Concurso de Música Moderna de Alcobaça assinala 30º aniversário

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A banda caldense Mouse Trap foi a vencedora do concurso em 1996. na época, Gazeta das Caldas também noticiou a vitória

Comemora-se este ano o 30º aniversário do Concurso de Música Moderna de Alcobaça, que o Bar Ben organizou entre 1991 a 1997 e que, ainda hoje, é referido como um importante marco relativamente à música independente.

Para assinalar o aniversário, foi doado espólio sonoro das bandas que participaram no concurso ao Arquivo Nacional do Som

Para assinalar esta data, foi doado, ao Arquivo Nacional do Som, o espólio sonoro deste concurso. Desta forma, poderão ser preservadas para a posteridade as sonoridades das centenas de bandas musicais, dos mais variados géneros, que passaram por aquele evento. Algumas conseguiram vingar no difícil mundo da música e hoje integram o panorama nacional.

José Vasco apresentando uma eliminatória da primeira edição em 1991. Partilhou com Carlos Gonçalves a responsabilidade deste evento que teve sete edições.

José Alberto Vasco foi coorganizador deste concurso, que teve sete edições com Carlos Nunes, o responsável pelo Bar Ben, situado no centro de Alcobaça, desde o final da década de 1980. José Vasco, na época, trabalhava para jornais e para a Rádio Cister e “chegava a transmitir os concertos do Bar Ben em direto”, recordou o autor do regulamento deste concurso que obteve grande adesão desde o primeiro momento, não só das bandas como também da imprensa especializada.
Ao contrário dos outros concursos existentes, o certame de Alcobaça não exigia que se cantasse em português e também não havia rigor em relação à duração dos temas. “Criámos o evento com a ideia de dar palco aos grupos da zona”, disse o programador, recordando que havia muitos grupos musicais em Alcobaça Caldas, Leiria, Marinha Grande e Nazaré.

O Bar Ben foi o único local fora de Lisboa e do Porto incluído na lista dos 30 locais importantes para a música, para a Blitz

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Só que, logo a partir da primeira edição, “choveram” concorrentes de todo o país. No primeiro regulamento previa-se o apuramento de oito bandas para a final e, dada a grande procura, alterou-se para 16. Eram às dezenas de grupos concorrentes dos mais variados géneros musicais. Segundo José Vasco, havia, em média, entre 50 e 70 concorrentes a enviar as maquetas com canções a cada edição.
“Tentávamos trazer as novas bandas que eram referidas no Blitz (então jornal, hoje revista)”, contou aquele que era uma espécie de braço direito de Carlos Nunes no que diz respeito ao concurso.
As sete edições foram ganhas por várias bandas. Em 1991, ganhou o Estado Sónico (Marinha Grande) e, em 1992, os Superpopadélico (de Alcobaça), que derrotaram os caldenses Red Beans. Em 1993, foi a vez dos Vodka Pedra (Almada) e o cartaz do evento foi feito pelo caldense João Paulo Feliciano. No ano seguinte, os vencedores foram os Paranóia (Leiria), que deixaram os internacionalmente conhecidos The Gift em segundo lugar, tal como acontecera com os caldenses Red Beans no ano anterior. Em 1995, os vencedores incontestados foram os Blasted Mechanism (Parede).

Vixit Corp foi uma das várias bandas caldenses que passou por este mítico concurso de música. Atuando no local, em 1992

Os caldenses The Mouse Trap ficaram em primeiro lugar no concurso de 1996. A banda de Ritz, Nuno Santo, Paulo Castel Branco e de Luís Brito foi a vencedora do concurso que teria a sua derradeira edição no ano seguinte, 1997, com a vitória dos Virtualma, de Leiria.
“Vinham bandas desde o Algarve até ao Minho e algumas repetiram a participação”, recordou José Alberto Vasco, acrescentando que as atuações duravam madrugada fora. O espaço acolhia entre 150 a 200 pessoas e os concertos estavam sempre cheios.
O concurso de Alcobaça era dos poucos sem apoio da autarquia e os prémios dados aos grupos eram a gravação de uma maqueta com três músicas, instrumentos musicais e também material técnico.
Em 1998, ainda houve um ou outro evento mas o Bar Ben já não voltaria a dedicar-se à música independente como outrora. “O concurso marcou uma época”, disse o responsável, salientando o facto de, em 2014, a revista Blitz ter colocado o Bar Ben na listagem dos 30 lugares míticos dedicados à música de Portugal. Era, de resto, o único espaço dedicado aos concertos, localizado fora de Lisboa e Porto, incluído naquela listagem. ■

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