“Costuma-se dizer que o homem sonha e a obra nasce… Este festival é a prova disso”. Palavras de Henrique Bértolo, um dos 20 alunos responsáveis pelo projecto que, entre os dias 16 e 17 de Dezembro, ganhou forma no palco do Centro da Juventude das Caldas.
A segunda edição do Connect Fest, organizada pelos finalistas de Som da Escola Superior de Artes e Design (ESAD), juntou sete bandas, vindas de Lisboa, Torres Novas, Pombal, Almeirim e, claro está, Caldas da Rainha. Rock, metal, punk e hip-hop, estiveram reunidos num festival que, feitas as contas dos dois dias, atraiu mais de 400 jovens.
Inserido na cadeira de Projecto de Som e Imagem, o Connect “é uma forma dos alunos porem em prática as matérias que aprenderam nos dois primeiros anos do curso”, explica Henrique Bértolo, que integra a equipa de produção do festival com Leonardo Schafftt e Filipe Nunes.
Os restantes 17 alunos ocuparam-se da gravação de um EP (formato que compila menos músicas que o CD) juntamente com os grupos convidados: Füzz, Subversive, Huracan’s Fall, Pesca L-Ali e Jota, Raul Muta, Reis da República e Português Suave. “Esta é uma forma de ‘pagarmos’ às bandas, mas que também faz parte da avaliação final da cadeira”, adianta o trabalhador-estudante de 37 anos.
Uma vez que o primeiro ano do curso é partilhado com alunos de Imagem, a turma de Som propôs aos colegas que gravassem um videoclipe para cada banda. Convite aceite, os músicos que passaram pelo palco do Connect saíram das Caldas duplamente satisfeitos.
Ao longo de quatro meses, o tempo de preparação envolvido até ao resultado final, os finalistas estiveram apoiados por quatro docentes, em particular Luís Caldeira, professor da cadeira. No entanto, chegada a hora dos concertos, coube apenas aos alunos a responsabilidade pelo som ao vivo, sistema de luzes e gravação.
“Queríamos organizar um evento com bases sólidas, a sério o suficiente para ganhar um nome nas Caldas”, acrescenta Henrique Bértolo. Para isso, foram necessários 700 euros. “Se tivesse que ser tudo pago pelos alunos, a concretização seria impossível. O que nos valeu foram os patrocínios, pessoas que acreditaram em nós mesmo sem nunca nos terem visto”, sublinha o porta-voz da turma, que, da ESAD, apenas recebeu apoio para o pagamento das refeições dos artistas e, “perante ordens da casa mãe [IPL]”, das deslocações dos mesmos.
Na verdade, se a Escola Superior não tivesse uma parceria com o Centro da Juventude, dificilmente os alunos encontrariam um palco para pôr de pé a iniciativa, tendo em conta os custos de aluguer de um espaço.
“Os meus melhores três anos Na ESAD”
Raul Muta é o próximo a actuar, depois dos Reis da República, que já fizeram encher a sala. Estudante de Artes Plásticas na ESAD, foram as artes que o trouxeram às Caldas da Rainha, há cerca de três anos. “Vinha na completa ignorância de que ia encontrar uma escola que, ao contrário de muitas universidades de Belas Artes, me ia receber tal como eu sou, sem categorizar os alunos”.
Raul Muta interessou-se pelo hip-hop graças ao irmão, Lucas Luso, que o convidou a estrear-se num concerto com uma letra escrita por ambos, “Solilóquio”. Tinha 13/14 anos e, desde então, não mais parou de fazer rap. “Oiço o instrumental e escrevo consoante o que o som me diz, por isso a minha música não tem que ter um tema específico”, conta Raul Muta, roubando as palavras do rapper americano Tech N9ne.
O seu mais recente trabalho, “Efémero”, é uma mixtape assente na mensagem: “faça o que faça, seja bom ou mau, um dia a minha passagem pela terra vai acabar”. Há festa, drogas, miúdas nuas, recados ao governo e mensagens positivas.
Nos dois dias, o Connect Fest seguiu do Centro da Juventude para o Parqe, onde decorreu o “after party”.






























