
Desde Abril de 2011 que estão a ser comemorados os 650 anos da transladação de Inês de Castro do Mosteiro de Santa Clara, em Coimbra, para o Mosteiro de Alcobaça. Uma efeméride cujas comemorações contaram já com diversas conferências e momentos culturais e que atingem agora um dos pontos altos, com o Congresso Internacional “Pedro e Inês: o futuro do passado”.
Trata-se de um encontro que se quer transversal a diversas áreas e que tem entrada gratuita, mas que carece de inscrição prévia, que deve ser feita até segunda-feira, 19 de Março. A organização espera que mais de mil pessoas assistam às apresentações de meia centena de congressistas e comunicantes.
Ao longo de quatro dias, entre 28 e 31 de Março, especialistas de diversas áreas, vindos de vários pontos do país, de Espanha, Brasil e USA, vão passar por Coimbra, Montemor-o-Velho e Alcobaça para abordar o amor trágico de Pedro e Inês “com ampla humanidade e multidisciplinaridade” num encontro onde “o científico e o cultural estrão muito entrelaçados”, garantiu a coordenadora científica do congresso “Pedro e Inês: o futuro do passado”, Maria Helena Coelho.
A Quinta das Lágrimas, em Coimbra, foi o palco escolhido para a presentação do evento que vai contar com meia centena de conferencistas e comunicantes e se prolonga por quatro dias, percorrendo diversos “espaços de memória de Pedro e Inês”.
A 28 e 29 de Março o congresso realiza-se em Coimbra, na Casa da Escrita. Na cidade dos estudantes, ao programa científico do congresso juntam-se diversos momentos culturais, com destaque para a estreia do “Requiem a Inês de Castro” encomendado a Pedro Macedo Camacho. Uma obra que será apresentada na Sé Nova às 21h30 do dia 28, e que será interpretada pela Orquestra Clássica do Centro, sob direcção de Artur Pinho Maria.No dia 30 o congresso muda-se para Montemor-o-Velho, com conferências na Biblioteca Municipal e visita ao centro histórico e castelo da vila. No dia 31 o local escolhido é o Mosteiro de Alcobaça, onde repousam os restos mortais do casal que protagonizou “o tema da História de Portugal mais falado”, diz o director do monumento, Jorge Pereira de Sampaio.
Ao longo de todo o dia, a tónica vai ser posta sobretudo nos túmulos de Pedro e Inês, na história da galega que ameaçou a independência do país em relação a Espanha, as iconografias do casal e as repercussões artísticas desta trágica história além-fronteiras. Este “não é apenas um congresso de história, mas aborda todas as manifestações artísticas e culturais” em torno dos factos e dos mitos deste período tão marcante da História de Portugal, assegura Jorge Pereira de Sampaio.
O congresso “Pedro e Inês: o futuro do passado” junta na sua organização a Associação de Amigos de D. Pedro e D. Inês, as autarquias de Alcobaça, Coimbra e Montemor-o-Velho, o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, o Centro de História da Sociedade e da Cultura da Universidade de Coimbra, o Conselho da Cultura Galega e a Cátedra Jaime Cortesão da Universidade de São Paulo (Brasil). “Uma ampla convergência que mostra como esta temática é local, nacional e também amplamente internacional”, afirmou Maria Helena Coelho.
Já Bruno Letra, da Câmara de Alcobaça e membro da comissão executiva do congresso, salientou a realização do encontro mesmo em tempos de contenção. Os custos com a iniciativa não deverão ultrapassar os 10.000 euros, incluindo transporte e dormidas dos convidados. “Não investimos em foguete, mas sim em algo que pode perdurar”, salientou a coordenadora do congresso. Uma opinião partilhada por Bruno Letra, para quem a realização deste congresso “reforça o papel de Pedro e Inês” contribuindo para a sustentabilidade “uma história que precisa de ser reforçada”.
Quem também esteve presente na apresentação do congresso foi o vereador da Cultura da Câmara da Lourinhã, José Tomé. Pedro e Inês ter-se-ão encontrado por diversas vezes na localidade de Moledo, pelo que a autarquia, ainda que não acolha o congresso, não dispensa uma participação. Entre as conferências a realizar no Mosteiro de Alcobaça, uma aborda as cinco esculturas da Faculdade de Belas Artes que podem ser vistas em Moledo. Trabalhos que abordam “um tema apaixonante” e, por isso mesmo, a autarquia está empenhada em conseguir mais três esculturas para a localidade, disse o vereador.
O programa do congresso pode ser consultado em www.alcobaca.pt, onde está ainda disponível a ficha de inscrição.
Exposições encerram ano inesiano
É também em Alcobaça que ocorre, a 1 de Abril, o encerramento do ano inesiano.
Na galeria de exposições do mosteiro são inauguradas três exposições referentes a Pedro e Inês: uma iconográfica e bibliográfica, outra composta por sete trajes para Pedro e outros sete para Inês (com os vencedores do concurso de moda lançado há um ano) e uma terceira sobre pintura e desenho, denominada “Relicários de Inês de Castro”, de Nélia Caixinha. A inauguração das exposições não tem, ainda, hora marcada.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt






























