Alunos de Artes Plásticas inauguraram uma mostra coletiva no Centro de Artes de gravura e serigrafia. Trabalhos experimentais que poderão ser apreciados até ao próximo mês de setembro
São alunos que estão a terminar a formação em Artes Plásticas na ESAD e vieram ao Atelier-Museu António Duarte, no Centro de Artes, mostrar que não têm medo de experimentar.
Trouxeram os melhores trabalhos que fizeram na disciplina de Gravura, sob coordenação de Célia Bragança, que tem a curadoria desta mostra.
“Procuro que cada estudante desenvolva a sua própria poética”, explicou a docente desta área, na inauguração de “Exposição Coletiva – Obra Gráfica – Gravura e Serigrafia”. Muitas vezes, a professora até pede que “destruam a técnica” de forma “a construir a sua própria linguagem e até o seu próprio tempo”, acrescentou.
“Estivemos dois anos sem expor, devido à pandemia e, por isso, estávamos com muita vontade de sair de oficina e de dar a conhecer o que temos feito”, confessou a curadora da exposição, enquanto explicava os trabalhos dos seus estudantes que escolheram trabalhar com linóleo, com chapa de zinco e recorrendo as mais variadas técnicas de impressão.
No total, a exposição acolhe as obras de 24 alunos, que agora terminam as suas licenciaturas. Estão presentes alguns trabalhos de alunos de Erasmus.
Uma aluna italiana, por exemplo, escolheu trabalhar sobre o percurso que faz entre a ESAD e a sua casa nas Caldas da Rainha. E foi com base nestes elementos que apostou num trabalho de sobreposição de linhas. Podem ser apreciadas propostas de serigrafias para biombos, entre outras obras que os estudantes realizaram em vários tipos de tecido e até em feltro. Outros escolheram efetuar as suas propostas recorrendo a colagens e serigrafando os trabalhos à posteriori.
Um aluno angolano trouxe figuras típicas daquele continente, e que lembram as figuras das obras do moçambicano Malangatana. Outro estudante fez uma gravura em linóleo que depois imprimiu sobre uma impressão digital de uma folha de jornal, tendo desta forma ilustrado com o seu trabalho uma notícia.
Há ainda um edredom com as respetivas almofadas feitas em papel de arroz onde uma das alunas apresenta o seu trabalho de impressão. Outra estudante imprimiu serigrafias e xilogravuras sobre tule, que também pode ser apreciado nesta mostra. “Tento que terminem a sua formação criando a sua linguagem e assinatura”, rematou Célia Bragança, dando a conhecer que a exposição vai contar com visitas guiadas não só para os novos alunos da ESAD como também para aqueles que estão no secundário.
“Já temos muitos alunos das Caldas, que começam por vir as estas atividades e que acabam por escolher a escola superior da sua cidade”, rematou a docente.
Parceria antiga e contínua
José Antunes, diretor do Centro Artes, relembra que é bem antiga a relação entre o Centro de Artes e a escola de artes que, aliás, começou nas suas instalações.
“Somos parceiros há muito tempo e já é uma tradição fazer esta exposição com os alunos finalistas”, disse o responsável, satisfeito com a qualidade dos trabalhos apresentados que deixa antever bons artistas num futuro próximo.
O Centro de Artes vai mantendo, assim, a tradição de dar aos finalistas “a possibilidade de poderem expor num ambiente de galeria, fora da escola”, disse o diretor.
“Muitas vezes, a gravura não tem tanto destaque como outras artes, mas é uma técnica antiga e extraordinária, muito complexa que oferece várias possibilidade técnicas e expressivas”, disse o historiador de arte, acrescentando que se deve valorizar e continuar a cultivar esta forma de expressão, ligada às técnicas de impressão.
Para José Antunes é importante manter a ideia de que para além de ser um museu, “também temos uma vertente formativa, ligada ao saber-fazer”. Como tal os ateliers-museus municipais são também locais “onde se recebe os trabalhos dos estudantes, que ainda estão a borbulhar, mesmo no final da licenciatura”, afirmou. Em breve vai realizar-se um workshop de cerâmica que será coordenado pelo escultor e docente da ESAD, Vitor Reis. Será uma ação sobre a cerâmica de A a Z onde os participantes vão recolher a matéria-prima na natureza até à execução das próprias peças e do próprio forno. ■































