nodosos e fortes que têm grande venda como as cestas e outros produtos dos arrabaldes que toda a gente quer trazer como recordação desse passeio a uma das mais pitorescas localidades do país, próximo de Lisboa, famosa pelas suas louças e pelas suas águas medicinais.”
Falta-nos esperar por um novo Agosto, apesar de ser impossível fazer qualquer comparação então a feira do 15 de Agosto de há cem anos e as de hoje. Os tempos são outros…