Crónicas de Bem Fazer e de Mal Dizer – VIII

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Caldas da Rainha
As Amantes de D. João V - Estudos Históricos – Alberto Pimentel – 1946

Um rei muito femeeiro

Alberto Pimentel [1849-1925], desde muito novo que se dedica ao jornalismo tendo a sua primeira colaboração sido feita no jornal “Tentativas Literárias” quando ele tinha 14 anos. A ele se devem mais de 170 publicações, sem se contarem as colaborações na imprensa. Um homem de uma grande produtividade literária, que em 1895, dá à estampa “As amantes de D. João V”, edição que com grande pesar meu, não tenho.

Por tal facto vai-me servir de base à presente crónica, a edição publicada em 1946, publicada pela Livraria Figueirinhas, situada no Porto, reproduzindo esta edição uma “Nota Prévia” do autor publicada na edição original.
É de todos conhecida ligação do rei D. João V, às Caldas da Rainha, na esperança de cá encontrar a cura dos seus males. Ouçamos, pelas palavras de Alberto Pimentel a descrição de uma dessas visitas.
“Dom João V saiu para as Caldas no dia 9 de Junho. […] O Rei embarcou no seu magnífico bergantim, tripulado por quarenta homens, indo com ele o príncipe, e os infantes D. Pedro e D. António, os médicos, Frei gaspar da Encarnação, o padre Carboni e os priores São Nicolau e São Miguel. […]
Logo que entrou nas Caldas orou à imagem da Senhora do Pópulo, que estava na porta do hospital.
El-Rei hospedou-se em casa de António de Lima, contínua à do desembargador João de Proença, onde a rainha se aposentou. Entre os dois prédios estabeleceu-se um passadiço. […]
Os frades de Alcobaça, logo que o Rei chegou às Caldas, enviaram-lhe 69 vitelas, 194 presuntos, 182 queijos, 210 perus, 692 galinhas, 12 cargas de fruta, 36 paios, 333 caixas com doce. Que bernardíssima comezaina!
O Rei repartiu o presente por toda a família, pela sua corte, pelos frades das Gaeiras, aos quais mandou dar também duzentos mil réis, e como o guardião lhe fosse agradecer a dádiva, esmolou-lhe mais duzentos mil-réis.
Ao Senhor da Pedra ofereceu D. João V dez mil cruzados, para as obras da igreja; a cada convento dos arrábidos de Santarém e de Vale de Figueira duzentos mil-réis.”
Ficou-me por aqui, senão ainda corro o risco de também ser agraciada e depois que imposto terei eu que pagar sobre os réis recebidos?…

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Isabel Castanheira

 

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