“O Barro no Figurativo Sacro-Satírico e Popular das Caldas da Rainha “ é como se designa a exposição de cerâmica dos caldenses Fernando Miguel e Milena que está patente no Museu de Arte Popular, em Lisboa, até ao dia 7 de Abril.
Estes autores, que se dedicam à vertente sacra e satírica da cerâmica caldense, apresentam agora uma mostra de 60 peças dos seus trabalhos que aliam a tradição à contemporaneidade. A figura do Zé Povinho está presente em muitas das obras do casal ceramista caldense e também há outras inspiradas nalguns quadros de José Malhoa, nomeadamente o Fado e os Bêbados.
Em complemento da exposição os dois autores têm ministrado cursos de formação em cerâmica na capital, desenvolvendo workshops para jovens e adultos. Estão ainda na expectativa de ministrar, antes do final da exposição, um mini curso de iniciação à modelação de peças em barro para grupos de 20 participantes com idade mínima de nove anos e com duração de 20 horas.
Segundo Fernando Miguel, a exposição “está a correr muito bem”, e já foram vendidas várias peças, adquirida por coleccionadores nacionais e estrangeiros, que se têm deixado encantar pelas criações contemporâneas e tradicionais caldenses. Os preços das peças expostas em Lisboa variam entre os 40 e os mil euros.
Fernando Miguel está satisfeito por ter sido convidado a apresentar o seu trabalho naquele espaço museológico e acrescentou que “é de louvar a atitude da directora e da equipa do museu que pretende dinamizar de modo didáctico o espaço museológico”.
Por causa da crise, a cerâmica precisa de ser apoiada e, segundo este autor, “temos que apostar na peça única pois temos clientes exigentes”, contou. Hoje há falta de espaço nas casas por isso a tendência é para diminuir a dimensão das obras. Este autor está a experimentar reduzir a escala das suas obras, tornando as figuras um pouco menores.
Fernando Miguel e Milena, que já integraram o ciclo de mestres barristas que está a decorrer no Cencal, têm dado a conhecer o seu trabalho nas principais feiras de artesanato do país.
“As Caldas ainda é conhecida pela cerâmica. As pessoas lembram-se do mercado repleto de lugares de venda de louça e também das feiras da cerâmica que se realizavam no parque”, comentou este autor, que está a pensar em realizar workshops também na sua oficina no Formigal, nos arredores da cidade.
Os ceramistas Fernando e Milena garantem que vão continuar a promover a cerâmica artística caldense em especial “com o intuito de reavivar a tradição barrista na nossa cidade”, disse o primeiro. Este autor pertence à terceira geração de ceramistas: o seu avô foi o oleiro Artur Caldeira e o pai, o conhecido Alberto Miguel.
Fernando Miguel e Milena também costumam fazer o circuito nacional das feiras de artesanato onde apresentam os seus trabalhos. O próximo certame em que os autores caldenses vão participar será em Estremoz.
Recorde-se igualmente que o Museu de Arte Popular foi durante vários anos dirigido pela caldense Maria Helena Coimbra, já falecida há alguns anos, que anteriormente tinha sido conservadora no Museu Malhoa.






























