
Não é todos os dias que se vê uma soprano cantar com uma banda filarmónica ou instrumentos como o violino ou o acordeão integrarem este tipo formação musical. Mas foi esta a proposta da Banda Comércio e Indústria das Caldas, que convidou para o seu concerto de Ano Novo os solistas Isabel Catarino, Dinara Tonkikh e Luís Agostinho: três combinações improváveis que surpreenderam o público e evidenciaram a qualidade da banda caldense, que ano após ano tem procurado inovar em palco com repertórios arrojados.
O espectáculo realizou-se no grande auditório do CCC, no dia 7 de Janeiro, e um mês antes já tinha a lotação esgotada.
Em Outubro, o maestro Adelino Mota propôs à Banda Comércio e Indústria (BCI) que tocasse a peça “Abraham” (Ferrer Ferran) no concerto de Ano Novo e alguns instrumentistas disseram-lhe: “estás maluco, não vamos conseguir”. Verdade é também que após dois meses de ensaios, os 75 músicos tocaram este tema de 13 minutos no grande palco do CCC e os fortes aplausos do público foram um reconhecimento de “missão (bem) cumprida”.

“É uma peça recente e com um alto nível de dificuldade para músicos amadores. Mas só assim, com estes desafios, conseguimos subir a parada e melhorar a qualidade da banda”, disse Adelino Mota à Gazeta das Caldas, realçando que o concerto de Ano Novo é um dos pontos altos da agenda da BCI. Mais: este é já um espectáculo que faz parte da tradição da cidade. “Prova disso é que os bilhetes tinham sido todos vendidos um mês antes do concerto”, afirmou o maestro, acrescentando que é extraordinário o facto de uma banda local trazer todos os anos mais de 600 espectadores ao Centro Cultural e Congressos. Tantos quanto trazem os grandes nomes de cartaz que actuam naquele mesmo palco ao longo do ano. Em jeito de agradecimento ao público, que lotou por completo a sala do CCC, Adelino Mota pediu aos seus músicos que se levantassem para aplaudir de pé todas as pessoas que marcaram presença no concerto.
A soprano Isabel Catarino, a violinista Dinara Tonkikh e o acordeonista Luís Agostinho foram os solistas convidados que se juntaram à banda em vários momentos. Destaque para alguns temas: “Granada”, peça escrita em 1932 pelo compositor mexicano Augustín Lara; “Schindler’s List”, canção do filme com o mesmo nome que coincidiu com uma das interpretações mais emocionais do concerto; e “Libertango” (Astor Piazolla), peça cuja designação resulta da junção das palavras “liberdade” e “tango” e que proporcionou um solo de improviso ao caldense Luís Agostinho. A Banda Comércio e Indústria tocou ao todo 10 peças, metade na companhia dos seus convidados.






























