Conceição Colaço publica livro inspirado nos papagaios do Parque D. Carlos I

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Conceição Colaço é técnica superior do Museu José Malhoa e escreveu a sua primeira obra para crianças |Beatriz Raposo

A caldense Conceição Colaço estreou-se na escrita infantil com “O Papagaio Verde”, um livro com duas histórias que se cruzam e têm em comum um papagaio de penas verdes que vive num jardim rodeado de pombos. Pelo meio desta obra de palavras difíceis – aconselha-se a sua leitura em família – há uma série de referências ao Parque D. Carlos I.

Um livro feito de memórias. Foi assim que Conceição Colaço, técnica superior do Museu José Malhoa, apresentou o seu primeiro livro infantil – “O Papagaio Verde” – às crianças e pais que se juntaram na Biblioteca Municipal, dia 28 de Janeiro, em mais uma iniciativa “Sábados com contos…”. A autora caldense revelou, desde logo, que o título da obra faz referência a um papagaio verde que habitou o Parque D. Carlos I em 2007.
“Chegou num Inverno e, embora muitos dissessem que não iria sobreviver ao frio e à chuva, a verdade é que viveu no Parque durante um ano, até um dia em que desapareceu sem ninguém saber para onde foi ou se o levaram”, contou Conceição Colaço. A ave de penas verdes ficou conhecida no Parque por imitar o som e o movimento da cabeça dos pombos, com quem convivia perfeitamente e se juntava para bicar as migalhas.
Nesta história infantil, o papagaio-verde voa até um jardim em busca da sua liberdade depois de ter tido dois donos – um marinheiro e um alfaite – e dois nomes diferentes: Marujo e Chamiço.
Curiosamente, este não foi o único papagaio que inspirou Conceição Colaço na escrita do livro.  “Há três anos apareceu outro, desta vez cinzento, uma espécie angolana. O dono morava perto do Parque, por isso todas as manhãs abria a janela da marquise e soltava o papagaio, que só voltava a casa a partir das seis da tarde”, contou.
Embora a museóloga não mencione directamente o Parque D. Carlos I na sua obra, são várias as pistas que sugerem que o jardim que aparece na história é o mesmo que o das Caldas. Por exemplo, Conceição Colaço faz referência à Casa dos Barcos, à espécie araucária (árvore exótica que existe no Parque), às fracas (galinhas angolanas que durante muitos anos também habitaram o Parque), assim como aos guardas que ainda hoje fazem a manutenção daquele espaço.
Mas “O Papagaio Verde” (livro editado pela Sinapis) não vive apenas das memórias que Conceição Colaço guarda do Parque. “O nome Natércia, que dei a uma das personagens, é uma homenagem a Luís de Camões, sobre quem realizei vários estudos”, revelou, explicando que foi Camões o inventor desse nome, utilizando-o nos seus sonetos como dedicatória ao seu grande amor, Catarina, através de uma troca de letras dos dois nomes (anagrama).
Entre as personagens principais de “O Papagaio Verde” estão também dois irmãos: o Duarte, com 11 anos, e o Dinis, com seis.  Conceição Colaço dá conta que o irmão mais novo pede ao mais velho que lhe conte uma história e Duarte inspira o seu conto num sonho que teve nesse mesmo dia. Pois bem, o sonho de Duarte e a história que conta ao irmão constituem cada uma das partes do livro. “São duas narrativas diferentes mas que se encontram uma na outra”, afirmou a autora.

ESCRITO PELA AVÓ E DESENHADO PELO NETO

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Entre as palavras escritas pela “avó São” encontram-se desenhos feitos pelo neto Dinis. “A ideia surgiu em 2014, quando eu fiz 60 anos e ele seis. Pedi-lhe que fizesse as ilustrações, mas como o Dinis era muito pequenino, os papagaios dele parecem-se mais com burros”, riu-se a museóloga, realçando que as crianças estão mais habituadas a desenhar bichos de quatro patas do que de duas, e ainda por cima com asas.
Apesar dos desenhos do Dinis, a maioria das páginas do livro está preenchida por texto. Conceição Colaço diz que tomou essa decisão porque hoje em dia os livros infantis vivem quase mais das imagens do que das palavras. “Quis criar uma obra para ser lida em família que estimulasse a procura do significado das palavras, até porque adoro dicionários”. Na contracapa do livro pode mesmo ler-se: “Pensada para jovens leitores até aos dez anos, a história do Papagaio-Verde foi escrita para uma leitura em família, onde os mais velhos são convidados a acompanhar os mais novos na descoberta de palavras desconhecidas”.
Esta edição de autor pode ser adquirida através da gráfica Várzea da Rainha Impressores (Rua Empresarial, nº 19 / Zona Industrial da Ponte Seca, nas Gaeiras).

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