Concertos atraem milhares de pessoas no Festival do Vinho do Bombarral

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Centenas de pessoas marcaram presença na festa

Tal como acontece na Feira da Fruta, nas Caldas, também no Bombarral os concertos são um grande motivo de atracção durante o Festival do Vinho e da Pêra Rocha, juntando milhares de pessoas naquela vila. E tal como nas Caldas, aquele evento é a oportunidade para muitos se reencontrarem dado que ocorre em pleno período de férias de Agosto, reunindo locais e emigrantes.
Pelo lado dos expositores, alguns queixaram-se da falta de vendas, para a qual poderá ter contribuído o mau tempo nos primeiros dias da semana.
O evento, que decorreu até 12 de Agosto (com um dia extra para realizar um espectáculo que tinha sido cancelado), teve como pontos altos os concertos dos Resistência e Mishlawi, a já tradicional festa nos claustros do Palácio do Gorjão e o espectáculo no anfiteatro que beneficia sempre da beleza daquele espaço.

Este ano foi muito mau, com menos pessoas e a comprarem menos, dificilmente faz metade do ano passado”, conta a caldense Fernanda Maria dos Doces Caseiros da Daniela à Gazeta das Caldas durante o Festival do Vinho e da Pêra Rocha, que decorreu de 6 a 12 de Agosto na Mata Municipal do Bombarral.
Fernanda Maria foi proprietária deste negócio durante 45 anos (e teve uma fábrica no Chão da Parada), até a neta, que é a actual proprietária, assumir a gestão do mesmo no ano passado. Salienta a influência da meteorologia nesta equação. “O tempo não ajudou e vem muita gente, mas é mais para ver os concertos”, explicou, acrescentando o facto de antigamente não se pagar entrada. “Os stands são muito caros, pago 400 euros por seis metros quadrados, é preciso facturar muito”, faz notar.
Vende, como o nome indica, doces caseiros e a sua neta, que os fabrica no Bombarral, traz algumas receitas preparadas especialmente para este certame, como é o caso do pastel de nata com pêra Rocha ou o arroz doce também com pêra Rocha. Entre as iguarias, estão ainda o bolo, a broa e a tarte de chocolate, todos, claro, com uma das rainhas do certame.
Fernanda Maria acha que a junção dos dois eventos (festival do vinho e feira da pêra rocha) não foi benéfica porque nesta altura a pêra ainda está na árvore.
Já Henriqueta Evaristo, da Fruta Formas, considera que o certame é importante para dar a conhecer o produto. A empresa, criada no Bombarral há quase 10 anos, dedica-se à fruta desidratada e “engana” muita gente porque, dado o requinte dos seus produtos, há pessoas que pensam que são chocolates. Vendem pêra Rocha, maçã e ananás, nas vertentes crocante e mole. Ainda assim, não deixa de dizer que “já houve anos melhores”.
Por sua vez, Amélia Simão, dos Doces d’Amélia, também sente que nesta edição houve menos gente a comprar. “A mim já me conhecem e procuram o meu espaço, por isso está a ser um ano positivo”, diz, notando que há espaço para evoluir “para chamar mais pessoas”. Nesse sentido acha que se poderiam baixar os preços das entradas (entre 3 e 5 euros). Entre as suas iguarias, destacam-se sempre Os Gorjões do Palácio.
A Sidrada – uma empresa do Bombarral que se dedica à produção de sidra – aproveitou o certame para promover a sua sidra de pêra Rocha. Além de terem um expositor, proporcionaram uma demonstração de cocktails com sidra com o bartender Daniel Roberto, que criou um com cada sidra. “Este ano correu bem em termos de vendas, foi semelhante aos anos anteriores”, conta Nuno Clímaco, notando que os dias com mais gente foram os dos Resistência e de Mishlawi.
O festival mantém este cariz tradicional e rústico e acho que foi muito interessante a ideia de criar um tema, como este ano a homenagem a Abel Pereira da Fonseca, é uma forma de valorizar a história do Bombarral”, salienta.

