Ceramista trocou Caldas por Tomar

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Caldense é um dos autores participantes no projeto “Fábrica das Artes”, a convite do município de Tomar, cidade para a qual se mudou há 13 anos

O ceramista e oleiro João Pinto é um dos autores convidados pela Câmara de Tomar para fazer parte do projeto “Fábrica das Artes”, que se encontra instalado do edifício da Moagem A Portuguesa na cidade nabantina.
O autor viveu e trabalhou nas Caldas da Rainha durante vários anos, mas há 13 anos que decidiu trocar a cidade termal por Tomar e ali tem desenvolvido a atividade.
As peças de João Pinto dão, agora, vida a um conjunto arquitetónico de relevância edificado junto e sobre o rio Nabão, com a história deste equipamento industrial desde o séc. XII até ao séc. XX.
A antiga fábrica de moagem, que data de 1912, faz parte do núcleo do Complexo Cultural da Levada de Tomar. Os cinco pisos do edifício estão, agora, ocupados com o projeto “A Moagem – Fábrica das Artes”, que conta com a coordenação e programação da Câmara Municipal de Tomar.
A transformação da fábrica da Moagem em unidade museológica será uma realidade em breve, mas enquanto este processo não avança, os cinco pisos que constituem este espaço vão ser ocupados com aquele projeto artístico.
A inauguração do projeto “Fábrica das Artes” aconteceu em meados de junho, permitindo aos ceramistas e outros artistas passar a dispor de um espaço de afirmação das artes e ofícios tradicionais.
João Pinto decidiu deixar o Oeste em 2008 e ainda fez uma tentativa de regresso a casa uma década depois. Um esforço que se veio a revelar infrutífero.
“Nesse regresso, só estive seis meses nas Caldas, onde tentei fazer parte de um novo projeto de cerâmica, que acabou por não vingar”, explicou o autor, que reside na aldeia da Asseiceira, onde faz parte do rancho local, e também participa em feiras medievais em várias localidades.
O artista gosta, especialmente, de fazer peças “que têm um grau elevado de dificuldade”, nomeadamente bules em formato de caracol numa forma tradicional da olaria portuguesa: o moringue de Bisalhães.
“Trago o forno de raku e coloco as peças dentro do forno e ficam a cozer durante quatro horas”, explica o oleiro e ceramista, que, apesar de ter deixado as Caldas da Rainha, mantém forte ligação à cidade, onde tem a família mais chegada.
“Acabei por voltar a trabalhar em Tomar, após essa tentativa gorada de retorno, mas, ainda assim, mantenho ligação com as Caldas. Além disso, confesso que sinto uma saudade enorme do mar”, assume João Pinto à Gazeta das Caldas.
O caldense, que está a preparar um workshop de raku para o mês de setembro, pretende ainda levar a cabo um projeto de uma oficina-ambulante, com a qual pretende fazer chegar a arte da cerâmica e da olaria a mais interessados. A iniciativa foi desenhada em conjunto com a União de Freguesias de Caldas – Nossa Senhora do Pópulo, Coto e São Gregório e aguarda concretização.
Empenhado na transmissão de saberes e na partilha com outros criadores, João Pinto espera que a “Fábrica das Artes” possa representar “a oportunidade a outros autores” e ser “um local para albergar artesãos e apostar na formação dos mais novos”, apostando “na rotatividade para mais autores”. O sonho é que o projeto permita “albergar alguns artesãos e atrair a malta nova”. Para tal, oferece-se para dar formação. ■

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