Centro da Juventude recebe apresentação de livro de João Luís Silva

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O primeiro livro de João Luís Silva passa-se entre Luanda e Lisboa

“A paixão é um estado de sítio” é o título do primeiro livro de João Luís Silva, um luso-angolano que durante muito tempo esteve radicado nas Caldas da Rainha, que irá ser apresentado amanhã, 12 de Fevereiro, às 17h00, no Centro da Juventude.
Actualmente a trabalhar em Angola, onde nasceu há 50 anos, João Luís Silva veio a Portugal, onde vivem os seus três filhos, para lançar o livro que é “uma história de paixão e desejo que fará o leitor sentir o pulsar das suas veias”, uma frase escrita na capa.
O escritor fez questão de fazer o lançamento do livro nas Caldas por causa da ligação que mantém com esta cidade, para onde veio morar em 1975 durante a descolonização. É também nesta cidade que mantém grande parte dos seus amigos.
Mas o livro passa-se entre Luanda e Lisboa, numa história de amor, com muitos encontros e desencontros entre as duas personagens principais.
“Tudo aquilo que decidimos fazer de nós e dos outros torna-se um eterno dilema entre a vontade de mais e melhor e a frustração da derrota, sendo o amor aquilo que nos leva mais vezes a fazer promessas em vão, mas é inevitável que tal aconteça, dado que viver o amor é como viver em estado de sítio”, escreve o autor numa das primeiras páginas do livro.
Segundo referiu o escritor à Gazeta das Caldas, o estado de paixão “deixa as pessoas fora de si” e é isso que acontece com as suas personagens.

Dos textos de um blogue para um livro

Durante cerca de 10 anos João Luís Silva foi responsável por um programa de rádio na Rádio Litoral Oeste, dedicado à música alternativa. Primeiro com o nome “Dose Dupla” e depois “Dose Tripla” (porque passou de duas para três horas de emissão), este programa incentivou-o a escrever textos sobre as músicas que apresentava.
A sua paixão pela escrita fez com que criasse um blogue (bigjonas.blogspot.com/) onde publicou vários textos. Já em Angola, uma amiga de infância, Margarida Remédio, incentivou-o a escrever um livro. Numa conversa pelo Skype (programa de conversação pela Internet) a amiga propôs-lhe aproveitar o seu “jeito para a escrita” para fazer uma obra mais desenvolvida.
Embora estivesse renitente ao princípio, João Luís Silva acabou por escrever um manuscrito.
O escritor sempre se habitou a escrever textos avulso. “Escrevo por bocados e depois, não sei bem como, aquilo às vezes encaixa tudo”, explicou.
No entanto, admite que a experiência é “dolorosa e complicada”. Para o escritor, o mais complicado é conseguir fazer com que todos os factos “batam certo, de acordo com as datas e o tempo que vai passando ao longo da história”.
Com o manuscrito terminado, depois de pedir opinião à sua amiga, enviou-o pela Internet para a Chiado Editora que aceitou publicá-lo.
O livro acaba por unir duas paixões: a escrita e a música, porque contém inúmeras referências a canções que marcam a história de amor nele contada.
A primeira edição é de 550 exemplares, mas o autor acredita que possam surgir novas edições e que até possa vir a publicar o livro em Angola.

Não é uma árvore das patacas, mas Angola tem muitas oportunidades

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Chefe de armazém numa empresa portuguesa em Cabinda há dois anos e meio, João Luís Silva em 2008 decidiu vender os dois estabelecimentos comerciais que tinha no Cadaval (um Mini-Preço naquela localidade e um mini-mercado no Peral) para arriscar uma nova vida profissional no seu país de origem.
“Naquela altura as coisas em Portugal ainda não estavam assim tão más e acho que tomei a decisão de partir na altura certa”, comentou.
O facto de ter dupla-nacionalidade facilitou a sua ida para Angola, mas já antes tinha trabalhado seis anos em Moçambique.
João Luís Silva acha que o mais difícil em Angola é a falta de recursos humanos especializados. “O país tem muitas carências a esse nível”, considera.
É por isso que o governo angolano quer que os seus cidadãos que estão a formar-se no estrangeiro voltem rapidamente.
Quanto à ida dos portugueses para Angola, João Luís Silva salienta que é errada a ideia de que aquele país “é uma espécie de árvore das patacas”, mas acredita que existem muitas potencialidades para se desenvolver.
Por outro lado, não é fácil conseguir um visto para um português entrar em Angola. “Mas o contrário também acontece pois se um angolano quiser vir para Portugal são exigidas coisas mirabolantes”, referiu. Algo que não percebe porque é que acontece, tendo em conta a ligação existente entre estes dois países.

Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt

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