PRODUTORES PREOCUPADOS COM GREVE

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Joana Rodrigues, da Licofrutos, acha que o festival “é sempre uma boa oportunidade para divulgar os produtos e não faria sentido não estar presente”.
A empresária nota que “nos primeiros dias S. Pedro não ajudou e foram muito piores em termos de facturação do que no último ano, mas ontem e hoje [sexta e sábado] já está a recuperar e esperamos que chegue a valores semelhantes aos do ano passado”.
A Licofrutos vende pêras colhidas no próprio dia, de propósito para o certame. “O meu pai era e é produtor de fruta e em 2011, como tínhamos ginja, começámos a produzir licores e doces”, explicou. Num certame que une o vinho e a pêra rocha, a marca vende um produto que junta os dois num pequeno frasco. Trata-se da pêra gulosa, que é uma pêra bêbeda, mas em vinho branco, também ele do Bombarral, sendo fruto de uma parceria com a Feitores, produtora de vinho local.
Conseguimos associar os dois produtos e aproveitar as pêras sem calibre”, fez notar a empresária que já participou na Frutos, nas Caldas, mas este ano não vai estar presente. “Vende-se muito pouco”, explicou.
Esta empresária considera que o que diferencia o festival do Bombarral de outros certames que decorrem nesta altura é que neste caso as pessoas podem provar os produtos antes de os adquirir. “Só compram aquilo que realmente gostam”, faz notar.
Com a colheita a começar no mesmo dia da greve dos motoristas de matérias perigosas, Joana Rodrigues confessa que este é um assunto que “preocupa toda a gente”. Sublinha o direito à greve e conta que a sua empresa adquiriu combustível para ter de prevenção. “Estamos a precaver-nos porque ninguém nos vai pagar o prejuízo de não haver colheita e não a podemos adiar”, explica, acrescentando que deverão ter reservas para trabalhar cerca de uma semana.
Preocupante” é também como Carlos João Fonseca, da Companhia Agrícola do Sanguinhal, define a situação provocada pela greve dos motoristas de matérias perigosas. O empresário diz que a falta de combustível afecta directamente a campanha da pêra Rocha não só no funcionamento dos tractores como também no transporte de pessoal. “Em toda a região há por estes dias milhares de trabalhadores que são transportados para os pomares e é necessário gasóleo para carrinhas que os transportes”, contou, acrescentando que a apanha daquele fruto tem uma período crítico de 15 dias e que qualquer adiamento já não permite colher a pêra Rocha nas melhores condições.
Por outro lado, e embora as vindimas ainda não tenham começado na região (no Alentejo, contudo, já se vindima), diz que há tratamentos que têm de ser feitos agora nas vinhas e que também não podem ser adiados, pelo que o combustível é uma necessidade premente.
Carlos João Fonseca diz que na sua quinta abasteceu-se de gasóleo verde e tem algumas reservas, as quais não duram, porém, mais do que uma semana.

Os vinhos galardoados

Brancos DOP – Denominação de Origem Protegida
1º prémio – Alma Vitis 2017 – DOC Torres Vedras
Adega Cooperativa de S. Mamede da Ventosa
2º prémio – Quinta de S. Francisco 2018 – DOC Óbidos
Companhia Agrícola do Sanguinhal
3º prémio – Quinta Várzea da Pedra 2017 – DOC Óbidos
Quinta Várzea da Pedra – Bombarral

Tintos DOP – Denominação de Origem Protegida
1º prémio – Empatia 2016 – DOC Alenquer
Adega Cooperativa da Labrugeira
2º prémio – Quinta de S. Francisco 2016 – DOC Óbidos
Companhia Agrícola do Sanguinhal
3º prémio – Fontanário de Pegões (Reserva 2015) – DOC Palmela
Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões

Tintos IG – Indicação Geográfica
1º prémio – Talismã (Reserva 2015) – Regional de Lisboa
Adega Cooperativa da Labrugeira
2º prémio – Mundos (Reserva 2013) – Regional de Lisboa
Adega Cooperativa da Vermelha
3º prémio – Unicus (Reserva 2016) – Regional de Lisboa
João Pedro Machado Duarte – Famões (Bombarral)

Tintos IG – Indicação Geográfica (Varietais)
1º prémio ex aequo – Mundos (Alicante Bouchet 2015) – Regional Lisboa
Adega Cooperativa da Vermelha
1º prémio ex aequo – Adega de Pegões (Syrah 2016) – Regional Península de Setúbal
Cooperativa Agrícola de Santo Isidro de Pegões
2º prémio – Syrah & Tinta Roriz 2016 – Regional de Lisboa
Adega Cooperativa da Labrugeira
3º prémio – Peripécia (Merlot 2017) – Regional de Lisboa
Cerrado da Porta – Sobral de Monte Agraço

Regionais de Lisboa Leves
1º prémio – Mundus (branco selecionado 2018)
Adega Cooperativa da Vermelha
2º prémio – Solar da Marquesa (branco) 2018)
Casa Agrícola Horário Nicolau – Adão Lobo (Cadaval)
3º prémio – Arieno (branco 2017)
Adega Cooperativa de S. Mamede da Ventosa

Brancos IG – Indicação Geográfica
1º prémio ex aequo – Talismã (Reserva 2017) – Regional de Lisboa
Adega Cooperativa da Labrugeira
1º prémio ex aequo – Adega de Pegões (Seleccionado 2018) – Regional Península de Setúbal
2º prémio – Sanguinhal 2018 – Regional de Lisboa
Companhia Agrícola do Sanguinhal
3º prémio – Montes 2017 – Regional de Lisboa
Adega Cooperativa de Alcobaça

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