
A identidade de Óbidos está em destaque em quatro exposições que estão patentes, até 28 de Fevereiro, na galeria do Pelourinho, no centro da vila. Os bordados de Óbidos aparecem associados à joalharia e à cerâmica, numa mostra que é também uma homenagem ao ceramista José Correia, falecido há uma década. A exposição está integrada nas comemorações do feriado municipal.
Uma máquina que transforma o barro em finas tiras que depois são usadas para fazer as peças em verguinha está colocada junto à porta da galeria do Pelourinho. No andar de cima, vários trabalhos, muitos deles feitos propositadamente para a exposição como uma boleira ou cestos a imitar verga, mostram a obra acabada. São criações de Melânia Correia, viúva do ceramista José Correia, que aprendeu a fazer verguinha com a sua sogra, e que mais tarde trouxe para Óbidos.
Juntamente com o marido inaugurou em meados dos anos 70 a Olaria do Barro na Casa Malta (actual museu municipal) e ali deram, através do Instituto Português de Formação Profissional, formação às senhoras que actualmente continuam a trabalhar a verguinha. Melânia e José abrem, em finais da década de 70, a loja “Muralhas” e, poucos anos depois, uma segunda loja, denominada de “Espaço Oppidum”. Em conjunto com Albino Correia e António Júlio fundam, em 1996, a Associação dos Artesãos da Região Oeste.
Alguns dos trabalhos de José Correia encontram-se também em exposição, numa mostra denominada “Ecos de vida Melânia e a cerâmica – José Correia obra transversal com a cerâmica de Melânia”, prestando assim uma homenagem ao artista falecido há uma década.
No mesmo piso há ainda um terceiro núcleo que mostra a interacção da cerâmica com o bordado de Óbidos, que foi criado em meados do século XX por Maria Adelaide Ribeirete, inspirada nos tectos e azulejaria da Igreja de Santa Maria.
“Sinto-me feliz porque realizei o sonho de que o meu marido tanto falava: o de aliar o bordado à cerâmica”, disse Melânia Correia.
A ligação entre duas artes continua no piso superior, com o “casamento” feliz entre os bordados e a joalharia. Foram criados uma gargantilha, brincos e anéis, aliando a prata às linhas de tons de azul, verdes, amarelos, castanhos e rosa forte. O jovem joalheiro Rodolfo Santos, da Santos Pessoa Criadores, que produziu os objectos disse à Gazeta das Caldas que foi fácil fazer esta articulação pois os produtos “encaixam bastante bem”. Dado o bom resultado, o joalheiro avança que é possível que continuem a trabalhar esta temática.
A empresa já antes tinha criado algumas peças em prata inspiradas nos desenhos que existem no tecto da Igreja de Santa Maria.
No mesmo espaço é possível apreciar varias peças bordadas e de tapeçaria de Óbidos, assim como uma exposição dos alunos do serviço educativo do Museu Municipal, sob orientação da pintora Romarina Passos, que apresentam 12 trabalhos de pintura sobre recantos de Óbidos.
Patente estão também as imagens premiadas do concurso de fotografia lançado no Dia Internacional dos Museus.
Durante a inauguração, que decorreu na tarde de 15 de Janeiro, a vereadora da Cultura, Celeste Afonso, destacou o trabalho e criatividade das pessoas de Óbidos e como as artes juntas podem originar novos produtos. Já o presidente da Câmara, Humberto Marques, realçou o entrosamento entre várias gerações no trabalho de parceria efectuado.
“Estou convencido que poderemos ter estas peças à venda e que não vamos competir com nenhum outro produto”, disse o autarca, que deixou um desafio a que outros criadores possam repetir este exemplo.
A inauguração da exposição foi precedida com a actuação do grupo coral “Alegria da Nossa Terra”, na Praça de Santa Maria.































