Caldas da Rainha recebeu entre os dias 6 e 8 de Novembro, a 15ª Festa do Cinema Francês.
Foi a primeira vez que a cidade acolheu este evento dedicado à sétima arte francesa, tendo começado com a exibição da comédia surreal Attila Marcel. Ao todo, os seis filmes do evento foram vistos por 130 pessoas ao longo de três dias. Para o próximo ano, a directora da Alliance Française das Caldas da Rainha, Maria do Carmo Brandão, espera poder coordenar atempadamente com as escolas de modo a poder aumentar o público escolar.
Os portugueses acham que os franceses são “arrogantes, elitistas e complicados”, disse à Gazeta das Caldas o actual director do Instituto Francês em Portugal, Azous Begag. E é com o objectivo de mudar estes clichés, que as entidades francesas estão a apostar em força no Festival de Cinema Francês em terras lusas. No ano passado, o evento chegou a sete localidades e este ano já foram duas dezenas. O também Conselheiro de Cooperação e de Acção Cultural foi um dos anfitriões da sessão de abertura deste festival nas Caldas. É um dos promotores desta iniciativa e quer mesmo que “os jovens portugueses deixem de ter preconceitos em relação à sociedade actual francesa”.
O também ex-ministro da Igualdade em 2007, que é de origem árabe, afirmou que se pretende, através dos filmes de realizadores contemporâneos, dar a conhecer a actual da sociedade francesa, “na sua diversidade cultural e modernidade”. No fundo, quer mostrá-la como é na verdade, “multicultural e complicada, mas muito interessante”, disse à Gazeta das Caldas, antes do início do festival no CCC, no serão de 6 de Novembro.
“Viemos dizer aos 150 mil jovens portugueses que fogem do país anualmente, que a francofonia é uma oportunidade muito importante”, acrescentou Azous Begag. Segundo este responsável, os portugueses há 50 anos falavam francês, “então vamos fazer do cinema um meio para reconquistar os jovens. Vamos “invadir” Portugal com o cinema francês!”, afirmou.
Já no pequeno auditório do CCC, com o público a preencher meia plateia, Azouz Begag surpreendeu tudo e todos cantando um trecho da “La vie en rose”, de Edith Piaf e dando um pé de dança com a directora da Alliance, Maria do Carmo Brandão.
Presente na abertura do festival esteve o vereador da Educação, Alberto Pereira, que afirmou que “é importante recolocar a língua francesa no local onde ela merece”. O autarca acha que estas iniciativas são sempre de louvar até porque deram a oportunidade aos caldenses de conhecer alguns filmes contemporâneos da cinematografia francesa.
Uma comédia surreal para abrir o festival
Attila Marcel foi o filme de arranque do festival e contou a história de Paul, um estranho trintão que vive no seu apartamento parisiense com as tias, duas idosas aristocratas que o educaram desde bebé e que sonham vê-lo transformar-se num exímio pianista. No entanto, Paul tem que resolver alguns traumas do seu passado e vai escolher outro destino.
Para Jean Pierre Hougas, delegado para a região Oeste da União dos Franceses no Estrangeiro, a estreia do festival nas Caldas “é algo muito bom para a comunidade francesa que vive nesta região”. Sobre a comédia, apesar de a considerar “um pouco estranha, até foi agradável pois tem muita psicologia e reflecte sobre a toda a vida da personagem, desde a sua infância”.
Segundo este responsável, entre Peniche e Nazaré moram 250 casais de origem francesa.
Catarina Norte, 15 anos, é uma das alunas da Alliance Française das Caldas. Acha que este tipo de festivais são importantes para divulgar a língua francesa e também os acha úteis “para acabar com os estereótipos já que os portugueses têm alguma relutância em relação aos franceses”. A estudante gostou do filme e acha que o cinema francês está lentamente a aproximar-se do que se faz noutros países.
A professora de francês, Helena Pedrosa considera que o facto de a Festa do Cinema Francês ser apresentada nas Caldas é uma excelente iniciativa. Adorou o filme de abertura Attila Marcel porque “contém uma parte divertida e outra mais profunda e que podemos relacionar com a vida de cada um”.
Maria do Carmo Brandão disse à Gazeta das Caldas que os seis filmes que foram exibidos no CCC terão sido vistos por 130 pessoas, o que na sua opinião foi muito positivo para a edição de estreia. Para o ano, a responsável vai planear melhor com as escolas de modo a poder fazer chegar a sétima arte feita em França a mais público escolar.
Natacha Narciso
nnarciso@gazetadascaldas.pt































