Cerâmica de Leonel Cardoso em destaque no Museu de Cerâmica

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Notícias das CaldasEstá patente no Museu de Cerâmica uma exposição de obras do caldense Leonel Cardoso, nascido em 1898 e que apesar de ter trabalhado na Alfândega conseguia tempo para se dedicar a várias vertentes artísticas, entre elas a cerâmica.
Da exposição, que poderá ser apreciada até 12 de Maio, estão reunidas várias tipos de peças de cerâmica daquele autor e que foram reproduzidas pelas Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro, na Fábrica Belo, nas Caldas da Rainha e também noutras unidades como na Fábrica de Sacavém.
Entre as obras da exposição há várias figuras que “retratam trajes e profissões de todas as regiões portuguesas que o meu pai fez para a fábrica de Sacavém e que as pessoas gostavam de coleccionar”, disse Zita Sottomayor, filha de Leonel Cardoso enquanto fazia uma visita guiada pela mostra. Zita Sottomayor recordou ainda que o Museu de Cerâmica, sob a direcção de Nicole Balu Loureiro, já realizou uma grande exposição sobre a obra do seu pai, em finais dos anos oitenta.

Agora podem ser vistas obras da colecção do museu e também da família daquele multifacetado criador.
Entre as várias obras presentes há algumas onde Leonel Cardoso caracterizou personagens de outros artistas como, por exemplo, do Fado e dos Bêbados de José Malhoa, dando assim “vida cerâmica tridimensional” às figuras. Há ainda uma peça muito curiosa, dedicada aos adeptos do futebol, com uma águia em cima de um leão e  que pode ser colocada em posição inversa, consoante se seja adepto do Benfica ou do Sporting.
A vinda da Rainha Isabel II a Portugal fez com que Leonel Cardoso se inspirasse e produzisse uma peça onde John Bull (personagem que representa Inglaterra) surge de braço dado com o Zé Povinho. Figuras do cinema como Sophia Loren também foram homenageadas, assim como há peças inspiradas em temas tauromáquicos.
Leonel Cardoso escrevia prosa e poesia, dedicava-se às caricaturas, à medalhística, às artes plásticas e à cerâmica. Era formado em Económicas e trabalhou na alfandega do Porto e de Lisboa, tendo mantido desde sempre uma forte ligação com a sua terra natal.
Para a vereadora Maria da Conceição Pereira, este caldense “teve uma intervenção cívica notável e mesmo não sendo um artista de profissão, tinha uma grande  paixão pela sua terra e pela cerâmica”. Para aquela responsável, o autor tinha um espírito “alegre e folgazão, próprio de quem gostava de levar a vida de forma desafiante. Situava-se na linha de Bordalo Pinheiro pois olhava o mundo, criticando-o e sorrindo”, rematou.
Matilde Coto, directora do Museu de Cerâmica, esta exposição “é uma oportunidade para conhecer as peças deste autor que a colecção do museu possui”. A responsável ainda referiu que Leonel Cardoso participou no primeiro Salão dos Humoristas “mostrando peças sobre a tradição portuguesa, temática que na época foi muito produzida e divulgada”.
A directora salientou o facto de estar presente nesta mostra o presépio multirracial de Leonel Cardoso, uma obra única que data do início dos anos 70 e que foi adquirida há 40 anos para o Museu Malhoa.
Esta exposição poderá ser vista, no Museu de Cerâmica, até 12 de Maio.

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