Uma viagem pelos dois álbuns “It’s Only Love Give It Away” e “Daisy Chains”, um concerto intimista com repertório bilingue (português e inglês), a estreia do tema “Faking It” e duas grandes surpresas marcaram o espectáculo do filho de Raul Solnado. Ambas incluíram Joana Alegre, cantora que dá voz à música “E Agora”.
Sobre o peso do apelido Solnado, Mikkel reconhece: “é um nome que abre muitas portas, mas que não garante o sucesso se a qualidade do trabalho não estiver lá”.
Mikkel Solnado começou o concerto sem música. Antes de pegar no microfone, projectou no palco algumas fotografias do pai, Raul Solnado, e relembrou ao público as suas mais famosas expressões. Uma delas, a eterna “Façam o favor de ser felizes”.
Foi com o pai que Mikkel conheceu as Caldas da Rainha, quando Raul Solnado era um dos proprietários do Hotel Malhoa (hoje, Cristal). À plateia, o músico recordou as várias vezes em que o elevador lhe pregou umas valentes partidas e o deixou preso, tinha nove anos.
“We Can Do Anything”, o tema que lançou Mikkel Solnado no mundo da música, foi um dos primeiros a fazer vibrar os espectadores. Curiosamente, Mikkel soube do êxito desta canção nas rádios nacionais através de um telefonema da irmã. “Eu estava em Copenhaga, cidade onde nasci, regressei aos 19 anos e vivi até aos 35, por achar que na Dinamarca se abririam mais portas para concretizar o meu sonho”, contou o artista de 40 anos, que, ironicamente, foi em Portugal que achou solo fértil para produzir o primeiro álbum.
Depois do cover “Life is Life” (Opus), que inicialmente Mikkel Solnado produziu para um anúncio da Super Bock, o luso-dinarmaquês chamou ao palco Joana Alegre para interpretar “E Agora?”, um dos maiores sucessos de “Daisy Chains”. “Estava a escrever este tema para a Rita Guerra, mas gostei tanto que o roubei”, brincou Mikkel Solnado.
Ainda ao lado de Mikkel Solnado, Joana Alegre teve a oportunidade de apresentar dois originais – “Cavalos Brancos” e “Carry On” – e de perguntar aos espectadores: “Está aqui alguém da Foz do Arelho?”. E justificou a questão, revelando que “ainda estava na barriga da mãe, já era uma apaixonada pela Foz”. Isto porque a família tem uma casa na vila e Joana aproveita as ondas desta praia para pôr o surf em dia.
Já se tinha o palco transformado numa “discoteca” com os temas “Turn The Lights Out” (uma colaboração com o DJ Diego Miranda) e “Faking it” (música do próximo álbum), quando o público, que pedia a Mikkel mais uma música, foi surpreendido com a entrada do cantor directamente na plateia. Do outro lado, estava Joana Alegre, mais uma vez. Juntos, os dois artistas interpretaram novamente “E Agora?”, protagonizando o momento mais emocionante do concerto.
“A nossa família nunca foi a favor de cunhas”
Próximo do pai, Mikkel acompanhava Raul Solnado em dias de espectáculo. Ficava na parte detrás, nos bastidores, mas já sonhava com um lugar no palco. “O facto do meu pai ser artista contribuiu para que apoiasse o meu sonho, mas isso não o impediu de me obrigar a tirar um curso”, contou Mikkel, que acabou por fazer formação em assistência social, embora nunca tenha exercido.
Em 2011, ano em que Mikkel Solnado se estreou com o primeiro álbum, já o pai tinha falecido. “Se ele tivesse oportunidade de o ouvir, penso que ficaria orgulhoso, mas também seria muito honesto quanto aos temas que não gostasse”, disse Mikkel, recordando a forma como o pai gabava os filhos aos amigos quando admirava o seu trabalho.
Embora se considere um priveligiado por assinar Solnado, Mikkel revelou que o sucesso chegou por mérito próprio, até porque “o meu pai era actor e eu sou músico, dois talentos distintos”.
Hoje, músico em crescimento e produtor de profissão, Mikkel Solnado “agradece” o problema nos joelhos que lhe foi detectado aos 14 anos. Como não podia fazer desporto dedicou-se à música. Começou pela bateria, inspirado pelos Iron Maiden, prosseguiu com a guitarra e com o piano e conta agora com dois CDs lançados e uma produtora própria, a The Cave Collective.






























