Cerâmica das várias regiões marcou presença no coração da cidade de Leiria num evento que durou três dias
A tradição das grandes talhas, da produção do figurado de Barcelos ou dos Bonecos de Estremoz marcaram presença entre os dias 5 a 7 de setembro, no Jardim Luís de Camões, em Leiria.
Organizada pela Associação O Barro na Mão do Oleiro, da Bajouca, a 8.ª edição da Exposição Nacional de Olaria contou com presença de 32 ceramistas oriundos de 25 localidades e “temos pela primeira vez autores da Madeira e dos Açores”, contou Céu Pedrosa, uma das responsáveis da associação da Bajouca. Neste local há oito olarias, uma delas comunitária e onde já “temos dois oleiros novos que também já cá estão representados”.
A mostra abriu portas na passada sexta-feira e contou com as presenças do presidente da Câmara Gonçalo Lopes e da vereadora da Cultura Anabela Graça.
Segundo a autarca, a olaria é um dos recursos que Leiria quer promover pois faz parte do Plano Estratégico Cultural para o concelho.
A iniciativa que já vai na 8ª edição contou com o apoio da autarquia local e da AptCVC- Associação Portuguesa de Cidades e Vilas de Cerâmica e teve ainda a curadoria do colecionador Alexandre Correia. “Esta é a primeira edição em que a Associação da Bajouca também está na organização”, disse o curador que ainda explicou que esta iniciativa há duas edições que passou a ser bienal. Segundo o responsável este ano “contámos com uma imagem forte da iniciativa, além de se poder contar com um catálogo”.
A região Oeste esteve bem representada com Jorge Lindinho, Miguel Neto.
O primeiro participa nesta iniciativa desde o início. “Gosto de cá vir pois é dedicado à cerâmica e é sempre um momento importante de partilha”. Lindinho trouxe os seus peixes, andorinhas, mochos e sapos, sempre muito coloridos. Miguel Neto veio participar pela primeira e começou logo a vender as peças de olaria contemporânea, na durante a inauguração. “É similar à nossa Mestra e também há um bom ambiente”, disse o autor. João Pinto da Costa, também das Caldas, fez uma demonstração de cozedura em forno de papel e demonstração da técnica de raku.
Liliana Sousa e Stela Ivanova, ceramistas que trabalham em Alcobaça também elogiaram o evento não só pela organização como pelo público “ que é muito interessado”.
Stela Ivanova é arquiteta e trouxe as suas peças de cerâmica contemporânea, feitas em porcelana.
Contam alguns do Oeste e também da região da Bajouca, localidade que há possui destaque no panorama nacional da olaria.
Uma das novidades desta edição foi a presença de ceramistas das ilhas. Miguel Ramos veio do Funchal em 2002 e formou-se em cerâmica em Reguengos de Monsaraz e em 2008 veio para as Caldas para se formar no Cencal, durante dois anos.
O autor- que se dedica à cerâmica há 23 anos – voltou à madeira em 2014 e faz interessantes bonecas em cerâmica, muito coloridas, inspiradas naquelas que são feitas em maçapão. “O madeirense reconhece e valoriza este trabalho tradicional mas o nosso mercado é o turismo”, referiu o ceramista.
Por seu lado, Cátia Pires, que estudou Design de Produto – Cerâmica e Vidro na ESAD.CR esteve presente com os seus trabalhos. A autora combina barro com fibras naturais da região do Fundão. A autora que une a tradição com a linguagem de hoje, como está rodeada pelas serras da Estrela e da Gardunha também coloca “neve” em contraste com os tons do barro. A autora foi a responsável pela Casa do Barro e agora foi convidada para a Fab Lab Fundão onde se trabalham várias vertentes do artesanato.
O evento teve Oficinas de Olaria e animação musical. Abriu também a exposição e foi lançado o livro fotográfico de Nuno André Ferreira sobre “A Arte do Barro Bajouca”.
Nas Caldas, no passado fim de semana, houve mais uma edição do Bazar à Noite, na Praça, que deu destaque à cerâmica, tendo pois contado com a presença de vários ceramistas.


































