Cristina Horta dá a conhecer obras de pintura na Galeria do Posto de Turismo das Caldas

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A autora voltou a dedicar-se à pintura após a reforma e diz que está a viver uma nova vida

“Reencontro” é a designação da exposição de pintura da investigadora Cristina Horta que abriu a 12 de Janeiro na galeria do Posto de Turismo
das Caldas da Rainha e que pode ser apreciada até 1 de Fevereiro. A antiga directora do Museu de Cerâmica decidiu retomar a pintura, arte a que
se dedicava em jovem após a se ter aposentado e diz que está a viver uma nova vida, dedicada às tintas e pincéis

Quando tinha 18 anos, Cristina Horta fez a sua primeira exposição de pintura na Sociedade de Estudos de Lourenço Marques (Moçambique). Mais tarde, a vida familiar e profissional, ligada à museologia, deixava pouco tempo livre e, como tal, só retomou a pintura após se ter reformado. A investigadora, que foi directora do Museu de Cerâmica, está satisfeita por, ao fim de 40 anos, poder retomar o seu gosto pela prática artística.
“Fui procurar formação que me permitisse ir melhorando a técnica”, revelou a autora, que frequenta os ateliers de pintura Beco de Obra, da Universidade Sénior, e também os que se dedicam à aguarela e são ministrados por António Bártolo. Este último é um dos responsáveis pelo Encontro Internacional de Aguarela das Caldas da Rainha que acontece de dois em dois anos no CCC.

PAIXÃO PELA AGUARELA

Cristina Horta confessa que tem verdadeira paixão pela aguarela e utiliza-a para a retratar, sobretudo, flores e paisagens. “Agora já estou a experimentar alguma abstracção e técnica mista”, disse a pintora, que trouxe para “Reencontro” uma mostra de trabalhos onde usou também o óleo, o acrílico e a tinta da China para retratar temáticas figurativas.
Cristina Horta reproduz o que a rodeia e também dá cor e forma a temáticas que a preocupam. Dedicou, por exemplo, uma série de trabalhos aos incêndios que tiveram lugar no Verão de 2018 e que devastaram várias zonas do interior do país. “Captei várias fotografias da paisagem queimada na zona do Piódão e depois reproduzi-as nas telas”, contou a artista durante a visita guiada que fez aos presentes na inauguração.
A mostra também contempla algumas paisagens com moínhos e praias oestinas – como do Gronho – e algumas obras dedicadas a bailarinas, a animais como os gatos e também a paisagens imaginárias.
“O que a aguarela tem de fantástico é que não permite alterações”, disse a autora, explicando que, usando outros materiais como óleo e o acrílico, é possível fazer algumas correcções.
“Pintar é um trabalho de operário”, acrescentou Cristina Horta, que se dedica também à elaboração de obras de minúcia em que cria, com as cores, diferentes texturas.
Amigos e família estiveram na inauguração desta exposição-venda, que contou com a presença dos artistas Paula Nobre e António Bártolo, que são docentes de Cristina Horta.

Vida nova, após reforma

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Na ocasião, a vereadora da Cultura, Maria da Conceição Pereira salientou o facto de a esperança de vida ter aumentado e de ser um bom sinal o facto de quem se reforma poder abraçar uma nova área. “É sinal de que temos a capacidade de alargar conhecimentos, de melhorar a nossa qualidade de vida, mesmo após a reforma”, afirmou a autarca durante a sessão de inauguração.
A investigadora revelou, também, que está sobretudo dedicada às artes e que vai continuar com afinco na pintura. “Ainda tenho muito trabalho pela frente”, disse a artista que tem presente na mostra do Posto de Turismo uma obra feita em azulejo, dedicada à sua árvore genealógica. Foi um dos trabalhos que desenvolveu no atelier Beco de Obra onde respondeu ao desafio de realizar uma obra dedicado ao retrato de família.
“Reencontro” vai estar patente até 1 de Fevereiro na galeria do Posto de Turismo e os trabalhos de Cristina Horta custam entre os 140 e os 240 euros.

Um novo livro sobre azulejaria caldense

Cristina Horta foi conservadora e directora do Museu da Cerâmica durante vários anos. A investigadora é doutorada em História de Arte pela Universidade de Lisboa sobre História da Cerâmica das Caldas da Rainha e dedicou a sua carreira aos museus e à investigação.
A sua obra académica foi dirigida à vida e obra do ceramista Manuel Mafra, contemporâneo de Rafael Bordalo Pinheiro. Enquanto responsável pelo museu caldense, Cristina Horta escreveu várias obras dedicadas àquele espaço museológico e a vários autores como Costa Mota, Rafael Bordalo Pinheiro e o filho, Manuel Gustavo. A autora contou à Gazeta das Caldas que possui um novo livro – dedicado à azulejaria do concelho das Caldas da Rainha – que já foi entregue à editora e que aguarda publicação.

 

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